O mercado financeiro , mais uma vez, acordou de mau humor, repercutindo falas do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e a proposta de excluir R$ 175 bilhões do teto de gastos para bancar o Bolsa Família . Nesta quinta-feira (17), o dólar dispara e chegou a ultrapassar os R$ 5,50, e o Ibovespa abriu em queda.
Às 10h20, a moeda norte-americana subia 1,78%, a R$ 5,47. Mais cedo, a alta era ainda maior, com a máxima batendo em R$ 5,53.
Nesta quarta, o vice-presidente eleito Geraldo Alckmin entregou a chamada PEC da Transição ao Congresso, que cita a estimativa de furar o teto em R$ 175 bilhões por ano – a princípio, durante 4 anos – com o Bolsa Família . O mercado, mais uma vez, não reagiu bem.
O governo eleito, porém, mantém-se firme na premissa de que, diante da atual crise econômica e social enfrentada pelo país, é preciso garantir a proteção dos mais vulneráveis e, com o teto de gastos, isso é praticamente impossível. Na prática, a disputa principal diz respeito à manutenção do valor do Auxílio Brasil, que voltará a se chamar Bolsa Família em 2023. Lula espera poder honrar sua promessa de campanha e manter os R$ 600 mensais, com o acréscimo dos bônus para famílias com filhos pequenos. O mercado, por sua vez, põe o teto de gastos acima disso.
No Congresso, o tema gera discordâncias, mas a tendência é que o governo eleito consiga aprovar a PEC da Transição, prioridade total do momento. Em encontro no Egito, onde participam da COP27, a conferência do clima das Nações Unidas, Lula e o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG) conversaram e chegaram a um acordo para manter o Bolsa Família fora do teto de gastos por quatro anos. Segundo Pacheco, a medida teria o apoio dos senadores.
“O dólar não aumenta e a bolsa não cai por conta das pessoas sérias, mas por conta dos especuladores que vivem especulando todo santo dia”, afirmou Lula. O presidente eleito tem seguido firme na ideia de preservar a proteção social garantida pelo Bolsa Família, minimizando a reação negativa do mercado, lembrando que, durante situações similares no governo de Jair Bolsonaro (PL), que também furou o teto, a reação foi completamente diferente.