Policiais do 5º pelotão da Polícia Militar de Roraima foram até uma propriedade na zona rural de Boa Vista para atender a ocorrência de encontro de cadáver e se depararam com um corpo em decomposição, sem a cabeça e as vísceras.
No local, um caseiro se apresentou como sendo o autor do crime. Disse que o fato aconteceu semana passada e que teria agido em legítima defesa após ser atacado pela vítima, identificada como Jhonatam, de origem guianense, que estaria transformado em uma figura parecida com uma onça. O caseiro contou que retirou o facão da bainha e golpeou várias vezes a vítima, que enquanto estava sendo golpeada teria voltado ao corpo normal de homem.
O autor confesso do homicídio disse também que a vítima era conhecida na comunidade como uma pessoa que fazia sacrifícios de crianças, e que há 15 dias, ele havia feito o parto do próprio filho e que assim que cortou o cordão umbilical foi visto sugando o sangue da placenta. Moradores da comunidade repetiram a mesma história para a PM. O caseiro foi levado para a delegacia e está à disposição da justiça.
SOBRENATURAL
A história do caseiro poderia até ser considerada absurda se não fosse por um detalhe: a existência de uma lenda indígena na região sobre espíritos maus, adormecidos dentro de uma planta chamada Tajá, também conhecida por Canaimé ( espírito mau). Reza a lenda que um velho feiticeiro achou a planta, cuidou dela, e adquiriu poderes sobrenaturais. O feiticeiro podia ficar invisível e se transformar em animais como: morcego, raposa, porco, cachorro ou Manbira.
Segundo as tribos Macuxi e Uapixana, o Canaimé seria o responsável por acontecimentos maléficos. O espírito agiria para definhar e matar quem comete atos reprováveis. Ainda, conforme a lenda, após três dias o Canaimé vai até onde o morto foi enterrado em forma de algum animal para comer a sua carne podre. O espírito teria que se alimentar da carne e da salmoura do defunto.
SOMENTE LENDA
De acordo com a lenda, o Canaimé enquanto animal só pode ser morto com bala de cera e na forma humana seu extermínio se dá com a defumação do pelo do macaco Cuatá, habitante comum de florestas tropicais. Segundo indígenas mais antigos em Roraima, atualmente ainda existem muitos Canaimés sendo que as histórias não seriam lendas. Por outro lado, fazendeiros de famílias tradicionais dizem que o Canaimé não passa de lenda e que os índios teriam inventado a história para amedrontá-los e expulsá-los de suas terras. Fazendeiros afirmam que o Canaimé é apenas um índio vestido com pele de animal, geralmente onça, para poder roubar gado.
Rolim Noticias.