ECONOMIA

Dólar cai 11,97% em 6 meses de governo Lula; o que explica?

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Lula durante encontro com líderes sul-americanos
Ricardo Stuckert/PR
Lula durante encontro com líderes sul-americanos

Quando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) assumiu a presidência, encontrou o dólar a R$ 5,48. Nesta sexta-feira (30) a moeda americana caiu mais 1,19% e fechou o dia vendida a R$ 4,82, quase 12%% (11,97%) a menos do que no início do mandato.

Apesar da queda no semestre, prever a taxa de câmbio não tem sido fácil para analistas do mercado financeiro. Entre os fatores que tem tornado a tarefa mais complicada estão as taxas de juros, tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos, a incerteza quanto ao futuro da política fiscal e o comportamento da inflação.

Nestes seis meses, o Banco Central do Brasil optou por duas vezes seguidas pela manutenção da taxa Selic em 13,75% ao ano, mesmo sofrendo pressão pela redução e o Fed (Federal Reserve, Banco Central americano) elevou a sua taxa para o intervalo de 5% a 5,25% ao ano.

Segundo Anderson Domingos, professor e consultor Favos Invest, no cenário internacional, a pressão dos países dos Brics para usar outra moeda nas transações internacionais também já influencia na taxa de câmbio.

Já o novo arcabouço fiscal avançou da Câmara ao Senado, mas agora voltou à Casa Baixa, onde enfrenta um impasse quanto à inclusão, ou não, doFundeb (Fundo de Manutenção da Educação Básica), do FCDF (Fundo Constitucional do Distrito Federal) e das despesas com ciência e tecnologia no novo regime.

“Sinaliza tanto para o mercado nacional quanto internacional que o Brasil tem compromisso com os gastos e isso é bom para valorização do real”, comenta Anderson Domingos.

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Em paralelo, a inflação vem demonstrando sinal de melhora e acumula 3,94% em 12 meses. O IPCA-15, prévia da inflação de junho, apontou alta de apenas 0,04%, 0,47 ponto percentual abaixo da taxa de maio (0,51%).

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O Banco Central, no entanto, prevê que a inflação volte a subir no segundo semestre, com isso, espera que 2023 feche com IPCA em 5%.

Para o economista da Favos Invest, outro fator para ficar atento é a política de swap cambial do Banco Central, ou seja, a troca de reservas em dólar por reservas em reais, reduzindo artificialmente o preço da moeda americana.

Ele alerta também que essa queda observada nos últimos meses também eve-se a uma correção de um patamar muito elevado no longo prazo, o que não significa que a moeda se manterá descontada. Nos cálculos do economista, quando a moeda bater R$ 4,60 deve ser seguida de uma forte alta.

Bolsa de Valores

Nas últimas semanas de junho, o Ibovespa, principal índice acionário do país, tem demonstrado positividade, registrando alta em grande parte dos pregões; na segunda-feira (19), o índice marcou 119.857 pontos, patamar jamais imaginado no início do ano.

O dólar seguiu esse momento positivo e baixou a marca dos R$5,00, tendo registrado R$4,77 na segunda-feira (19), com bancos e corretoras prevendo novas quedas até o mês de dezembro.

“A bolsa de valores, a taxa de câmbio e as taxas de juros futuras reagiram positivamente às boas notícias econômicas. O mercado já espera um início de corte na taxa Selic a partir de agosto ou setembro, e os múltiplos da bolsa estão bastante descontados”, diz Pedro Marins, sócio fundador da Somus Capital.

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O especialista avalia ainda que caso os dados da economia brasileira continuem apresentando melhoras e as reformas avancem, especialmente a tributária e o novo arcabouço, é muito provável um aumento significativo no fluxo de investimentos estrangeiros em direção ao Brasil, elevando assim a bolsa de valores local e reduzindo a taxa de câmbio.

A recente elevação da perspectiva de investimento no Brasil, feita pela S&P Global Ratings, empresa especializada em análises de mercado, representa um sinal muito positivo, porém, segundo Marins, ainda é necessário superar alguns obstáculos.

“Ainda temos um longo caminho a percorrer até recuperarmos o Grau de Investimento, o que fornecerá ao Brasil uma chancela importante e dará maior segurança aos investidores estrangeiros para direcionar ainda mais seus investimentos para o país”, analisa.

É importante destacar que, ao contrário de outros mercados emergentes, o Brasil não se encontra em uma região de conflitos, além de ser uma democracia em processo de amadurecimento, com instituições sólidas.

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Os investidores estrangeiros têm grande interesse em investir no Brasil, portanto, com a melhora do cenário interno, como o desenrolar de reformas e marcos fiscais, o fluxo de capital estrangeiro deve se manter, elevando as perspectivas de avanço financeiro.

Fonte: Economia

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