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Plantas de cobertura no manejo do Fósforo – MAIS SOJA

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As plantas de cobertura apresentam diferentes habilidades em aproveitar nutrientes do solo. No caso do Fósforo (P), elas utilizam diferentes mecanismos para acessar as formas de P do solo menos lábeis e favorecer a ciclagem do P no sistema.

O Fósforo é um macronutriente essencial para a soja, que apresenta uma complexa dinâmica, considerado imóvel no solo, fixado por seus argilominerais. Normalmente, apenas de 20% a 30% do Fósforo aplicado como fertilizante é aproveitado pelas culturas anuais em solos tropicais, sendo necessária a aplicação de quantidades que, em geral, superam em muito as extrações dessas culturas (Pereira, 2009).

Considerando a complexa dinâmica do fósforo no solo e sua baixa mobilidade, adotar estratégias que contribuam para o aumento da disponibilidade do fósforo para as plantas é fundamental para a manutenção da fertilidade do solo. Uma alternativa para isso, é utilizar plantas de cobertura, as quais através de diferentes mecanismos atuam na ciclagem e disponibilização do fósforo do solo.

Dentre os principais mecanismos utilizados para isso, Tiecher (2016) destaca o aumento na relação raiz/parte aérea, da superfície radicular ou da taxa de absorção por unidade de raiz, do aumento no número, forma e espessura dos pelos radiculares, da exsudação radicular de fosfatases ou de compostos orgânicos capazes de complexar metais associados aos fosfatos, pela associação micorrízica, na qual as hifas dos fungos ampliam a área radicular, ou com outros microrganismos capazes de favorecer a clivagem ou a quebra de compostos orgânicos com a consequente liberação do ânion fosfato.

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Da mesma forma, algumas espécies de plantas podem interferir de forma benéfica na população de microrganismos solubilizadores de P do solo, aumentando a disponibilidade do P do solo para as plantas. No entanto, essa capacidade em interagir com o P e aumentar sua disponibilidade no solo, seja pela ciclagem ou pela promoção de microrganismos solubilizadores de fosfato, varia de acordo com a espécie vegetal, condições ambientais e características do solo.



A ciclagem do P por meio do cultivo de espécies com alta capacidade em absorver a acumular o P é uma das principais estratégias para aumentar a disponibilidade desse nutriente no solo. De acordo com Tiecher (2016), nem todo Fósforo absorvido pelas plantas é utilizado no metabolismo delas. Parte de Fósforo é acumulado nos tecidos vegetais (vacúolo), na forma de Fósforo inorgânico (Pi).

Dependendo da espécie vegetal, esse acúmulo de P pode chegar a 16 kg ha-1(Tiecher, 2016). Após a absorção e o acumulo do P nas plantas de cobertura, esse nutriente passa a ficar disponível no sistema, nos resíduos vegetais, entretanto, na forma de Fósforo orgânico (Po), o que não é prontamente assimilável pelas plantas.

O Fósforo orgânico deve ser hidrolisado, pois as plantas absorvem o P exclusivamente na forma de ortofosfato livre na solução do solo. O Po também pode ser liberado durante a oxidação do carbono orgânico por organismos do solo (Tiecher, 2016).

No entanto, vale destacar que a liberação do Fósforo depende das mineralizações dos resíduos culturais, o que pode variar de acordo com a espécie vegetal. No geral, observa-se que espécies com menor relação C/N liberam Fósforo mais rapidamente no solo em comparação a espécies de maior relação C/N (figura 1), como gramíneas (Casali, 2012), no entanto, estudos demonstram que aproximadamente 33% das espécies de P dos tecidos são solúveis, sendo que esta fração não necessita da ação de microrganismos para ser decomposta e liberar os nutrientes para as plantas subsequentes (Tiecher, 2016).

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Figura 1. Liberação de P a partir de resíduos de plantas de cobertura de solo.
Fonte: Casali (2012)

Em suma, o cultivo de plantas de cobertura contribui para a ciclagem do Fósforo no solo, por meio a absorção do nutriente do solo e posterior liberação dele para a cultura sucessora, possibilitando não só a melhoria das condições nutricionais do solo, como também o aumento da eficiência do uso desse nutriente.

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Referências:

TIECHER, T. MANEJO E CONSERVAÇÃO DO SOLO E DA ÁGUA EM PEQUENAS PROPRIEDADES RURAIS NO SUL DO BRASIL: PRÁTICAS ALTERNATIVAS DE MANEJO VISANDO A CONSERVAÇÃO DO SOLO E DA ÁGUA. UFRGS, 2016. Disponível em: < https://www.researchgate.net/publication/334041300_Manejo_e_conservacao_do_solo_e_da_agua_em_pequenas_propriedades_rurais_no_sul_do_Brasil_Praticas_alternativas_de_manejo_visando_a_conservacao_do_solo_e_da_agua >, acesso em: 04/09/2024.

PEREIRA, H. S. FÓSFORO E POTÁSSIO EXIGEM MANEJOS DIFERENCIADOS. Visão Agrícola, n. 9, 2009. Disponível em: < https://www.esalq.usp.br/visaoagricola/sites/default/files/VA9-Fertilidade04.pdf >, acesso em: 04/09/2024.

CASALI, C. A. SISTEMAS DE CULTURAS SOB DIFERENTES MANEJOS POR LONGA DURAÇÃO ALTERAM AS FORMAS DE FÓSFORO DO SOLO? Universidade Federal de Santa Maria, Tese de Doutorado, 2012. Disponível em: < https://repositorio.ufsm.br/bitstream/handle/1/3340/CASALI%2c%20CARLOS%20ALBERTO.pdf?sequence=1&isAllowed=y >,acesso em: 04/09/2024.

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