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Grupo xamânico é suspeito de aplicar veneno de sapo em participantes

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No canto direito, é possível ver Felipe Rocha, fundador do Instituto Xamanismo Sete Raios
Reprodução/Instagram – 22.05.2023
No canto direito, é possível ver Felipe Rocha, fundador do Instituto Xamanismo Sete Raios

Um grupo xamânico é apontado por ex-participantes de fazer o uso ilegal de veneno de sapo para aplicar em pessoas durante os rituais. Segundo denúncias, o grupo Xamanismo Sete Raios usava a substância alucinógena 5-MeO-DMT, retirada do sapo Bufo alvarius , para aplicar durante as sessões. No entanto, a Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas e Gestão de Ativos , do Ministério da Justiça , afirma que a prática é crime e proibida no país.

A Polícia Civil de São Paulo apura um possível crime de tráfico de drogas por parte do grupo. Segundo os agentes, o Departamento de Investigações sobre Narcóticos realiza diligências para esclarecer as denúncias.

No fim de abril a polícia chegou a abrir um inquérito para apurar a prática de curandeirismo, mas o processo foi arquivado por haver falta de provas.

No mesmo mês, a Polícia Civil de Goiás apreendeu a substância 5-MeO-DMT pela primeira vez no país. Segundo os agentes, o material estava enterrado no quintal de um suposto líder espiritual.

Nas redes sociais, a página “Instituto de Vivências Xamânicas Xamanismo Sete Raios” administrada pelo grupo possui mais de 200 mil seguidores.

“Eles manipulam pessoas, dão um tom de religiosidade nesses rituais e anunciam essas curas, inclusive através dessa substância proibida, que é o bufo”, afirma o advogado de uma das vítimas.

O que é o “bufo” utlizado nos rituais?

O veneno do sapo Bufo alvarius, conhecido popularmente como “bufo”, seca quando é extraído e, depois, é fumado durante rituais e cerimônias que afirmam ser religiosas dentro e fora do Brasil. Após isso, o veneno libera o psicodélico 5-MeO-DMT e outras substâncias.

Durante a inalação, o 5-MeO-DMT produz experiências psicodélicas nos usuários e que, na maioria dos casos, inclui alucinação. Estudos observacionais relataram sentimentos de um sentido de unidade e dissolução de limites e do ego após o uso da droga.

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Veja o que dizem os citados

“Através de suas advogadas, o Instituto de Vivências Xamânicas Xamanismo Sete Raios, vem esclarecer que:

O Instituto de Vivências Xamânicas Xamanismo Sete Raios, fundado em São Paulo, é uma associação religiosa, legalmente constituída e em respeito a Resolução n.5 de 2004, do Conselho Nacional de Políticas Sobre Drogas. Idealizado e fundado pelo Terapeuta Holístico Felipe Rocha (CRTH4074), o Instituto já realizou dezenas de encontros em contexto religioso e ritualístico, nos quais a cultura dos povos originários e as práticas tradicionais de autoconhecimento são enaltecidas dentro do ambiente urbano. A instituição jamais teve ou tem como objetivo incentivar ou promover o uso social ou terapêutico de substâncias ou, ainda, a substituição de práticas de saúde, tratando-se exclusividade de abordagem de caráter ritualística e religiosa, com finalidades espirituais.

A título de esclarecimento, no final do ano de 2019, o Instituto recebeu a visita de um líder espiritual mexicano que trouxe a substância 5-MeO-DMT, extraída do sapo Bufo Alvarius, utilizada tradicionalmente em rituais religioso naquele país e sendo uma substância também presente na Ayahuasca, cuja prática ritualística e religiosa é devidamente reconhecida pelo Estado brasileiro. O referido líder espiritual conduziu então dois rituais com a substância mencionada com a presença de membros do Instituto, sendo que à época dos eventos, os representantes do Instituto não tinham conhecimento da discussão acerca legalidade do Bufo Alvarius no Brasil. Após esses encontros e o aprofundamento do estudo sobre a substância, o Instituto não teve mais qualquer associação a rituais como esses.

É fundamental esclarecer que alguns membros do Instituto, de forma independente, deram continuidade aos estudos e rituais individuais com o Bufo Alvarius, cujos efeitos terapêuticos vêm sendo amplamente estudados pela comunidade científica, no Brasil e no mundo. Esses rituais não tinham vinculação com as atividades do Instituto Xamanismo Sete Raios, tampouco com suas práticas religiosas.

Na sua posição de estudioso das substâncias psicodélicas e do seu reconhecido potencial terapêutico, o dirigente do Instituto se utiliza do termo “Medicina” para se referir às substâncias naturais utilizadas em contexto ritualístico. Inclusive, o termo “medicinas da floresta” é o termo largamente utilizado pela comunidade indígena e seus estudiosos e por grupos religiosos ligados ao Xamanismo.

O Instituto está ciente das descabidas alegações feitas por um grupo específico de pessoas, que, vale mencionar, possuem todos vínculos amorosos e/ou familiares e que participaram ativamente e voluntariamente não só nos rituais mencionados, como em outros e nas próprias atividades do Instituto. Inclusive, as pessoas citadas já haviam participado de rituais com Ayahuasca anteriormente à relação com o Instituto, sendo descabidas as alegações de desconhecimento.

A pessoa de Gabriela Silva, que agora pretende se apresentar como vítima, era cliente do dirigente do Instituto, na sua condição de terapeuta integrativo devidamente credenciado e habilitado. Por esta razão, após a alegada experiência da denunciante como Bufo Alvarius, Felipe entrou pessoalmente em contato com ela para orientá-la, postura que foi validada e agradecida pela advogada. Vale ressaltar que qualquer argumentação de desconhecimento da Lei por parte dela deve ser rechaçada, uma vez que, como mencionado, é advogada, devidamente habilitada pela OAB/GO, com especialização na renomada Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, e diante de sua profissão e especialização, jamais poderia alegar desconhecimento da Lei. Seu companheiro, Rafael Verçosa, foi membro e facilitador de rituais, inclusive, sendo fato que conheceu Gabriela durante um dos rituais e foi a pessoa que a incentivou a participar da prática religiosa como Bufo Alvarius.

O Instituto afirma que as pessoas mencionadas deram início a uma lamentável perseguição religiosa contra as práticas de fé do Xamanismo Sete Raios, e que essa atitude criminosa será oportunamente denunciada à Justiça. Há provas de que tanto a Gabriela quanto seu companheiro, Rafael Verçosa, aderiram a um conservadorismo religioso feroz, que culminou com uma série de acusações inverídicas contra o Instituto e suas práticas religiosas. Além disso, há indícios também de uma tentativa de concorrência empresarial – que vale dizer, é inexistente, tendo em vista a diferença entre a natureza jurídica das organizações -, uma vez que o casal possui uma empresa – com fins lucrativos – que explora vivências na Amazônia, com povos originários, denominada “Retiros com Propósito”. Nesse sentido, eles também procuraram um dos membros do Instituto para levar o Bufo Alvarius para essas vivências, em Goiás, tudo conforme provas produzidas e que serão oportunamente apresentadas à Justiça.

O Xamanismo Sete Raios é uma fundação religiosa que reverencia e apoia diretamente a cultura originária e os povos da Amazônia, num trabalho de fortalecimento da sabedoria ancestral – há séculos perseguida e vilipendiada pelo conservadorismo religioso. A denunciante claramente está utilizando a estrutura judiciária e os veículos de mídia para empreender uma cruzada pessoal contra uma instituição religiosa, motivada por questões de ordem pessoal e por restrições de crença. No mais, toda e qualquer falsa acusação será tratada devidamente perante à Justiça.”

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Fonte: Nacional

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