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Confira os preços da soja no Brasil e em Chicago neste final de mês

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Os nematoides fitopatogênicos acometem diversas culturas agrícolas, prejudicando o crescimento e desenvolvimento das plantas, afetando consequentemente a produtividade das lavouras. Normalmente os sintomas são observados em reboleiras nas lavouras, apresentando características variáveis em função da espécie de fitonematoides.

Principais espécies

Dentre as principais espécies de importância econômica, destacam-se os fitonematoides  Meloidogyne javanica, Meloidogyne incógnita, Heterodera glycines, Rotylenchulus reniformis e Pratylenchus brachyurus.

Meloidogyne javanica e Meloidogyne incognita

Conhecidos popularmente como nematoide das galhas, acometem frequentemente lavouras de soja. As lavouras afetadas tendem a apresentar sintomas em reboleiras, variando desde a redução do porte das plantas, até o amarelecimento delas, a clorose entre nervuras das folhas, o abortamento de vagens e amadurecimento prematuro das plantas, e a conhecida formação de galhas nas raízes das plantas afetadas (Dias et al., 2010).

Figura 1. Sintomas típicos de nematoides das galhas em raízes de soja.

Fotos: Guilherme Lafourcade Asmus
Heterodera glycines

Conhecido como nematoide de cisto da soja, esse fitonematoide acomete principalmente a soja. Sob condições adequadas, esse nematoide pode desenvolver até seis gerações por ano. O nematoide do cisto da soja penetra nas raízes da planta de soja e dificulta a absorção de água e nutrientes, resultando em porte reduzido das plantas e clorose na parte aérea (Grigolli & Grigolli, 2018).

Na planta parasitada, o sistema radicular fica reduzido e apresenta, a partir dos 30-40 dias após a semeadura da soja, minúsculas fêmeas do nematoide, com formato de limão ligeiramente alongado e coloração branca. Com o passar do tempo, a coloração vai mudando para amarelo, marrom claro e, finalmente, a fêmea morre e seu corpo se transforma em uma estrutura dura de coloração marrom escura, denominada cisto, que se desprende da raiz e vai para o solo (Dias et al., 2010).

Figura 2.  Nematoide de cisto da soja Heterodera glycines: cistos e nódulos nas raízes de soja.
Foto: S. Markell, NDSU.
Rotylenchulus reniformis 

Com grande amplitude de infecção, o nematoide Rotylenchulus reniformis infecta mais de 140 espécies de plantas de mais de 115 gêneros, pertencentes a 46 famílias. Dessa larga faixa de hospedeiros, 57 espécies de mais de 40 gêneros e 28 famílias são consideradas de importância econômica (Grigolli & Asmus, 2014).

O algodão é a cultura mais afetada pelo nematoide reniforme, mas sob elevadas infestações, podem acometer a cultura da soja. Os sintomas nas plantas de soja parasitadas por R. reniformis diferem um pouco daqueles causados por outros nematoides. Lavouras de soja cultivadas em solos infestados caracterizam-se pela expressiva desuniformidade, com extensas áreas de plantas subdesenvolvidas, que, em muito, assemelham-se a problemas de deficiência mineral ou de compactação do solo (Dias et al., 2010).

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Figura 3. Sintomas de Rotylenchulus reniformis em algodão.
Foto: Guilherme Lafourcade Asmus
Pratylenchus brachyurus

Conhecido como nematoide das lesões radiculares, o Pratylenchus brachyurus infecta principalmente gramíneas como milho, sorgo, cana-de-açúcar e trigo, mas também pode incidir sobre culturas como soja e algodão. Esse fitonematoides se hospeda em diversas culturas, o que dificulta a erradicação da praga.

Embora a intensidade dos sintomas apresentados pelas lavouras de soja atacadas por P. brachyurus seja dependente de alguns fatores, como por exemplo a textura do solo, em geral observa-se a presença, ao acaso, de reboleiras onde as plantas ficam menores, mas continuam verdes. As raízes das plantas parasitadas apresentam-se, parcial ou totalmente, escurecidas. Isso se deve ao ataque às células do parênquima cortical, onde o patógeno injeta toxinas durante o processo de alimentação. A movimentação do nematoide na raiz também desorganiza e destrói células (Grigolli & Asmus, 2014).

Figura 4. Sintomas causados por P. brachyurus nas raízes da soja: plantas sadia (a) e parasitada (b).
Fonte: Embrapa Soja

Algumas espécies dos nematoides citados anteriormente, apresentam maior patogenicidade para a cultura do algodão, enquanto outros para o milho, entretanto, ambos são patogênicos para a cultura da soja (tabela 1). Conhecer as espécies de nematoides presentes na área de cultivo e a quais culturas são patogênicos, é fundamental para embasar estratégias de manejo, bem como o posicionamento de culturas agrícolas e plantas de cobertura.

Tabela 1. Patogenicidade e virulência ou agressividade de Meloidogyne javanica, Meloidogyne incognita, Heterodera glycines, Rotylenchulus reniformis e Pratylenchus brachyurus às culturas de soja, algodoeiro e milho, e disponibilidade de variedades resistentes.
Fonte: Asmus & Inomoto (2013)

Algumas culturas agrícolas e/ou de cobertura, podem atuar como hospedeiras dos fitonematoides, possibilitando inclusive o aumento populacional deles no solo. Por serem consideradas pragas de solo, o controle dos fitonematoides via pulverização de nematicidas apresenta baixa eficiência em função dificuldade em atingir o alvo. Sendo assim, adotar a rotação de culturas e planejar o posicionamento delas no sistema de produção é essencial para reduzir os níveis populacionais dos fitonematoides no solo.

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Tabela 2. Culturas de verão para rotação de cultura e seu efeito sobre os fitonematoides*
*Verde escuro mostra que a cultura não é hospedeira, reduzindo, portanto, a população do nematoide; branco indica que a cultura é boa hospedeira e aumenta a população do nematoide; verde claro é utilizada para coberturas que são más hospedeiras ou que apresentam respostas variáveis (varia de cultivar para cultivar) Fonte: Inomoto & Asmus (2009)

Além da rotação de culturas, o controle de plantas daninhas na safra e entressafra é essencial para o manejo dos fitonematoides. Segundo Kuhnem (2022), a grande maioria das plantas daninhas frequentes nas lavouras são suscetíveis a pelo menos uma espécie de nematoide (Tabela 2), possibilitando a sobrevivência e a reprodução dos nematoides para a próxima safra, principalmente no período de entressafra em áreas de pousio.

Tabela 3. Relação de algumas plantas daninhas ao nematoide das galhas (Meloidogyne javanica M. incognita) e nematoide das lesões radiculares (Pratylenchus brachyurus).
Mj = Meloidogyne javanica; Mi = Meloidogyne incognita; Pb = Pratylenchus brachyurus. S = suscetível; I = imune; R = resistente; S/I = sem informação Fonte: Kuhnem (2022)

Sendo assim, conhecer quais são os fitonematoides presentes nas áreas de cultivo, bem como a quais culturas são mais patogênicos, possibilita adotar estratégias de manejo que contribuem para a redução populacional dos nematoides e dos danos causados por eles. Além da rotação de culturas, pode-se dizer que o controle de plantas daninhas também é uma prática essencial no manejo integrado de fitonematoides.


Veja mais: Como o controle de plantas daninhas auxilia no manejo de fitonematoides?



Referências:

ASMUS, G. L.; INOMOTO, M. M. NEMATOIDES EM CULTIVOS INTEGRADOS. Embrapa, Consórcio Milho-Braquiária, 2013. Disponível em: < https://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/bitstream/doc/982597/1/LVCONSORCIOMB.pdf >, acesso em: 30/04/2024.

DIAS, W. P. et al. NEMATOIDES EM SOJA: IDENTIFICAÇÃO E CONTROLE. Embrapa, Circular Técnica, n. 76, 2010. Disponível em: < https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/CNPSO-2010/30766/1/CT76-eletronica.pdf >, acesso em: 30/04/2024.

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GRIGOLLI, J. F. J.; ASMUS G. L. MANEJO DE NEMATOIDES NA CULTURA DA SOJA. Fundação MS, Tecnologia e Produção: Soja 2013/2014, 2014. Disponível em: < https://www.alice.cnptia.embrapa.br/bitstream/doc/985986/1/cap.9.pdf >, acesso em: 30/04/2024.

GRIGOLLI, J. F. J.; GRIGOLLI, M. M. K. MANEJO DE NEMATOIDES NA CULTURA DA SOJA. Fundação MS, Tecnologia e Produção: Soja 2017/2018, 2018. Disponível em: < https://www.fundacaoms.org.br/wp-content/uploads/2021/02/httpswww.fundacaoms.org_.brpublicacoestecnologia-e-producao-safratecnologia-producao-soja-2017-2018.pdf >, acesso em: 30/04/2024.

INOMOTO, M. M.; ASMUS, G. L. CULTURAS DE COBERTURA E DE ROTAÇÃO DEVEM SER PLANTAS NÃO HOSPEDEIRAS DE NAMATOIDES. Visão Agrícola, n. 9, 2009. Disponível em: < https://www.esalq.usp.br/visaoagricola/sites/default/files/VA9-Protecao04.pdf >, acesso em: 30/04/2024.

KUHNEM, P. TRIGO: UM ALIADO NO MANEJO INTEGRADO DE NEMATOIDES DA SOJA. Biotrigo Genética, 2022. Disponível em: < https://biotrigo.com.br/trigo-um-aliado-no-manejo-integrado-de-nematoides-da-soja/ >, acesso em: 30/04/2024.

Foto de capa: Cristiano Bellé


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