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Como o pai deve lidar com a convivência dos filhos com o padrasto

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Psicólogo avalia confusão causada por foto de Maíra Cardi
Reprodução/Instagram
Psicólogo avalia confusão causada por foto de Maíra Cardi

No fim de semana, causou o maior burburinho uma foto postada por Maíra Cardi, em que ela aparece com novo namorado, Thiago Nigro, e a filha, Sophia. O cantor Latino resolveu comentar, e disse que achava errado Maíra compartilhar a imagem pois poderia causar atritos na família do pai da criança, Arthur Aguiar. Maíra revidou e arrancou a casquinha da ferida de Latino, ao citar que ele ‘perdeu’ a filha para o marido de sua ex-mulher, Kelly Kye . O que chama a atenção na confusão é exatamente a forma como ex e atuais devem lidar com as crianças.

Conversamos com o psicólogo Leonardo Piamonte (@psicologia_da_paternidade), pai de 3 filhos, especialista em paternidade, masculinidades e relacionamentos familiares, formado pela Fundación Universitária Konrad Lorenz, em Bogotá, na Colômbia e residente no Brasil há quase 20 anos, para comentar o ocorrido.

Como o pai deve reagir ao ver os filhos com o padrasto?

A primeira coisa nesse mal-entendido é relembrar o que é uma relação, um relacionamento e o que é uma propriedade. Essa distinção é algo que ao longo de milênios foi ignorado pelos homens e as reivindicações das mulheres fizeram questão de colocar na mesa para debater, como estamos fazendo agora. Um filho é um relacionamento, não é uma propriedade.

Alguém postar uma foto sentando em cima do teu carro, com os pés dentro da tua piscina inflável, comendo o franguinho que comprou para passar o final de semana é diferente do que postar uma foto com o teu filho, com a tua ex. Mas a reação do homem não é rara, é exatamente a mesma.

Quando um relacionamento termina, os adultos desse relacionamento devem procurar os caminhos para apresentar as novas pessoas que vão compor o mosaico afetivo dessa criança com toda responsabilidade, cuidado, muita paciência e atenção. Feito isso, cabe aos adultos (sejam os ex ou os atuais) nutrirem os relacionamentos com o melhor que tiverem, com sua presença, seu carinho, sua sabedoria e sua capacidade de amar.

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As crianças, por sua vez, responderão de forma muito sincera (às vezes até demais!), o que esses novos (e os antigos) adultos lhe inspiram. Se a tua criança ama o novo namorado da mamãe, que coisa boa! Uma sorte e que alívio que os novos relacionamentos estão adornados por coisas que deixam essa criança segura. O correto é que a criança esteja segura, amada e querida por todas as pessoas que interagem comela.

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Quais as dicas para uma boa convivência?

As dicas para qualquer boa convivência, sejam com filhos, ou com você mesmo ou com quem for serão sempre as mesmas: faça terapia, não abuse de substâncias, aprenda a ouvir críticas, seja cuidadoso com o que fala e especialmente, reflita muito sobre seu comportamento quando isso lhe for apontado.

Mas, se a gente for focar exclusivamente em filhos de outros que moram com a mãe e padrasto, ou filhos que moram com o pai, a dica é sempre preservar a criança, em primeiro lugar. As infâncias precisam ser protegidas, sempre, manter um olhar atento e cuidadoso é diferente de um olhar possessivo e infantil. Deixe a criança se expressar, admirar outra pessoa, contar como foi um passeio e receba isso com carinho e honestidade.

Se isso está pegando para você, faz parte, é normal, cometemos erros e poderíamos estar em outra situação, mas a criança definitivamente não é o lençol para essas lágrimas. Para nós, homens, é complicado demais não entender que o “tio” o “novo amigo da mamãe” ou esse novo namorado mesmo é legal, consegue girar uma bola no dedo polegar, tem um cachorro fofo, sabe fazer panqueca. Por que nos custa tanto? porque alimentamos uma fantasia de sermos os heróis salvadores dos nossos filhos, os únicos, os mais fortes, os mais inteligentes.

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Se a criança se sente segura para te contar desse novo homem na vida da mamãe, que bom! Tem coisa mais heroica do que a empatia nesses dias? Do que a capacidade de ouvir uma criança que confia em você? Nada, absolutamente nada na vida vai estar antes de você, papai (se você estiver ativamente construindo essa relação, claro) receba com confiança aquilo que essa pessoinha te traz, vai ser melhor para todos.

A exposição do filho com o padrasto deve ser evitada ou não?

Uma criança, especialmente as pequenas, querem responder as perguntas filosóficas da vida o tempo inteiro: “será que eu sou amada?”,”será que eu valho a pena?”, “será que alguém gosta de mim?”, “será que eu sou chata?”. Passar a proibir, interditar, negar, mentir, esconder coisas para uma criança para não ferir o orgulho frágil de um adulto é um despropósito, é uma verdadeira inversão nas prioridades.

Se você adulto está tendo alguma dificuldade em ver sua ex refazendo a sua vida, aparentemente feliz e com esses filhos aparentemente bem cuidados, o problema não é ela, nem os filhos e muito menos o novo namorado, o problema é que você não está fazendo terapia ainda. Eu fico sempre curioso com isso de “expor a criança”, a que outras coisas tivemos tanto cuidado de “expor”? Fomos cuidadosos assim com os gritos que já demos? Com as cenas lamentáveis que protagonizamos? Tivemos o cuidado de não expor a criança as minhas ausências, a minha falta de cuidado? O que seria expor a criança? O que estamos expondo… a vida da criança ou a fragilidade da psique adulta? É necessário refletir sobre isso.



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Fonte: Mulher

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