POLÍCIA

organização proibiu cantor de funk de se apresentar em MT, revela PF

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Quatro casas noturnas localizadas em Cuiabá tiveram suas atividades suspensas durante a Operação Ragnatela, deflagrada pela Força Integrada de Combate ao Crime Organizado de Mato Grosso (Ficco-MT), nesta quarta-feira (3). As investigações apontaram que os estabelecimentos eram usados por lideranças de organização criminosa para lavagem de dinheiro do crime organizado.

Um dessas casas, a Dallasa, foi adquirida pelo valor de R$ 800 mil, pagos em espécie. A partir de então, o grupo passou a realizar shows de MCs nacionalmente conhecidos, custeados pela organização criminosa em conjunto com um grupo de promotores de eventos.

No pátio da Polícia Federal, os agentes apreenderam seis carros de luxos. Entre eles: Camaro, BMW, RAM, dois Jeeps Compass e uma SW4.

O empresário Willian Aparecido Costa, o “Gordão”, da antiga casa notura Dallas foi um dos presos, pois era o testa de ferro do esquema. Segundo o delegado da Polícia Federal Antonio Flavio Freire, os criminosos colocavam as casas noturnas em nome dele para que pudessem realizar seus shows e eventos, lavando assim o dinheiro da organização criminosa.

“Ele tinha plena consciência e inclusive era criminoso. No mínimo, quatro casas noturnas eram de responsabilidade deles. Essas casas tiveram suas atividades suspensas por ordem judicial. Hoje, elas não podem exercer qualquer atividade e estão interditadas por decisão judicial”, disse o delegado Flávio Rocha. Na operação, foram expedidas oito ordens de prisões preventivas, 36 buscas e apreensões, nove sequestros de bens imóveis e 13 de veículos e ainda duas ordens de afastamento de cargos públicos (policial penal e fiscal da Prefeitura de Cuiabá), quatro suspensões de atividades (casa de shows) e bloqueios de contas bancárias.

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As investigações também apontaram que um dos promotores, Rodrigo de Souza Leal, coordenador de Cerimonial da Câmara Municipal, trouxe um artista de fora. Durante o show a plateia estava fazendo sinais de uma organização criminosa rival.

O show em questão era do cantor de funk MC Daniel, que foi proibido de fazer novas apresentações em Cuiabá após ter seu nome ligado ao PCC.  “Um desses investigados, ligado a organizações, trouxe um artista do Estado de São Paulo. Durante o show do artista, percebeu-se que alguns indivíduos na plateia estavam fazendo sinais de apologia a uma organização criminosa. O artista proibiu esse tipo de conduta e, naquele momento, passou a ser hostilizado. Posteriormente, a organização criminosa puniu e proibiu o cantor de realizar shows na cidade”, completou o delegado.

Foi identificado também que os integrantes da organização repassaram ordens para que não fosse contratado artista de São Paulo, considerando ser o estado de outra organização, possivelmente rival que atua em Mato Grosso. Por conta dessa ordem, o MC Daniel foi hostilizado durante a realização de um show em Cuiabá, em dezembro de 2023, e teve que sair escoltado do local. O integrante da organização que promoveu o show foi punido pelo grupo com a proibição de realizar shows e frequentar casas noturnas em Cuiabá pelo período de dois anos.

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Durante as investigações, também foi identificado que os criminosos contavam com o apoio de agentes públicos responsáveis pela fiscalização e concessão de licenças para a realização dos shows sem a documentação necessária. As investigações apuraram ainda que o vereador Paulo Henrique de Figueiredo (PV) atuava em benefício do grupo na interlocução com os agentes públicos, recebendo, em contrapartida, benefícios financeiros.

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Os agentes da PF identificaram ainda um esquema para introduzir celulares dentro de unidades prisionais e transferências de lideranças da organização para presídios de menor rigor penitenciário, a fim de facilitar a comunicação com o grupo investigado, que se encontra em liberdade.

No último dia 1º de junho, foi identificado que dois alvos da investigação fugiram para o estado do Rio de Janeiro. Um deles é considerado o principal líder da organização criminosa investigada, atualmente em liberdade, e estava viajando com documentos falsos. Os criminosos foram abordados ainda dentro da aeronave, logo após o pouso no aeroporto carioca de Santos Dumont.

A Operação Ragnatela contou com apoio do Centro Integrado de Operações Aéreas de Segurança Pública (Ciopaer) e do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado, força-tarefa permanente constituída pelo Ministério Público Estadual, Polícia Civil, PM, Polícia Penal e Sistema Socioeducativo.

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Lucas do Rio Verde

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