Um grupo de moradores do bairro Veneza IV, em Lucas do Rio Verde, estão pedindo socorro às autoridades municipais. Eles residem nas imediações de um clube de festas, onde ocorrem eventos e shows musicais e o excesso de barulho provocado pelos eventos no local, tem trazido transtorno e prejuízos, e por este motivo, já fizeram reclamações junto ao Poder Executivo, Ministério Público Estadual e polícias do município.
O problema é antigo. Alguns moradores já residem na região que até pouco tempo era anexada ao bairro Veneza, desde antes da instalação do clube de festas. Eles manifestaram descontentamento com o funcionamento do comércio, e junto ao MPE, conseguiram o compromisso do proprietário do local em fazer o isolamento acústico do prédio. “Quando o evento ocorre no espaço privado não chega a incomodar. O problema é quando ocorre na área externa (um enorme pátio localizado aos fundos, onde é instalado palco e equipamentos de sonorização). Quando isso acontece, fica impossível não se incomodar. As casas chegam a tremer”, reclama Thaís Esteves, uma das primeiras moradoras do local.
Vários boletins de ocorrência foram registrados na polícia, porém, os responsáveis pelo clube, seja o proprietário ou arrendatário, não mostram interesse em atender os clamores populares. Uma antiga arrendatária desistiu de continuar realizando eventos no local, pelo desgaste existente.
Preocupados com um evento agendado para o próximo fim de semana, os moradores decidiram procurar a imprensa e denunciar o descaso. No sábado, conforme anunciado pela casa de shows, acontecerá um encontro de motociclistas que será encerrado com um show de rock nacional com uma banda bastante conhecida, cujo som é classificado como ‘pesado’. “Não temos nada contra os eventos. O problema é o transtorno que isso provoca. Se você vir aqui no sábado vai ouvir e sentir na pele os excessos provocados pelas motos funcionando. E sem contar que o show está programado para começar às 23 horas. Um show de rock iniciando às 23 horas vai terminar em que horário? E como ficam as pessoas que residem nas proximidades desse clube? Tem crianças, idosos”, enumera Thais, citando que os imóveis acabam ficando desvalorizados por conta dos problemas causados com o excesso de barulho proveniente do clube de festas. “Quem vai querer ser vizinho de um clube que tira a tranquilidade e paz em um dia que você tem para recuperar as energias após uma semana de trabalho?”, indaga.
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Os boletins de ocorrência registrados anteriormente e que nominam pessoas que se sentiram prejudicadas, levam os responsáveis pelos eventos realizados a assinarem Termos Circunstanciados, pois são fatos tipificados como infração de menor potencial ofensivo. Os moradores esperam amparo e apoio das autoridades para que o caso seja classificado como poluição sonora ou crime ambiental, condição que pode resultar em prisão dos responsáveis e inclusive, multas.
Além disso, não é qualquer tipo de estabelecimento que pode sair propagando o uso de aparelhagem de som alto dessa maneira, antes é necessária uma licença para funcionamento dentro destas condições, que passa por uma comissão formada por profissionais como engenheiros e arquitetos.
Conforme a Organização Mundial de Saúde (OMS) um som deve ficar em até 50 decibéis (unidade de medida do som) para não causar danos ao ser humano, pois a partir desse nível, os maus efeitos começam, como: dificuldades intelectuais, falta de concentração e muita tensão. Acima dos 65 dB os indivíduos apresentam colesterol elevado, imunidade baixa e aumento dos índices de morfina, podendo torná-lo quimicamente dependente do cigarro, por exemplo, e de qualquer outro tipo de droga. Acima dos 70 dB as consequências são ainda piores, tendo incidências de zumbidos, tontura, e aumentando também as chances de infarto, além de começar a afetar as estruturas de audição, levando, progressivamente, à perdas auditivas e podendo chegar a surdez caso a pessoa fique sujeita diariamente, durante 8 horas seguidas, a sons com intensidade superior a 85 decibéis. O ruído de 140 dB pode destruir totalmente o tímpano.