TORTURA NO BOMBEIROS

Capitão cita mensagem no Whats e revela que soldado morto tinha arritmia

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D.Louco cita que Lucas teria doença pré-existente

Os advogados da defesa do capitão do Corpo de Bombeioros de Mato Grosso, Daniel Alves de Moura e Silva, conhecido como “D. Louco” e réu pela morte do aluno soldado Lucas Veloso Peres, de 27 anos, enviaram a resposta à acusação para a 11ª Vara Criminal Especializada em Justiça Militar de Cuiabá, solicitando a absolvição sumária do oficial. Alegaram que Lucas sofria de arritmia, o que poderia ter contribuído para o afogamento dele.

 

Segundo o documento, o capitão não estava ciente dessa condição durante os treinamentos, que ocorriam na Lagoa Trevisan, em Cuiabá. “A análise do fato de o AL SD Lucas Veloso, possuir arritmias quando submetido a atividades de desgaste físico, conforme consta no exame de teste ergométrico fornecido à CBMMT, na fase de apresentação de exames médicos no concurso. Além disso, a natureza das atividades durante a instrução de salvamento aquático poderia ter exacerbado qualquer pré-disposição a essas condições cardíacas, tornando crucial uma investigação completa e imparcial sobre o ambiente, supervisão médica durante o treinamento e as condições físicas e de saúde do aluno soldado. Portanto, do ponto de vista jurídico, é fundamental considerar todas evidências médicas disponíveis, incluindo os resultados do teste ergométrico, através do qual revela-se condição de saúde pré-existente que não foram apreciadas com a cautela necessária, mas que condizem com a possibilidade de elas terem sido o nexo causal do óbito com condição absolutamente independente da conduta praticada pelo réu”, traz trecho, do documento protocolado em 11 de julho.

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A defesa também revelou que um dos alunos que inicialmente afirmou em um grupo de WhatsApp que Lucas foi vítima de caldo –  ato de ter a cabeça afundada na água para testar resistência –  afirmou em seu depoimento que tentou editar a mensagem, mas o conteúdo já havia sido vazado para a mídia. No grupo, os jovens discutiram a morte de Veloso e classificaram o caso como “grave”.

 

Em um dos diálogos, um rapaz responde a uma outra pessoa que não houve esforço físico por parte de Lucas, mas sim outra situação. “Esforço físico meu pau. Foi caldo. Eu tava com ele”, compartilhou.

 

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No entanto, os advogados lembram que o aluno mudou a versão em seu depoimento. “Nesse primeiro ponto, Douto Juízo, nos perguntamos: como alguém pode declarar que uma pessoa fora afogada mediante caldo, se refutou suas declarações, afirmando que não viu os supostos caldos, desmentindo o conteúdo de sua mensagem, de forma irresponsável e que culminou num desencadeamento de notícias falaciosas?”, questionou a defesa.

 

“Ora, Excelência, a defesa do réu sempre compreendeu a necessidade de que os fatos fossem apurados mediante Inquérito Policial Militar e agora pelo crivo do Poder Judiciário; todavia, admitir que sejam os réus denunciados com base em uma mensagem já refutada por àquele que a produziu, não nos parece a expressão da justiça, sobretudo, quando existem diversas declarações nos autos de que os supostos “caldos” não ocorreram”, pontuou.

O CASO

No dia da morte de Lucas, que ocorreu  em 27 de fevereiro,  o capitão determinou que os alunos se organizassem em grupos de quatro militares para realizar uma corrida de cerca de um quilômetro e, em seguida, atravessar o lago a nado. Conforme a dinâmica proposta, a cada dois alunos, um deveria portar o flutuador do tipo Life Belt. Nessa divisão, a vítima ficou com a missão de levar o equipamento. Após percorrer aproximadamente 100m da travessia a nado, o aluno começou a ter dificuldades de flutuação e parou para se recompor, utilizando o Life Belt.

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Ignorando o estado de exaustão do soldado, o capitão ordenou que ele soltasse o flutuador e continuasse a nadar. A vítima tentou prosseguir com a atividade várias vezes, buscando o flutuador devido às dificuldades. O capitão insistiu para que o soldado soltasse o equipamento de segurança, fazendo ameaças, e posteriormente ordenou ao soldado Kayk Gomes dos Santos que retirasse o flutuador da vítima. O soldado retirou o life belt (flutuador salva-vidas) de Lucas e o submeteu a “vários e reiterados caldos”.

 

Desesperado e sofrendo intensamente, a vítima pediu socorro e para sair da água. O capitão, que estava em uma prancha, desceu do equipamento, ordenou que os alunos continuassem a travessia e disse que supervisionaria a vítima. Ele se posicionou à frente do aluno quando percebeu que ele submergiu. Ao retornar à superfície, Lucas Veloso Peres estava inconsciente. O aluno foi colocado na embarcação e imediatamente constatado que não havia pulsação, indicando que ele havia entrado em parada cardiorrespiratória. Lucas morreu no local.

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Lucas do Rio Verde

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