Conforme orientação do Ministério da Saúde, Mato Grosso deve ampliar nos próximos dias a vacinação com a tríplice viral, que protege contra o sarampo, para as crianças de seis meses a menores de um ano, faixa etária mais exposta para contrair a doença.
A medida foi anunciada pelo secretário de Vigilância em Saúde do Ministério, Wanderson Oliveira, e deve ser adotada por todos os estados brasileiros diante da situação de perigo iminente de ampliação da circulação do vírus no país.
A proposta do Governo Federal é alcançar 1,4 milhão de crianças que não receberam a dose extra chamada de dose zero , além das previstas no Calendário Nacional de Vacinação, aos 12 e 15 meses. Para isso, será enviado 1,6 milhão de doses a mais para os estados.
A vacina para crianças de seis meses a menores de um ano não fazia parte do calendário básico de vacinação do Brasil, mas em decorrência de essa faixa etária ser mais suscetível a casos graves e óbitos, foi necessário a ampliação do público alvo como medida preventiva.
Conforme a coordenadora de Vigilância Epidemiológica da Secretaria de Estado de Saúde, Alessandra Cristina Ferreira, Mato Grosso ainda não recebeu as doses extras. A Secretaria está aguardando uma nota técnica do Ministério informando qual será a quantidade das doses adicionais enviadas a Mato Grosso e quando elas devem ser encaminhadas para nós.
Atualmente, o estado tem 150.433 mil doses da vacina tríplice viral para atingir uma meta mensal de cerca de 2.300 crianças que se encaixam nessa faixa etária. Após o envio das doses extras, esse número deve aumentar.
Ação de resposta
A intensificação da vacina é uma ação de resposta imediata do Ministério da Saúde em decorrência do aumento de casos da doença em alguns estados. Nesta terça-feira (20.08), o Ministério da Saúde divulgou novo boletim com os casos de sarampo. O Brasil registrou, nos últimos 90 dias, entre 19 de maio a 10 de agosto de 2019, 1.680 casos confirmados de sarampo, em 11 estados: São Paulo (1.662), Rio de Janeiro (6), Pernambuco (4), Bahia (1), Paraná (1), Goiás (1), Maranhão (1), Rio Grande do Norte (1), Espírito Santo (1), Sergipe (1) e Piauí (1).
Mato Grosso não está no rol dos estados críticos, já que não houve nenhum registro da doença no Estado nos últimos 19 anos. De acordo com a gerente de Vigilância em Doenças e Agravos Endêmicos da SES-MT, Alba Valéria Gomes, em 2018 e 2019, ocorreram apenas quatros casos suspeitos de sarampo, investigados e descartados por critério laboratorial.
Mesmo fora do quadro dos estados brasileiros com o surto da doença, o Ministério da Saúde orientou Mato Grosso e os demais estados com situação epidemiológica controlada a reforçar as medidas de prevenção, investigar e realizar o bloqueio vacinal em casos suspeitos.
Para manter o status de livre do sarampo, Alba explica que o estado já fez alertas para intensificação das medidas de prevenção e aprimoramento da vigilância e está trabalhando na construção do Plano de Sustentabilidade da Eliminação do Sarampo.
Está programada também uma web aula da imunização, vigilância epidemiológica e laboratorial do Sarampo para profissionais e municípios. No curso, vamos abordar ainda os aspectos clínicos e vigilância para os profissionais médicos, informa a gerente.
A fim de monitorar o trabalho de prevenção e o avanço da doença no país, o Ministério se comprometeu, durante reunião online, realizada na segunda-feira (19) com a equipe técnica da SES-MT, a realizar semanalmente uma reunião virtual com as Secretarias Estaduais de Saúde e a divulgar boletins epidemiológicos semanalmente.
Prevenção
Quanto às medidas de prevenção, a vacina tríplice viral é a forma mais segura de prevenir o sarampo, protegendo também contra a rubéola e a caxumba. Nas unidades municipais de Saúde, a vacina tríplice viral está prevista para pessoas com um ano de idade e o reforço aos 15 meses com a tetra viral, integrando a rotina do calendário da criança, adolescente e adultos seletivamente.
De acordo com o Programa Nacional de Imunização (PNI), crianças de 12 meses a menores de 5 anos de idade, devem tomar as duas doses: tríplice viral e tetra viral. Para crianças de 5 anos a 9 anos de idade que perderam a oportunidade de serem vacinadas anteriormente, duas doses da vacina tríplice. Para pessoas de 10 a 29 anos, o ideal são duas doses da vacina tríplice viral; de 30 a 49 anos, uma dose da vacina tríplice viral.
Quem comprovar a vacinação contra o sarampo, não precisa receber a vacina novamente. A vacina tríplice viral não é recomendada para crianças menores de seis meses, gestantes e indivíduos que apresentem contraindicações.
Quanto ao profissional de saúde, a SES-MT alerta para médicos, enfermeiros, auxiliares de enfermagem, técnicos, voluntários, estagiários, funcionários administrativos e funcionários de serviços ambientais, que têm um risco maior de exposição ao sarampo e de transmissão do vírus às pessoas.
Todos os profissionais de saúde devem ter duas doses da vacina que imuniza contra sarampo, caxumba e rubéola. Portanto, é fundamental a revisão imediata da situação vacinal do sarampo entre as equipes e da vacinação dos trabalhadores de saúde sem evidência de imunidade.
Todo caso suspeito de sarampo e rubéola é de notificação imediata (24H) e investigação do caso (48h) com bloqueio vacinal (72h), assim como a solicitação de exame para sorologia e isolamento viral.
Sobre o sarampo
O sarampo é uma doença viral altamente contagiosa, podendo evoluir para complicações graves e óbitos. A doença é transmitida por meio das secreções expelidas pelo doente ao falar, tossir e espirrar. O comportamento endêmico/epidêmico do sarampo varia de um local para outro e depende basicamente da relação entre o grau de imunidade e a suscetibilidade da população, bem como da circulação do vírus na área.
SES-MT