Moradores de bairros da Zona Sul de Porto Alegre temem efeitos de nova elevação do Guaíba

Na tarde desta segunda-feira (13), nível voltou a ultrapassar a marca de 5 metros de altura. Previsões indicam que ele pode chegar a 5,4 metros até esta terça-feira.

Moradores de bairros da Zona Sul de Porto Alegre convivem com uma rotina de angústia em função da nova elevação no nível do Guaíba. No início da tarde desta segunda-feira (13), o rio atingiu 5,01 metros, segundo a Agência Nacional de Águas(ANA).

A marca não era vista desde às 11h15 da última quinta-feira (9), quando o nível foi de 5,02 metros no Cais Mauá, em Porto Alegre. No início da tarde desta segunda-feira, a marcação era de 4,94 metros, 30 centímetros a mais do que a medição registrada no domingo (12).

A subida do nível do Guaíba confirma um relatório do Instituto de Pesquisas Hidráulicas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Segundo a pesquisa, a previsão era de que o nível do Guaíba ultrapassasse novamente a marca de cinco metros entre esta segunda e a terça-feira (14), podendo chegar a 5,40 metros. O fenômeno é chamado de repique, quando há um recuo das águas e posteriormente um novo avanço.

A chuva que atinge a cidade e os ventos que sopram em direção à capital fazem com que o Guaíba avance novamente rumo às casas.

https://cbn.globo.com/video/nivel-do-guaiba-deve-voltar-a-subir-apos-novos-temporais-12592525.ghtml

Preocupação e angústia

A reportagem da CBN percorreu as ruas de três bairros que estão na orla do Guaíba, apesar de estarem distantes da região Central da cidade.

No bairro de Ipanema, além da invasão das ruas ligadas à orla, vias mais distantes também estão alagadas em função da água que sai dos esgotos.

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Em uma dessas ruas, a assistente agente comunitária de saúde Juliana Moreira caminhava entre as águas para chegar ao posto de saúde. Moradora do bairro há mais de 20 anos, ela diz que não tem dormido direito com medo do avanço do Guaíba:

“Tinha abaixado e hoje de manhã começou a subir de novo. Então, as pessoas ficaram tranquilas e, agora de manhã, já estão com aquela preocupação. Faz dias que a gente não dorme. Tá aquela tensão, muita tensão em função desse alagamento. E o vento está soprando bastante nessa direção, né?”, relata.

Em outro ponto, na orla, a costureira Ariane Soares observava com tensão o avanço das águas. Ela teme que o Guaíba invada o seu ateliê:

“É angustiante, né? É o que a gente consegue descrever no momento é a angústia que a gente vive. A gente viveu uma semana em que os dias foram passando muito rápido; e, ao mesmo tempo, parece que a gente já tá vivendo isso há muitos dias, né? Então, acredito que ninguém conseguiu voltar a uma normalidade. Muita gente não está conseguindo trabalhar. No meu caso, a gente também não consegue receber as alunas, não consegue abrir o ateliê de fato, por estar muito próximo da água também. E muitos dias sem luz, sem água. Agora, voltou ao normal, mas, se a água voltar a subir, nós vamos voltar a não ter luz, né?”, conta.

Novas inundações

Além do Guaíba, também há alertas de novas inundações nos vales do Caí e Taquari, conforme a Defesa Civil.

De acordo com o aviso, os rios Caí, Taquari e das Antas já estão em cota de inundação e terão elevação significativa nesta segunda-feira.

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As fortes chuvas que atingem o Rio Grande do Sul já causaram 147 mortes. Outras 127 pessoas estão desaparecidas.

Queda de temperatura

Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), há previsão de geada para terça-feira, em áreas do Rio Grande do Sul. A temperatura mínima pode chegar a 3ºC. Na tarde desta segunda, a temperatura em Porto Alegre estava em 17°C.