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Incra cria assentamento em antiga usina, palco de violência durante a ditadura

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O Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) anunciou a criação do Projeto de Assentamento Cícero Guedes, localizado em Campos Goytacazes, no Rio de Janeiro, por meio de uma portaria publicada no Diário Oficial da União de quarta-feira (23).

 

Uma área que abrange 1.319.8148 hectares, foi desapropriada em 2021 pela Justiça Federal e destinada a abrigar famílias vinculadas ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).

 

 Estas famílias têm lutado por essa terra desde 1998, quando um decreto presidencial declarou as terras como improdutivas devido à falta de cumprimento de sua função social.

 

Antes de se tornar o palco da luta dos trabalhadores rurais, a área já tinha uma história marcante. Era o local de uma usina de açúcar operada por Heli Ribeiro Gomes, ex-vice-governador do estado, na década de 1960.

 

A Usina de Cambahyba foi dividida com a União em milhões de reais, devido a pendências trabalhistas e previdenciárias, além de enfrentar acusações de trabalho análogo à escravidão e exploração de mão de obra infantil.

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O relatório final da Comissão Nacional da Verdade (CNV) confirmou que uma área foi utilizada para incinerar os corpos de 12 presos políticos que foram retirados da Casa da Morte, um centro clandestino de tortura em Petrópolis (RJ), e do DOI-Codi, na capital.

 

Em 2021, quando o MST ocupou as terras pela última vez, deram o nome de Cícero Guedes ao assentamento em homenagem a Cícero Dias, líder do MST em Campos dos Goytacazes, que foi assassinado em 26 de janeiro de 2013. Ele recebeu mais de dez tiros nas costas e na cabeça próximo ao Assentamento Oziel Alvez, uma das áreas ocupadas pelo movimento para avançar pela destinação do Complexo Cambahyba para fins de reforma agrária.

 

Cícero Dias, originário de Alagoas, teve uma infância marcada por condições precárias, fome e trabalho infantil. Mudou-se para Campos dos Goytacazes em busca de uma vida melhor, onde trabalhou nos canaviais e posteriormente nas obras da Universidade Estadual do Norte Fluminense (UENF) como operário da construção civil.

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Mesmo após conquistar sua própria terra como parte do primeiro assentamento na região, Cícero continuou a fortalecer o movimento pela reforma agrária e apoiou todas as áreas de luta pela terra na região.

 

Ele se destacou na produção agroecológica e no uso de técnicas sustentáveis ​​de cultivo sem o uso de agrotóxicos, além de ter sido um dos idealizadores das feiras de reforma agrária promovidas pelo MST.

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