'ela era tudo pra mim'

Única sobrevivente da “Chacina de Sinop”, mãe de menina morta pelas costas pede que autor siga preso e pague pelo que fez

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Única sobrevivente da “Chacina de Sinop”, Raquel Gomes de Almeida prestou depoimento como testemunha de acusação no julgamento de Edgar Ricardo de Oliveira, autor do crime que chocou Mato Grosso e o país. Aos prantos, Raquel lembrou das últimas palavras de sua filha, Larissa Almeida Frazão, de 12 anos, que foi alvejada pelas costas por Edgar enquanto tentava se safar do atentado.

“A Larissa estava próxima do pai dela. Ela saiu correndo e eu disse ‘Larissa, não vai’. Ela respondeu: ‘eu não posso ficar aqui’. Logo em seguida, ele (Edgar) pediu pra gente ficar no chão e pensei que ia morrer, e ela ia ficar sozinha, porque tinha corrido”, lamentou Raquel ao lembrar da cena aterrorizante das últimas palavras de sua filha, antes que ela fosse covardemente executada.

“Hoje eu não tenho mais ninguém. Estou sozinha. Não tenho mais ninguém comigo […] Ela era muito carinhosa, estudiosa, era tudo pra mim. Tinha 12 anos […] Eu só quero que ele fique preso, que pague pelo que ele fez […] ela não vai mais voltar, mas, ele estando preso, é um alívio”, finalizou Raquel, em prantos.

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Raquel assistiu o marido, Getúlio Frazão e a filha, Larissa, serem brutalmente assassinados com tiros de arma de fogo. Apesar de ter sua bolsa roubada pelos criminosos, Edgar e Ezeguias (que foi morto pela polícia durante as buscas), Raquel sobreviveu, mas viu sua família ser executada. Ela foi a primeira a depor nesta terça-feira (15) no júri de Edgar Ricardo de Oliveira.

O réu participa do julgamento por meio de videoconferência. Ele está preso preventivamente na Penitenciária Central de Mato Grosso (PCE), em Cuiabá, e afirmou não ter interesse em participar de maneira presencial. Sua defesa, patrocinada pela Defensoria Pública Estadual, no entanto, estará no plenário do júri. O réu terá acesso à entrevista particular com seu defensor, antes e durante o julgamento.

O homem teria confessado ser o autor dos delitos. Além disso, toda a execução do delito foi registrada por câmeras de segurança do estabelecimento onde o fato aconteceu.

As vítimas da chacina foram Maciel Bruno de Andrade Costa, Orisberto Pereira Sousa, Elizeu Santos da Silva, Getúlio Rodrigues Frazão Júnior, Josue Ramos Tenorio, Adriano Balbinote e Larissa de Almeida Frazão (12 anos).

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De acordo com a denúncia, na manhã de 21 de fevereiro de 2023, Edgar Oliveira, acompanhado de Ezequias Ribeiro, apostou dinheiro em jogos de sinuca em um bar da cidade, perdendo cerca de R$ 4 mil para Getúlio Rodrigues Frazão Júnior.

No período da tarde, Edgar retornou ao estabelecimento acompanhado de Ezequias e “chamou a vítima Getúlio para novas partidas de sinuca, também com aposta em dinheiro, ocasião em que perdeu novamente e, de inopino, jogou o taco sobre a mesa, verbalizou com seu comparsa Ezequias que, de imediato, sacou uma arma de fogo e rendeu as vítimas, encurralando-as na parede do bar, enquanto Edgar se dirigiu à camionete e se apossou de uma espingarda”.

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Em seguida, Edgar seguiu em direção às vítimas e efetuou o primeiro disparo contra Maciel Bruno, tendo, na sequência, realizado o segundo tiro em desfavor de Orisberto, enquanto o comparsa Ezequias disparou contra Elizeu.

Ele ainda efetuou mais dois disparos, acertando Getúlio e Josue. Adriano e a adolescente Larissa tentaram correr, mas também foram atingidos. As vítimas Maciel Bruno e Getúlio foram alvejadas por Ezequias quando já estavam caídas no chão.

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Lucas do Rio Verde

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