Produtores de soja atrasam compra de insumos e podem sofrer com gargalo logístico

Com o preço dos insumos ainda elevado, os produtores rurais de Mato Grosso estão adiando as aquisições para a safra de soja da temporada 2024/25, cujo plantio começa em cerca de três meses. Segundo relatório do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), o ritmo de aquisições é o mais lento dos últimos oito anos, o que levanta preocupações sobre a logística para entrega dos insumos.

Conforme o Imea, os custos para o plantio de soja seguem em patamar elevado e os preços atuais da oleaginosa são pouco atrativos para os produtores mato-grossenses, com a saca de 60 quilos sendo comercializada na faixa de R$ 118,41 em Mato Grosso.

“[…] é importante destacar que falta menos de três meses para o início dos trabalhos a campo e, o ritmo das aquisições dos insumos para temporada é a menor dos últimos oito anos, o que gera uma preocupação quanto a logística das entregas desses produtos nos próximos meses”, diz o relatório.

O alto preço dos insumos também foi destacado pela Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja-MT). Segundo a entidade, os preços atuais de fertilizantes estão 53% acima dos níveis pré-pandemia, o que reduziu as importações desses produtos no primeiro trimestre de 2024.

Entre os produtos, o MAP (fosfato monoamônico) é o fertilizante que acumula maior alta na comparação entre os meses de março de 2020 e de 2024. Ele era comercializado por R$ 2.023 a tonelada em 2020 e atingiu R$ 3.855 em 2024, um aumento de 91%. Em seguida está o NPK, com preço 61% maior no período analisado; o SSP (47%); ureia (44%) e o KCL (22%).

Apesar dos custos permanecerem elevados, eles já estiveram piores. Os preços atuais são 51% mais baratos que na comparação com 2022, quando os insumos alcançaram seu pico. À época, o MAP chegou a custar R$ 7.161.

Atualmente, o Brasil importa cerca de 80% do fertilizante que consome. A pequena produção nacional é um dos fatores que contribui para o elevado custo de produção. Além disso, a alta do dólar frente ao real e o patamar elevado das taxas de juros jogam contra os produtores nessa equação.