Presa com R$ 144 mil, advogada controla lucros em MT

A advogada Hingritty Borges Mingot, que foi presa por fazer parte do corpo jurídico que obstruía as investigações relacionadas à facção em Mato Grosso, também exercia um papel de gerência na organização criminosa. Era ela quem fazia a coleta dos lucros das vendas de drogas, bem como controlava a entrada e saída das drogas nos pontos de distribuição.

A informação consta em inquérito policial. Hingritty foi detida no âmbito da operação “Gravatas”  deflagrada pela Polícia Civil de Tapurah no dia 12 de março.  Além dela, foram presos  os advogados Tallis de Lara Evangelista, Roberto Luís de Oliveira, Jéssica Daiane Maróstica e o policial militar Leonardo Qualio. Dos alvos, apenas Jéssica teve a prisão preventiva convertida em domiciliar, acompanhada de medidas cautelares.

O restante segue encarcerado. Durante as buscas na casa de Hingritty Borges Mingot, os policiais encontraram R$ 144.052,00 em espécie.

O montante estava escondido em sacolas plásticas, papel e envelopes. De acordo com as investigações, Hingritty estava abusando de suas prerrogativas como advogada para cometer crimes, ultrapassando os limites da relação entre cliente e advogado.

Segundo a PJC, as evidências materiais obtidas durante a busca na residência dela deixaram claro que a advogada estava ativamente envolvida e fazia parte do Comando Vermelho. “Desempenhava um papel de gerência na facção, ou seja, recebendo e transmitindo ordens das lideranças que, estando encarceradas, não podem fazê-lo pessoalmente.  Além disso, a investigada, em tese, está envolvida no tráfico de drogas coordenado pela organização criminosa, sendo responsável pela coleta dos lucros das vendas de entorpecentes, visando à lavagem do dinheiro, e também pelo controle da entrada e saída das drogas nos pontos de distribuição. Ela também é encarregada de pagar as despesas relacionadas às drogas da Facção, adquirir celulares e facilitar sua entrada nas prisões, entregando-os aos membros detidos”, traz trecho do documento.

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Conforme a Polícia Civil, o valor encontrado na casa de Hingritty sugere que, pelo menos, três pessoas entregaram o dinheiro pessoalmente à advogada, uma vez que as notas são predominantemente de R$ 20, seguidas por notas de R$ 50 e R$ 100, características típicas de transações de drogas. “Outrossim, a proximidade entre o valor encontrado em sua residência e os registros nas anotações reforça a suspeita de que o dinheiro apreendido seja proveniente do tráfico de drogas. Por exemplo, a soma dos valores mencionados nas anotações é de R$ 177.100,00, com uma diferença de R$ 33.048,00, sugerindo que pagamentos ou depósitos podem ter ocorrido durante. Em que pese não terem apreendido drogas na residência, existem fortes indícios de que a citada advogada praticou os crimes tráfico de drogas e associação para o tráfico de drogas. Nesse sentido, de acordo veiculado pelo informativo 501 do Superior Tribunal de Justiça, a ausência de apreensão da droga não torna a conduta atípica se existirem outros elementos de prova aptos a comprovarem o crime de tráfico”, aponta outro trecho.

GRAVATAS

A ação operacional contou com apoio da Gerência de Combate ao Crime Organizado (GCCO) e regionais da Polícia Civil de Nova Mutum e Sinop. Os mandados foram cumpridos nas cidades de Sinop e Cuiabá.

A investigação apontou ainda que os advogados realizaram diversas tarefas para além da atividade jurídica legal, ou seja, atuaram à margem da lei com o propósito de embaraçar investigações policiais, repassar informações da atuação policial em tempo real, auxiliar em crimes graves, como tortura, realizando o levantamento de dados das vítimas. Ainda intermediaram a comunicação entre os líderes da organização criminosa, que estão presos, com outros integrantes que estão soltos.