SAÚDE

Surto de cólera: falta de doses força OMS a mudar esquema de vacinação

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A cólera é uma doença que afeta o intestino delgado e é causada pela bactéria Vibrio cholerae,
Reprodução/Hospital São Luiz
A cólera é uma doença que afeta o intestino delgado e é causada pela bactéria Vibrio cholerae,

A  Organização Mundial da Saúde (OMS)  teve que alterar o esquema de vacinação contra a cólera  por causa da  escassez de imunizantes. Agora, em vez de duas doses de vacina , é aplicada apenas uma. A mudança ocorre após um súbito aumento na demanda por imunizantes, após 29 países ao redor do mundo notificarem casos da doença .

Neste ano, 29 países já relataram casos de cólera – Haiti, Malawi e Síria enfrentam cenários mais alarmantes. De acordo com a OMS, é uma situação execpcional, pois “nos últimos 5 anos, menos de 20 países em média notificaram surtos”.

“Esta mudança de estratégia permitirá fornecer doses a mais países num momento de aumento sem precedentes no número de surtos no mundo”, escreveu a orientação da OMS, que participa do Grupo de Coordenação Internacional (ICG) responsável pela distribuição emergencial de vacinas.

A OMS avalia as epidemias de cólera como cada vez mais “numerosas, mais difundidas e mais graves” devido a fatores climáticos – como inundações e secas – mas também conflitos de movimentos populacionais ou outros fatores que limitam o acesso à água potável e aumentam o risco de propagação da doença.

A cólera é uma infecção intestinal causada pela bactéria Vibrio cholerae, geralmente contraída por meio da ingestão de alimentos ou água contaminados, causando diarreia e vômito. O abastecimento de água potável e a garantia do acesso ao saneamento básico são essenciais para prevenir e controlar a transmissão.

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A OMS atesta que “a estratégia de dose única provou ser eficaz”. Entretanto, ainda não há recursos que meçam a duração exata da proteção de um único imunizante. Além disso, a organização afirma que a eficácia parece ser consideravelmente menor em crianças.

“Com um regime de duas doses, quando a segunda dose é administrada dentro de 6 meses da primeira, a imunidade à infecção dura 3 anos” , compara a organização. No entanto, devido à escassez de unidades no momento, “fornecer uma dose sempre supera a ausência de dose”.

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“Embora a interrupção temporária da estratégia de duas doses resulte em imunidade reduzida e encurtada, esta decisão permitirá que mais pessoas sejam vacinadas, caso a situação global da cólera continue a se deteriorar”, defende a organização.

Escassez de vacinas

Atualmente, a oferta de vacinas que protegem contra a cólera é muito limitada. Do total de 36 milhões de doses previstas para serem produzidas em 2022, 24 milhões já foram expedidas para campanhas preventivas (17%) e reativas (83%), e mais 8 milhões de doses foram aprovadas pelo ICG para o segundo ciclo de emergência em 4 países, diz a OMS.

“Como os fabricantes de vacinas estão produzindo em sua capacidade máxima atual, não há solução de curto prazo para aumentar a produção”, explica a organização.

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Um dos motivos para a escassez de vacinas é a decisão de uma fabricante indiana, filial da francesa Sanofi, de interromper sua produção até o final do ano. Mas não é a única. Os motivos são muitos, explica a organização Médicos Sem Fronteiras (MSF), que participa do ICG.

“Esta decisão de último recurso é a maneira de evitar a escolha impossível de enviar doses para um país em vez de outro”,  afirma Daniela Garone, coordenadora médica internacional do MSF, em comunicado.

“A vacinação de dose única fornecerá proteção mais curta, mas é a maneira justa e equitativa de tentar proteger o maior número possível de pessoas, pois enfrentamos surtos simultâneos de cólera”, enfatiza a especialista.

Daniela, porém, insiste que “esta solução é apenas temporária e a atual escassez de oferta é uma séria preocupação para qualquer resposta de curto e médio prazo necessária para novos surtos de cólera este ano”.

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Fonte: IG SAÚDE

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