AGRONEGÓCIO

Acricorte reúne mais de três mil pecuaristas com foco em integrar a cadeia produtiva da carne

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Produtores em Jaciara estimam perdas de produtividade entre 10% e 15% no milho, além de uma redução de até 70 arrobas de pluma por hectare no algodão nesta segunda safra. O clima, segundo eles, mais uma vez é o motivador, uma vez que em março houve excesso de chuvas e em abril a estiagem voltou a rondar as lavouras do estado.

Entre março e o início de abril algumas propriedades do município, localizado na região sudeste de Mato Grosso, chegaram a registrar entre 300 e 400 milímetros acumulados. Situação está que chegou a impedir a entrada das máquinas nas lavouras para o manejo das culturas, como foi o caso do produtor Rogério Berwanger.

Conforme Rogério, que nesta segunda safra semeou 1,3 mil hectares de milho, o cereal vinha se desenvolvendo bem até a primeira quinzena de março. Contudo, a “chuvarada agressiva”, somada aos dias nublados, o impediram de entrar na lavoura tanto via terrestre quanto área para realizar as aplicações.

“[Foi] onde começou a prejudicar o milho. Onde a doença começou a subir nos milharais e também os problemas com enfezamento. Já vínhamos no início com o percevejo barriga verde. Muito ataque com muita aplicação, e agora no final do ciclo com essa diplódia e enfezamento depois do milho pendoado. Uma coisa inacreditável. Surreal”, diz o produtor ao programa Patrulheiro Agro desta semana.

Rogério conta, à reportagem do Canal Rural Mato Grosso, que o milho na propriedade “está madurando antes da época” devido a conjunção de fatores climáticos e as doenças.

“Você vai agora na lavoura e está parecendo que foi passado dessecante, mas na realidade são as doenças consequentes do excesso de chuvas no final do ciclo. Isso aí vai afetar em menor produtividade. Eu acredito que em uns 10% a 15% a produção será menor que o ano passado. E, ainda tem o problema com o preço. Está cada dia mais em queda. Então, não tem margem, não tem lucro. Infelizmente, a próxima safra já está condenada. Aqui na fazenda mesmo vai ter uma redução de 20%, 25% no planejamento da área o ano que vem”.

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Foto: Pedro Silvestre/Canal Rural Mato Grosso

Menos milho e preços baixos

O diretor da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja-MT), Jorge Diego Giacomelli, comenta que os produtores de Jaciara, Rondonópolis, Itiquira e Alto Garças, mais ao sudeste do estado, acabam tendo dificuldades com o clima na segunda safra de milho, uma vez que “a chuva acaba cortando no final de abril, no máximo início de maio”.

“Quem planta um pouquinho mais tarde acaba sofrendo com isso. Esse ano teve muita chuva acumulada lá pelo dia 20 de abril, até 25 de abril, depois ela cortou de vez. Isso está afetando um pouco tanto o milho quanto as culturas de cobertura”.

Na região as estimativas, salienta Jorge Diego, apontam que o milho pode ficar abaixo de 100 sacas por hectare.

“No preço que está não vai pagar a conta. O produtor vai tomar um prejuízo grande nessas áreas. Se vier alguma chuva até o dia 20 de maio, ainda dá uma salvada em alguma coisa. Mas, o que nós estamos vendo do clima acho bem difícil”.

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Foto: Pedro Silvestre/Canal Rural Mato Grosso

Estiagem eleva preocupação no algodão

O algodão cultivado na segunda safra em Jaciara também sofre impactos com o clima adverso. Primeiro com excesso de chuvas, que acabou prejudicando o desenvolvimento das primeiras maçãs no baixeiro da plantação, e agora a estiagem, que castiga a lavoura aumentando a apreensão e a estimativa de mais perdas de produtividades na safra da cultura este ano.

Na Fazenda Santo Expedito, situada às margens da BR-163/364, em Jaciara, entre o final de março e o começo de abril foram registrados cerca de 400 milímetros acumulados de chuvas, segundo o técnico agrícola Eden dos Santos Marinho.

Na propriedade foram cultivados nesta temporada 2023/24 2,5 mil hectares de algodão e 1,5 mil hectares de milho segundo safra.

“Sai de um extremo para outro. De um extremo de chuva para uma falta de chuva em questão de 20 dias mais ou menos”, diz ao Canal Rural Mato Grosso.

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Eden comenta que por metro de algodão plantado ele deveria, ao se falar de padrão, estar com cerca de 90 maçãs.

“Hoje, ela está na faixa de 80, 83 maçãs por metro. Você olha a lavoura em si e ela está bem parelha, bem bonita. Mas, se você avaliar mesmo, tem uma perda significativa na parte de baixo da planta. Perda de 5% a 7% mais ou menos. A cultura do algodão não é uma cultura barata no final faz diferença essa perda que estamos tendo”.

Na propriedade do agricultor Murilo Degasperi Fritsch, também em Jaciara, a situação no algodão não é diferente. Lá foram cultivados um mil hectares com a fibra.

De acordo com ele, de março para a frente foi “muito excesso de chuva”, o que atrapalhou o desenvolvimento do algodão. Murilo conta que chegou a chover na fazenda três semanas seguidas, o levando a registrar um acumulado de 300 milímetros. “O algodão é uma cultura que não gosta de tempo nublado e de chuva. Então, comprometeu muito”.

Por ter sido um algodão plantado cedo, a expectativa do produtor era de um “potencial produtivo altíssimo”. Entretanto, ele observou que em algumas áreas registrou médias de 30 a 35 maçãs por metro.

“Podre por conta da chuvarada. E, nisso, estimando uma perda de 60 a 70 arrobas por hectare. E, agora o tempo secou e não tem mais previsão de chuva. Esse sol e esse calorão comprometeram ainda mais o algodão. Por conta dessa perda no baixeiro esperava produzir mais no ponteiro do algodão. Você pega esse ano, custo altíssimo de produção, semente cara, adubo caro, químico caro. Você tem que produzir cada vez mais. Aí acontece esse problema climático, fica complicado. Não sabemos como vai ficar a conta no final”.

+Confira todos os episódios da série Patrulheiro Agro


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