CRUELDADE

Jovem queimada pelo ex-namorado em MT é enterrada no Acre

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“A Juliana era uma menina feliz, alegre, carismática. A minha lembrança dela, para sempre, é [de] uma pessoa feliz, que transmite felicidade”.

 

Esta é a memória que deve ser preservada na memória de Rosicléia Magalhães, mãe de Juliana Valdivino Silva, de 18 anos, que morreu após o ex-namorado, Djavanderson de Oliveira Araújo, atear fogo nela em Paranatinga, interior do estado de Mato Grosso. Sob forte comoção, o velório e enterro da vítima ocorreram na última sexta-feira (27), em Rio Branco.

Muitas pessoas compareceram ao velório e prestaram as últimas homenagens para a jovem que estava internada desde o dia 10 de setembro no Hospital Municipal de Cuiabá.

Eles se conheceram quando estudavam juntos na cidade de Porto Acre, no interior do estado. Na época, a mãe da vítima, achava o relacionamento inapropriado e proibiu a filha de se relacionar com o rapaz após descobrir que o pai do garoto já havia se envolvido com crimes.

“Quando o caso dos pais vem à tona, que são dois criminosos, eu falei: ‘minha filha, se afaste. Não são pessoas de caráter. Pessoas de caráter não fazem esse tipo de coisa’. A resposta da minha filha para mim foi: ‘mãe, não julgue o filho pelo pai’. Então era algo que eu já estava sentindo que não ia ser bom. Por muitas das vezes eu tentei tirar a Juliana de perto dele, tirei do estado, tentei puxar de volta para o estado e quando eu soube que ele estava lá… mas ela insistiu num relacionamento, dizendo que ele era uma boa pessoa e aparentemente era, era até o último momento”, relembra a mãe.

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Segundo as investigações da polícia, no dia do crime, dia 9 de setembro, Djavanderson foi até um posto de combustível de Parantinga e comprou álcool. Mais tarde, ele a atraiu até a sua casa, onde jogou o líquido na jovem, a incendiou, e também acabou se ferindo. Juliana teve 90% do corpo queimado.

“Na parte da manhã foi quando ele mostrou o comportamento diferente, porque ela foi buscar umas coisas na casa, já que não morava mais lá, e ele não queria deixá-la sair. Eu tive que conversar com ele para pedir para ela sair da casa. Ele foi, liberou, foi para o trabalho. Quando foi a noite, ele clonou o telefone dela – que ele me confessou que tinha clonado o telefone dela. E eu falei para ela: ‘minha filha, vá atrás da medida protetiva, e vamos para o Acre’”, acrescenta.

Agora, com a morte da jovem de apenas 18 anos, a família, além de lidar com a dor da perda, promete lutar por justiça.

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“Aconteceu com minha filha, não quero que venha a acontecer com outras mulheres. É isso que eu quero. Não permita que aconteça com outras mulheres. E para isso, a justiça tem que ser feita. A justiça tem que ser trabalhada em cima da situação que está acontecendo. A minha filha foi mais um caso, provavelmente um dos piores, mas foi mais um. E quantas mais vão acontecer se a justiça não trabalhar na necessidade que vai existindo sobre feminicídio no nosso país?”

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Segundo o Laboratório de Estudos de Violência Contra a Mulher, em 2024, no Brasil, já são 2.638 casos de feminicídios tentados e consumados. No Acre, seis mulheres já foram mortas este ano em razão de seu gênero. Cada número corresponde a uma história interrompida que deixou apenas a dor da saudade, A mãe de Juliana, mesmo em meio a dor, deixa um recado importante.

“Mulheres que têm seu casamento abusivo, abandonem. Sejam felizes de verdade. Não permitam ser maltratadas e humilhadas. Nós merecemos respeito”, alerta Rosicléia.

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Lucas do Rio Verde

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