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Regragui: ‘O duelo na semifinal não diminui o meu amor pela França’

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O comandante de Marrocos nasceu no país europeu e tem ligação próxima com o futebol local. Mas deixará tudo isso de lado nesta quarta-feira
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  • O técnico de Marrocos nasceu na França e jogou por cinco clubes diferentes no país

  • Ele diz que será um jogo “especial para as pessoas mais próximas e sua família”

  • Também fala ainda sobre a sua propriedade pelo ex-colega de Grenoble, Olivier Giroud

A presença inédita do Marrocos na semifinal da Copa do Mundo FIFA resultou em uma enxurrada de emoções. Walid Regragui, o homem que levou os representantes africanos ao confronto desta quarta-feira, diante da França, sabe isso melhor do que ninguém. Para começar, ninguém sentiu isso tanto quanto ele na própria pele.

É o que ilustra uma resposta do treinador após a vitória das quartas de final sobre Portugal. “Acho que foi a primeira vez que chorei por um jogo de futebol, não durou muito, mas a emoção foi tão forte que não consegui me controlar”, declarou.

Outra noite de fortes emoções aguarda o técnico de 47 anos no Estádio Al Bayt, nesta quarta-feira (14.12). Afinal de contas, a França é seu “segundo país”, como ele mesmo declarou. Ele é nascido em Corbeil-Essones, bairro da região sul de Paris, Iniciou uma carreira no Racing Paris e passou a maior parte de sua trajetória esportiva em solo francês, passando por Toulouse, Ajaccio, Dijon e Grenoble, onde cruzou com o ainda jovem Olivier Giroud.

Nesta entrevista, o técnico de 47 anos conversa sobre o sentimento de enfrentar a França, sua confiança por Giroud e o papel que as mães de seus jogadores tiveram na campanha marroquina na Copa do Mundo.

FIFA: Qual a sensação de enfrentar os atuais campeões mundiais?

Walid Regragui : É um grande desafio para nós. Já enfrentamos o atual vice-campeão (a Croácia) e os terceiros colocados (a Bélgica), então praticamente todas as melhores do mundo. Este agora talvez seja o nosso maior desafio. Nós os respeitamos e vamos dar o nosso melhor, assim como temos feito desde o início da competição, para criar uma surpresa porque, obviamente, se conseguirmos este feito, será uma surpresa.

Você cresceu na França e jogou por muito tempo no futebol francês. Quão especial é esta partida para você?

É mais especial por causa das pessoas que amo, minha família e meus pais. Tem sabor especial para mim também, já que sou francês também e cresci na França. Contudo, tentei escapar deste debate e pensar só no futebol. Sou o técnico do meu país para enfrentar o meu segundo país, digamos assim, e o objetivo é vencer a França. É um jogo de futebol e não passa disso, e isso de nenhuma forma tira meu amor pela França.

Você fez história com o Marrocos como jogador ao chegar à final da Copa Africana de Nações em 2004. Agora você está a um passo da final da Copa do Mundo. Qual a sensação?

É incrível, porque quando você joga futebol enquanto criança você ama este esporte. E todos nós somos ambiciosos em algum grau, você tem o desejo de entrar para a história e escrever um capítulo da história do futebol do seu país. Mas admito que é indescritível ter feito parte da última final (do Marrocos) na Copa Africana de Nações como jogador – isso foi há quase 20 anos atrás – e levar meu país às semifinais da Copa do Mundo, vivenciando essas emoções com este povo e com estes torcedores.

Pode falar do seu ex-companheiro no Grenoble, o Olivier Giroud?

O Olivier é um jogador resiliente. Foi complicado para ele já desde o começo, mesmo no Grenoble, mas ele nunca desistiu. Eu tenho acompanhado ele de longe e, nesse meio tempo, talvez tenha falado com ele uma vez pelo telefone para dar parabéns. O que ele realizou é incrível e ele merece. Considerando o curto período que jogamos juntos, posso dizer que ele é um cara ótimo, de valores. Quando você tem valores, além de um ótimo coração, como o Giroud, e quando você trabalha duro… fico muito feliz com o que ele tem realizado.

Você pode falar sobre a importância que a presença das famílias dos jogadores tem tido para vocês?

Eu acho que animou os jogadores. Veja, como somos no norte da África, somos muito próximos das nossas famílias, principalmente nossas mães. Isso é uma coisa que só nós entendemos. Ficar longe das nossas mães é sempre difícil. A relação amorosa que temos com elas é forte, então achei que seria muito importante em uma competição como a Copa do Mundo, que acontece a cada quatro anos, que elas também vivenciassem isso com os filhos.

Elas não estão o tempo todo com a gente no hotel, obviamente, mas sabemos que elas não estão longe. Mantemos contato e nos encontramos nos dias de jogo. Conforme acordamos, cada vez que eles ganham podem passar três ou quatro horas com as mães para poder comemorar com elas. Acho que isso dá energia para eles.

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Falando das comemorações, qual a sensação de ser jogado no ar pelos seus comandados ao final da partida?

Nós simplesmente ficamos felizes. Você entra em transe nestas horas. Compartilhamos coisas e ficamos felizes de estarmos juntos. O fato de eles terem me levantado não foi importante para mim. A coisa mais importante para mim foi ver que eles estavam felizes, que podiam ficar perto das famílias na arquibancada e que comemoramos juntos. Isso mostrou o espírito de equipe.

Por fim, você tem uma mensagem para os torcedores do Marrocos?

Sabemos que eles vão nos apoiar amanhã. Sejam aqueles que vieram a Doha, sejam aqueles que assistirão no Marrocos. Vamos dar o nosso melhor, como sempre. Vamos ter fé em obter um bom resultado, e eles também terão. Pelo que eles fizeram desde o início da competição, apoiando a equipe toda, agradeço demais. Ainda não acabou, se Deus quiser. O próximo passo será amanhã.

Fonte: Agência Esporte

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