Nas filas em agências da Caixa Econômica, a preocupação era a mesma: como sobreviver sem o dinheiro pago pelo programa emergencial? Veja os relatos:
Salvador
Jaqueline Santana, que mora na capital baiana, está desempregada e mora com a mãe e o padrasto. Pelos critérios atuais, diz que não se enquadra no perfil atendido pelo Auxílio Brasil:
“A minha sorte é que eu moro com minha mãe e com meu padrasto, e minha mãe me ajuda no que falta, mas eu estou procurando trabalho. Eu não fiz o recadastramento do CadÚnico, porque a renda que eles [governo federal] pedem é muito mínima, e eu não me enquadro na renda. Então, nessa situação, eu fico sem receber o auxílio e procurando o emprego ao mesmo tempo”, relatou ela.
“E a dificuldade batendo na porta, porque a gente precisa de alimentação. Não é para comprar roupa e perfume, é para comer. É muita dificuldade”.
Ana Eliza Moutinho, que também está desempregada e tem sobrevivido com trabalhos informais também destacou a preocupação.
“Eu estou sobrevivendo com bicos, porque meu marido também está desempregado. A gente junta dinheiro, vende água, bala, salgados quando dá. Só o nosso aluguel é R$ 250. Em um mês a gente consegue uns R$ 300 e vive como dá. Sem o auxílio, a gente fica meio perdido, não é?”
Ela diz que queria que tivesse mais parcelas do Auxílio Emergencial. “Eu procurei a fila lá do cadastro [CadÚnico], mas não adiantou nada porque não encaixo no dinheiro [faixa de renda] que o governo pede para esse benefício novo”, lamentou.
A situação de “não encaixe” nos parâmetros exigidos do Auxílio Brasil se repetiu em vários beneficiários do Auxílio Emergencial, encontrados pelo g1 Bahia nesta quarta-feira. Outro foi o catador Juarez, que preferiu não informar o sobrenome.
“Moro com minha esposa, minha filha e meu enteado. Minha esposa é dona de casa, e minha filha trabalha como [atendente de] telemarketing. O salário dela é o que ajuda a complementar com o dinheiro que eu ganho de reciclagem para o nosso sustento”, ponderou ele.
“Não é só porque eu não ganho R$ 100 que eu não passo dificuldade. Eu acho errado esse valor tão baixo”, argumentou.
Recife
Não é só em Salvador que a incerteza sobre os auxílios foram registradas. Em Recife, Creusa Santana, que está desempregada há quatro anos, também foi receber a última parcela no benefício emergencial, com a esperança de receber o Auxílio Brasil.
“Tem muita mãe de família que não tem nem nada para dar aos filhos, a situação tá complicada. Eu vou receber essa última parcela e vou lá na Central de Atendimento [do Cadastro Único]. Quero ver se vou receber esse novo auxílio”, explicou.
No mesmo local, Severino Francisco contou que chegou ainda na madrugada para sacar a última parcela. Desempregado há três meses, a situação da família também está incerta. “A gente fica sem saber o que fazer. Não sei se vou conseguir o novo auxílio, vou tentar ainda”, declarou.