ECONOMIA

Campos Neto diz que não estuda mudar meta de inflação, desejo de Lula

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Campos Neto no Roda Viva
Reproução TV Cultura
Campos Neto no Roda Viva

Em entrevista ao programa Roda Viva , na TV Cultura, na noite desta segunda-feira (13), o presidente do Banco Central (BC) , Roberto Campos Neto , negou que o BC esteja estudando alguma mudança na meta de inflação. 

A ideia é bem vista pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e integrantes da equipe econômica, que estão insatisfeitos com a taxa básica de juros no patamar de 13,75% ao ano. 

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“Se mudar a meta, vai ter o efeito contrário. O mercado vai pedir um prêmio de risco maior ainda. O que vai acontecer é o efeito contrário. Em vez de ganhar flexibilidade, vai acabar perdendo flexibilidade. Não existe ganho de credibilidade aumentando a meta”, opinou.

Sobre as críticas do governo, ele disse que “ninguém gosta de juros elevados, nem o Banco Central”.

Os juros são o principal instrumento do BC para controlar a inflação, mas a alta da Selic dificulta o consumo, investimentos e o crescimento da economia. Campos Neto indicou que, mesmo na mira do governo, pretende cumprir seu mandato até o fim de 2024.

“O Banco Central quer fazer o melhor possível, ter os juros o mais baixo possível e ter o crescimento mais sustentável possível, mas a gente entende que é muito importante preservar esse ganho da inflação sob controle” disse.

Campos Neto, no entanto, se mostrou favorável ao diálogo com o presidente Lula. Ele disse que as eleições de outubro foram legítimas e que gostaria de conversar mais com o chefe do Executivo sobre a política monetária no país.

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“Estou disponível sempre para conversar, não só com o presidente, mas com todos os ministros. Quero explicar a agenda do Banco Central e quero trabalhar em harmonia. O ambiente colaborativo é o melhor ambiente para a sociedade, não só para o Banco Central”, afirmou Campos Neto.

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Metas de inflação

Entre outras funções, cabe ao Banco Central, por meio do Comitê de Política Monetária (Copom), definir a taxa Selic, a taxa básica de juros da economia, que é o principal instrumento do BC para combater a inflação. 

Nesses dois anos, o BC elevou a Selic em 11,75 pontos percentuais, e, mesmo assim, descumpriu a meta de inflação proposta pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) para 2021 e 2022. Por si só, este motivo já dá ao presidente da República o poder de exonerar o presidente do Banco Central.

Em 2021, a meta era de 3,75%, e seria considerada cumprida se a inflação fosse de até 5,25%. Mas ela foi de 10,06%. Em carta, Campos Neto disse que a inflação de dois dígitos era culpa de um fenômeno global, e citou também o risco fiscal e a crise hídrica. Em 2022, a meta voltou a estourar. Ela era de 3,5%, podendo chegar a 5%. Mas a inflação chegou a 5,79%. Segundo Campos Neto, a culpa foi da inércia da inflação do ano anterior e da alta nos preços de commodities, em especial do petróleo.

As metas de inflação fazem parte do “tripé macroeconômico”, adotado pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e considerado chave para o bom andamento da economia nacional. Além das metas para inflação, o tripé precisa de câmbio flutuante e superávit primário para funcionar. 

Para 2023, a meta de inflação é 3,25%, podendo variar 1,5 ponto percentual, ou seja, entre 1,75% e 4,75%. A projeção do IPCA deste ano pelo FMI, no entanto, é de 6,4% para economias emergentes, levantando a possibilidade de novo descumprimento.

Segundo a economista Cristina Helena Pinto de Mello, o problema não é o regime de metas em si, e sim o prazo para atingi-las. 

“Esse prazo de um ano, aliado a uma meta muito restritiva, faz a Selic disparar. Se o tempo fosse maior e você observasse que a inflação está convergindo para a meta, talvez não fosse necessário subir os juros. É como estar numa estrada e ter que dar uma freada brusca, em vez de freadas leves ao longo do caminho”, explica. 

Para Valter Palmieri Jr., professor de economia monetária, a taxa estipulada pelo BC é “irrealista”, mas uma alteração no plano de metas seria “custosa politicamente”. 

O secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Guilherme Mello disse que não está em discussão na pasta para mudar o regime de metas de inflação. Ele ponderou que esse debate acontece mundo afora, mas afirmou que surgiu de forma prematura no país.

Procurado, o Banco Central disse que não comentaria os assuntos ou avaliaria o seu desempenho como instituição autônoma.

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Fonte: IG ECONOMIA

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