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Relatório de maio do USDA projeta números da safra 24/25

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A cotação do trigo em Chicago, para o primeiro mês cotado (que agora passou a ser julho), apresentou altas importantes durante a semana. O fechamento desta quinta-feira (16) ficou em US$ 6,63/bushel, contra US$ 6,19 uma semana antes.

O relatório do USDA, do dia 10, trouxe as primeiras projeções de safra para o ano 2024/25. Os principais dados foram:

1) a produção dos EUA fica projetada em 50,6 milhões de toneladas, contra 49,3 milhões nesta última colheita;

2) mesmo assim, os estoques finais estadunidenses, do cereal, aumentariam para 20,8 milhões de toneladas, após a estimativa de 18,7 milhões no corrente ano comercial;

3) o preço médio aos produtores estadunidenses de trigo ficaria em US$ 6,00/bushel, contra a estimativa de US$ 7,10 para 2023/24;

4) a produção mundial de trigo somaria 798,2 milhões de toneladas, contra 787,7 milhões estimada para o corrente ano comercial;

5) já os estoques finais mundiais chegariam a 253,6 milhões de toneladas, contra 257,8
milhões em 2023/24;

6) a produção brasileira e argentina de trigo está projetada, respectivamente, em 9,5 e
17 milhões de toneladas para 2024/25;

7) e as exportações argentinas de trigo, no novo ano comercial, chegariam a 11,5
milhões de toneladas.

Dito isso, as recentes altas do trigo em Chicago se devem, em especial, a reviravolta no quadro da produção russa, onde fala-se, agora, em perdas na safra local de trigo em função das geadas. Lembrando que a Rússia é o principal exportador mundial do cereal. A consultoria russa IKAR reduziu a produção final local de 91 milhões para 86 milhões de toneladas, cortando as exportações de 50,5 milhões para 47 milhões de toneladas para este ano comercial.

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Enquanto isso, nos EUA, 50% das lavouras do trigo de inverno estavam entre boas a excelentes condições até o dia 12/05. Já o trigo de primavera informou que o plantio foi concluído em 61% da área, havendo 25% destas lavouras já germinadas.

E pelo lado das exportações, na semana encerrada em 09/05, os EUA embarcaram 366.339 toneladas de trigo, ficando o volume dentro do esperado pelo mercado. Com isso, o total já exportado no atual ano comercial perfaz 17,6 milhões de toneladas, ou seja, 6% a menos do que o realizado em igual momento do ano passado.

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E no Brasil, como era esperado, os preços do produto de qualidade superior seguem subindo. A média gaúcha fechou a semana em R$ 63,28/saco, enquanto no Paraná o produto atingiu, pela primeira vez depois de muito tempo, os R$ 70,00/saco.

Ajudou neste comportamento o fato de os analistas privados reverem as estimativas de produção nacional para a safra 2024/25. A mesma ficaria, agora em 8,59 milhões de toneladas, ou seja, longe das expectativas mais otimistas, que chegaram a indicar até 10 milhões de toneladas (cf. StoneX). Boa parte desta nova postura do mercado vem da situação do Rio Grande do Sul, tanto pelo lado das condições de plantio, quanto pelo lado da logística, cujas enchentes destruíram. Além disso, as dificuldades financeiras dos produtores, nos últimos cinco anos, vêm aumentando consideravelmente com as perdas climáticas no verão e no inverno. Sem falar no forterecuo de preço dos grãos nos últimos 18 meses.

Assim, a estimativa de importação, para o novo ano comercial brasileiro, passa para 6,25 milhões de toneladas de trigo.

De forma mais pontual, o mercado de trigo, no Brasil, e particularmente no Rio Grande do Sul, está praticamente parado. E para quem tem trigo superior, particularmente no Paraná, que não foi atingido pelas enchentes, o fato de poder haver maiores importações leva os produtores locais a “segurarem seu produto à espera de momentos mais atrativos para negociar”. É bom lembrar que a principal região produtora de trigo no RS não foi atingida pelas enchentes severas, porém, o sistema de transporte, moagem, e silos o foi. “Além das comunidades no entorno das fábricas, há funcionários das empresas que estão desabrigados em função das enchentes.”(cf. Safras & Mercado)

Diante disso, a tendência é de os preços do cereal continuarem subindo. Mesmo porque, até o produto importado no RS vem tendo enormes perdas devido às enchentes. Lembrando que a janela de plantio do trigo no RS começou em 1º de maio e as chuvas, até agora, atrasam totalmente o mesmo. E há, ainda, o problema da logística para que os insumos cheguem até as propriedades rurais.

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Assim, enquanto espera-se um aumento na produção mundial de trigo, mesmo com os problemas na Rússia, aqui no Brasil a produção tende a ser menor do que o esperado, exigindo atenção dos produtores e da cadeia produtiva do cereal. Especialmente no caso do Rio Grande do Sul a atenção deve ser redobrada e nas próximas semanas teremos um quadro mais claro da realidade local.

Segundo a Conab, em relação ao plantio nacional do trigo deste ano, tem-se o seguinte:
– Goiás está mais adiantado, com lavouras já em enchimento de grãos, embora esteja faltando chuvas. Neste Estado o plantio estaria em 80% da área no início da corrente semana, contra 90% no mesmo período do ano anterior;

– Minas Gerais acompanha Goiás, com lavouras já em floração, embora também esteja faltando chuvas. O plantio está estável, atingindo 95% da área, contra 97,4% registrados no ano anterior;

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– Paraná e Mato Grosso do Sul apresentam temperaturas acima da média igualmente, com problemas em algumas lavouras. No Paraná a área semeada chegava a 27% do esperado, contra 39% na safra anterior nesta época. Já no Mato Grosso do Sul, a área semeada atingia a 71%, contra 87% no ano anterior, nesta época.

– em termos nacionais, o plantio já atingiria 21% da área esperada, estando atrasado em 4,3% em relação ao mesmo período do ano passado;

– Santa Catarina e Rio Grande do Sul praticamente ainda não iniciaram o plantio, estando atrasados devido às intempéries;

– na Bahia ainda não houve plantio, contra 90% no ano passado nesta época, lembrando que área neste Estado é pequena;

– em São Paulo, plantio em 40% da área esperada, contra 65% no mesmo período do
ano anterior. (cf. Conab in: Agrolink)

Autor/Fonte: CEEMA UNIJUÍ – Prof. Dr. Argemiro Luís Brum (1)

(1) Professor Titular do PPGDR da UNIJUI, doutor em Economia Internacional pela EHESS de Paris-França, coordenador, pesquisador e analista de mercado da CEEMA (FIDENE/UNIJUI).


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