O plano para interceptar e, possivelmente, prender e matar o ministro Alexandre de Moraes foi abortado após os envolvidos tomarem ciência de que uma votação do Supremo Tribunal Federal (STF) teria sido adiada. O restante do grupo foi avisado após envio de print de reportagem do Metrópoles.
A informação consta em relatório da Polícia Federal (PF) que detalha as investigações da trama golpista e que embasaram decisão do ministro Alexandre de Moraes. Foram presos, nesta terça-feira (19/11), quatro militares e um policial federal.
A PF indica que o print teria sido encaminhado por telefone ligado ao major Rafael Martins de Oliveira, um dos presos nesta terça-feira (19). A decisão de abortar a missão também teria partido dele. Para a PF, ele exercia o papel de liderança do grupo, decidindo, inclusive, abortar a ação que estava sendo executada.
As investigações da corporação demonstram que, em 15 de dezembro de 2022, os investigados “estavam em campo, divididos em locais específicos para, possivelmente, executar ações com o objetivo de prender o ministro”.
“O contexto das mensagens trocadas indica que a ação desenvolvida tinha relação com a notícia do adiamento da votação que estava sendo realizada naquele dia no Supremo Tribunal Federal. No dia 15/12/2022, os ministros encerraram as atividades do plenário no início da noite. Ainda faltavam dois votos para encerrar o julgamento, que somente seria finalizado na segunda-feira, dia 19 de dezembro de 2022”, frisou a PF.
À época, o STF conduzia o julgamento sobre a suspensão do orçamento secreto. Ainda na noite de 15 de dezembro, quando os envolvidos na trama estavam a postos, um deles, identificado com o codinome “Alemanha”, envia em um grupo reportagem do Metrópoles com o seguinte título: “Com placar apertado, STF adia votação de orçamento secreto para 2ª“.
A matéria em questão afirmava que, após nove dos 11 ministros votarem, a presidente do STF, ministra Rosa Weber, atendeu pedido de Ricardo Lewandowski e suspendeu o julgamento. A análise da matéria seria retomada na semana seguinte, em 19 de dezembro, e faltavam os votos de Lewandowski e Gilmar Mendes.
“As trocas de mensagens indicam que os interlocutores estavam em locais distintos, conforme um planejamento organizado anteriormente”, indicou a PF.
Operação
A Operação Contragolpe, deflagrada pela Polícia Federal nesta terça-feira, foi autorizada pelo ministro do STF Alexandre de Moraes. A ação visa desarticular organização criminosa que teria planejado golpe de Estado em 2022 para impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e atacar o STF.
Segundo a PF, havia um planejamento operacional, denominado “Punhal Verde e Amarelo”, para matar Lula, Alckmin e Moraes.