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Participação do Legislativo na ‘Voz do Brasil’ completa 60 anos

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Em 25 de abril de 1963 foi ao ar, pela primeira vez, o horário destinado ao Poder Legislativo dentro do programa A Voz do Brasil. Passados 60 anos, as principais notícias do Senado Federal e da Câmara dos Deputados ainda ecoam por todos os cantos do país por meio do mais antigo programa de rádio do Brasil. Veja galeria de fotos históricas do programa.

— Vejo que o programa traz muita transparência e que é uma fonte oficial e confiável para que toda a população saiba o que os Poderes estão fazendo. O retorno que temos é sempre mais positivo do que negativo — compartilha Paula Groba, chefe do Serviço de Edição da Voz do Brasil (Sevoz) no Senado desde 2018.

A segunda meia hora do programa é composta por jornais do Legislativo. O foco é mostrar o que está sendo discutido e os projetos de lei apresentados e aprovados, retratando a pluralidade de opiniões do Parlamento. Para isso, o Senado tem 10 minutos de jornal, e a Câmara, 20 minutos.

O grande desafio da equipe de três servidores do jornal no Senado é apresentar notícias quentes em um formato atrativo e que caibam no tempo reservado. Atualmente, com o avanço das tecnologias, já é possível transmitir o noticiário ao vivo, às 19h, quando ainda há votações importantes em curso.

— Quando há muitas informações e temos que escolher o que entra, nos perguntamos o quanto a notícia vai atingir o maior número de pessoas. Também damos atenção para assuntos que a grande mídia não repercute muito e observamos se estamos dando espaço para parlamentares de todas as vertentes políticas e para as minorias. Se há entrada ao vivo, deixamos para o final, para dar tempo de passar a informação mais completa possível — esclarece Paula.

Voz na História

A Voz do Brasil nasceu em 1935, no governo de Getúlio Vargas, sob o nome Programa Nacional. Em 1938, passou a ser obrigatória, e está há 85 anos no ar. Em 1960, com a mudança da capital federal do Rio de Janeiro para Brasília, muitos parlamentares se sentiram isolados de suas bases. A grande mídia ainda não dispunha de boa estrutura de cobertura em Brasília. Por isso, naquela época, houve um movimento para que o rádio fosse utilizado diariamente para divulgação das ações do Congresso Nacional.

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Heraldo Coutinho, aposentado, trabalhava no Senado à época e fez coro às vozes que pediam pela inclusão do Legislativo na Voz do Brasil. Ele veio para a cidade ainda em construção para fazer a sonorização na nova sede do Congresso Nacional, do Hotel Nacional e da Concha Acústica.

— Sempre fui muito preocupado com a divulgação dos trabalhos do Legislativo. Fiz a ligação para transmitir os trabalhos daqui para o Palácio Monroe, a antiga sede no Rio. Mas eu falava sempre com o presidente do Senado que a gente precisava entrar na Voz do Brasil. O sinal da Rádio Nacional era fraco, não ia muito longe — relata.

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Depois de muitas discussões e em meio a outros projetos e várias emendas, foi aprovado, em 1962, o Código Brasileiro de Telecomunicações, que estabeleceu a participação do Senado e da Câmara na Voz do Brasil. Heraldo foi responsável pelo projeto, execução, montagem dos equipamentos, manutenção e transmissão do estúdio em que foi feito o primeiro programa do Senado.

O então senador Auro de Moura Andrade, que presidia o Congresso Nacional, participou da primeira transmissão e declarou que o Congresso Nacional usaria o rádio “em favor da paz, da liberdade e das verdades que compõem o sentido da vida do nosso povo”.

A Voz do Brasil também faz parte da história de vida da servidora Ester Monteiro. Atualmente a jornalista atua na assessoria de imprensa do Senado, responsável pelo Senado Verifica (serviço de checagem de informações sobre a Casa), mas já foi redatora e editora do programa tanto no Senado quanto na Câmara. Ester, que ouvia o programa desde pequena com seu pai, veio para Brasília na época da Constituinte trabalhar com uma deputada.

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Pouco depois de ser aprovada no concurso da Câmara, a área de comunicação começou a ser criada nas Casas Legislativas, e Ester foi convidada para trabalhar no programa, realizando um sonho de infância.

— Gosto de destacar o ineditismo da Voz do Brasil. O Parlamento vai fazer 200 anos, mas levou quase um século e meio para conseguir dar mais transparência do seu trabalho para a população. Depois de conseguir espaço na Voz do Brasil, foram mais cerca de 30 anos até que os veículos de comunicação fossem criados — diz.

Voz que perdura

Muitos podem trocar de sintonia quando começa a vinheta da Voz do Brasil, mas é inegável que o jornal tem credibilidade. A Empresa Brasil de Comunicação (EBC), responsável por produzir o material do Executivo no programa, estimou, em 2021, 70 milhões de ouvintes diariamente, mas não há números oficiais.

— As campanhas pelo fim da Voz já existiam desde sua criação, mas há grande interesse dos parlamentares, em especial daqueles que não têm acesso à grande imprensa, em mantê-la no ar. Eles encontram no programa uma forma de fazer chegar ao eleitor seu trabalho. O rádio é um fenômeno permanente. Foi ameaçado pela TV e internet, mas está aí — acredita Ester.

Só em 2018 a transmissão da Voz do Brasil foi flexibilizada nas rádios comerciais, mas permanece obrigatória. Hoje já é possível ouvir a Voz do Brasil até em podcast. As interações dos ouvintes são bem-vindas pelas redes sociais da Rádio Senado e pelo Whatsapp (61) 98611-8591.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

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Fonte: Agência Senado

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