Criticado por mortes de crianças em UPAs, prefeito manda imprensa a “PQP” em MT

Após dizer que “criança morre em todo lugar” o prefeito de Sinop (500 km de Cuiabá), Roberto Dorner (Republicanos) negou entrevista e destratou jornalistas que o aguardavam na manhã desta quarta-feira (22) na Assembleia Legislativa de Mato Grosso (ALMT). Dorner foi à sede do Legislativo estadual em busca de investimentos na área da Saúde, que ganhou o holofote após duas crianças morrerem em UPAs da cidade.

Irritado com os questionamentos feitos pela imprensa cuiabana pelos corredores da ALMT, o gestor disse que não iria se pronunciar. “Não quero falar com imprensa, parem com isso. Vão pra PQP”, disse aos jornalistas.

Nas últimas duas semanas, duas crianças, com 2 e 3 anos de idade, morreram em Unidades de Pronto Atendimento (UPA) da cidade. A fala foi considerada “fria e de coração de pedra”  pelo tio de Manuella Técchio, uma das vítimas, apresentador Wésllen Tecchio, da TV Vila Real, e foi dada a jornalistas na última segunda-feira (20), quando o prefeito foi questionado sobre os óbitos nas unidades.

“Prefeitura não sabe de nada. Única coisa que fizemos foi mandar apurar os fatos. Criança morre em todo lugar. Em Cuiabá, morreram cinco na Santa Casa e ninguém falou nada. Todo mundo ficou quieto. Agora, morreu uma criança em Sinop. Não somos alta complexidade, é só uma passagem, aí acontece isso e vêm falar de secretária”, disse, ao citar as mortes de cinco bebês no Hospital Estadual Santa Casa, que foram vítimas de uma superbactéria.

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O gestor vem sendo muito criticado pela população sinopense por não ter afastado a secretária municipal de Saúde, Daniela Galhardo. Como resposta, o apresentador disse que Dorner não tem sentimento.

“Não tem secretário de Saúde competente para ir lá acompanhar e fiscalizar os atendimentos da terceirizada. Como se contrata uma terceirizada de forma privada e particular sem saber o que está acontecendo dentro da UPA. O mesmo que você cidadão de bem contratar uma terceirizada e ela não prestar serviço descente na sua casa”, disparou o comunicador.

Nas redes sociais, a população de Sinop aponta que o prefeito faz ‘pouco caso’ das mortes pois ele “nunca vai precisar do hospital municipal, da UPA”, por ser milionário. Vale lembrar que em 2020, quando se candidatou ao cargo de prefeito, o pecuarista declarou cerca de R$ 16,7 milhões em bens entre imóveis, carros, aplicações e outros investimentos.

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O então candidato prometeu tratar a saúde sinopense como prioridade com um melhor atendimento, criação de novas unidades e consultas especializadas. “Viabilizar com eficiência a captação de recursos estaduais, federais e internacionais para fins de infraestrutura do município como construção de prédios públicos necessários, escolas, unidades de saúde, para laser, asfalto, dentre outras obras necessárias que a comunidade tanto espera”, dizia trecho do plano de governo, publicado no Divulgacand, plataforma do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

O CASO

A morte da pequena Manuelle Tecchio, trouxe à tona um possível escândalo envolvendo a Saúde sinopense. De acordo com o vereador Mario Sugizaki (Podemos), em sessão ordinária na última terça-feira (14), o ex-secretário de Saúde de Cuiabá, Célio Rodrigues seria o verdadeiro dono da empresa Vida e Sorriso Clínica Médica Odontológica, empresa responsável por fazer a gestão da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) onde a criança morreu no dia 8 de março.

Cerca de cinco dias depois, 13 de maço, outra menina, de dois anos, morreu em outra UPA. Ela aguardava por uma vaga na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) pediátrica em estado grave, mas depois de esperar por uma hora até encontrarem um leito disponível, acabou não resistindo. A causa da morte não foi divulgada.

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