Dois soldados da Polícia Militar de Cuiabá gravaram um vídeo pedindo orações e apoio para os profissionais da segurança pública. Esse apelo tornou-se viral nas redes sociais depois que um sargento matou um colega de farda no quartel, em São José do Rio Claro, durante o fim de semana, antes de tirar a própria vida.
No vídeo, um dos policiais expressou: “Ore pela Polícia Militar. Precisamos do seu clamor, da sua intercessão, para que possamos ser cobertos espiritualmente. Por trás dessa farda, existe um ser humano passível de erros e falhas. Por trás dessa farda, existe um ser humano com sentimentos. Muitas vezes, as pessoas fogem dos problemas, mas a Polícia Militar enfrenta os problemas, mesmo com risco de suas próprias vidas.”
No último sábado (21), o sargento da PM Castella Gabriel atirou e matou o militar Willian Ferreira dentro de uma unidade policial, após um desentendimento sobre um atraso no horário de chegada. O comandante da Polícia Militar, Alexandre Mendes, revelou que os dois agentes tinham desavenças antigas.
Atualmente, não existe uma lei que obrigue o Executivo a contratar psicólogos para a corporação, embora haja dois profissionais da área cedidos para atender os cerca de 7 mil policiais do Estado.
No entanto, o presidente da Associação de Cabos e Soldados da Polícia Militar e Bombeiros Militar, Laudicério Machado, apontou que a Lei 14.531 lida com a saúde mental dos policiais e a prevenção ao suicídio, mas ainda não foi implementada nas instituições. Laudicério criticou o governo do Estado, destacando que a instituição está equipada fisicamente, mas carece de preparo em relação à saúde mental.
Ele afirmou: “A associação não é inimiga da instituição ou do governo. As fraquezas dos policiais, suas preocupações, muitas vezes não são compartilhadas com seus comandantes ou a instituição, mas sim com a associação. A saúde mental de muitos policiais está comprometida. Enquanto a lei não é implementada, precisamos de um refúgio, e a associação está oferecendo apoio psicológico aos policiais.”
Segundo o comandante geral, todos os policiais daquele quartel foram afastados para tratamento psicológico, e militares de cidades vizinhas estão substituindo-os por tempo indeterminado. Mendes explicou que os profissionais de São José do Rio Claro não estão em condições de continuar trabalhando nos próximos dias, e a decisão foi afastá-los até que estejam totalmente recuperados para retornar ao serviço.