MATO GROSSO

Filósofa fala sobre o poder da palavra e da linguagem para a humanidade

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“O que pode a palavra?” foi o tema da palestra de encerramento do XXIII Encontro Estadual do Ministério Público do Estado de Mato Grosso, realizada na manhã desta sexta-feira (16) pela filósofa Viviane de Souza Mosé, na sede da Procuradoria-Geral de Justiça, em Cuiabá. ‘É uma alegria e uma honra falar ao Ministério Público, instituição fundamental para a democracia brasileira. Vocês são muito importantes e sempre tenho a sensação de que o Brasil precisa conhecer melhor o Ministério Público, para procurá-lo mais porque ele realmente é uma ponte para a cidadania”, afirmou.

Poeta, psicóloga, psicanalista, acadêmica e filósofa, Viviane Mosé cumpriu o que propôs a si mesma, desmontou conceitos e fez a plateia refletir sobre o poder da palavra, da linguagem, a guerra da informação, a presença e a virtualidade. “Tratamos a linguagem com se ela fosse algo da natureza, e não é. Hoje vivemos uma guerra da informação no mundo inteiro, a qual chamo de terceira guerra mundial, em que a linguagem, o pensamento, a palavra e a virtualidade estão em conflito. Mas, ao mesmo tempo, a palavra é aquilo que nos liberta, que nos abre para os significados”, defendeu.

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Declamou o que chamou de teoria da comunicação: “A palavra delira. A palavra diz qualquer coisa. A verdade é que a palavra, ela mesma, em si própria, não diz nada. Quem diz é o acordo estabelecido entre quem fala e quem ouve. Quando existe acordo existe comunicação, mas quando esse acordo se quebra ninguém diz mais nada, mesmo usando as mesmas palavras”. E defendeu que a linguagem é humana. “Nós humanos somos fracos e não temos a capacidade de ganhar da natureza ou lutar contra ela. O que garante a nossa sobrevivência é a linguagem, e por isso somos muito especiais. Ela é necessária e fundamental para existirmos, a palavra nasceu para dar ao humano uma arma para ele sobreviver e tirá-lo da angústia”, destacou.

Viviane Mosé ainda afirmou que as palavras e o discurso não estão vinculados a nenhuma verdade, que o contrário de verdade (que é o que não muda) é a diversidade e o diferente, e que a ideia de verdade é uma invenção necessária para que vivamos. Asseverou que a presença pode ser virtual, que a civilização está saindo da materialidade para a virtualidade, que o humano é mais virtual que presencial e que a linguagem sustenta essa virtualidade. “A linguagem cria o mundo, onde não há palavras para dizer algo, essa coisa não existe”, garantiu.

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A mediação da palestra foi feita pela promotora de Justiça Maria Coeli Pessoa de Lima. No encerramento do evento, o procurador-geral de Justiça José Antônio Borges Pereira falou sobre a diversificação e transversalidade dos temas abordados nos encontros institucionais e contou como foi o processo de escolha para este ano. Falou sobre as conexões estabelecidas no decorrer do evento, o saber compartilhado e a necessidade de o MPMT avançar mais na área de Direitos Humanos.

Fonte: MP MT

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