AGRONEGÓCIO

Governo pretende criar Plano Safra inovador, premiando produtor que adotar boas práticas ambientais – MAIS SOJA

Publicado em

governo-pretende-criar-plano-safra-inovador,-premiando-produtor-que-adotar-boas-praticas-ambientais-–-mais-soja

Ferro nas plantas

Para o correto funcionamento do metabolismo vegetal, água, radiação solar e nutrientes precisam estar disponíveis em quantidades suficientes para suprir a demanda da planta. Embora normalmente o manejo da adubação de culturas agrícolas seja voltado aos macronutrientes, os micronutrientes também exercem funções essenciais na planta, podendo a deficiência deles, limitar a produtividade da cultura.

Um desses micronutrientes essenciais é o Ferro (Fe). Segundo Oliveira Junior et al. (2020), para cada tonelada de grãos de soja produzida são necessários cerca de 375 gramas de Fe. Bioquimicamente, o Ferro é considerado um constituinte de citocromos e ferro-proteínas não heme, envolvidas na fotossíntese, na fixação de N2 e na respiração (Taiz et al., 2017).

O ferro é parte do grupo catalítico de muitas enzimas que participam em reações de redução na fotossíntese, fixação biológica de nitrogênio (FBN) e respiração. Também faz parte de várias enzimas oxidases, como a catalase e a peroxidase (Paulito; Viana; Randi 2015).

 Fagan et al. (2007) destacam haver uma intima relação entre o Fe e a FBN em soja. Os autores afirmam que o Fe faz parte do complexo da enzima nitrogenase formado por duas unidades proteicas, a Ferro-proteína (Fe-proteína) e a Molibdênio-Ferro-proteína (MoFe-proteína), responsáveis pela fixação de nitrogênio no nódulo.

Ferro e a FBN da soja

Na FBN, a Ferro-proteína e a Molibidênio-Ferro-Proteína comandam as reações. Na reação de redução do N2 a nitrogenase é auxiliada pela ferrodoxina. A Ferro-proteína frequentemente é reduzida pela ferredoxina reduzida. A Ferro-proteína reduzida se liga com o magnésio ATP (Mg ATP) que recebe elétrons, estes são passados para outra enzima a molibdênio ATP (Mo ATP) e desta os elétrons são passados para o nitrogênio, transformando o em NH3(Fagan et al., 2017).

Em outras palavras, o Ferro é necessário para que ocorra a fixação biológica de nitrogênio na soja, estando relacionado com os  processos bioquímicos que envolvem a FBN entre outros. As raízes das plantas absorvem Fe da solução do solo mais prontamente como íons Fe2+. A natureza do Fe permite que ele desempenhe papel essencial em reações de oxidação e redução, respiração, fotossíntese e reações enzimáticas (IPNI).

Leia Também:  MANDIOCA/CEPEA: Demanda industrial enfraquecida pressiona cotações


Deficiência de Ferro

O Ferro apresenta baixa mobilidade no solo e na planta, os sintomas de deficiência desse micronutriente em soja são observados nas folhas jovens da planta, e consistem na clorose internerval das folhas, que inicia na base da folha, avançando ao longo na nervura central (YARA, 2024). Com o avanço da evolução da deficiência,  as nervuras também ficam amarelas e, finalmente, toda a folha fica quase branca (Borkert et al., 1994).

Figura 1. Sintomas iniciais de deficiência de Ferro em soja.
Foto: YARA (2024)

A deficiência de Ferro normalmente ocorre em solos calcários, visto que, a faixa de pH de maior disponibilidade do nutriente é inferior a pH 5,5. Normalmente, a deficiência de Fe começa a se manifestar quando a concentração de Fe nos tecidos vegetais passa a ser inferior a 50 ppm. Geralmente, a concentração desse micronutriente nos tecidos foliares de plantas sadias varia de 50 ppm a 250 ppm (IPNI).

A toxicidade de Ferro é observada em solos hidromórficos (solos de várzeas), desde que permaneçam alagados por algumas semanas, ou saturados de água. Nessas condições, o teor de Fe solúvel pode aumentar no solo de 0,1 ppm para até 100ppm, aumentando a absorção pelas plantas e induzindo efeitos tóxicos (Borkert et al., 1994).

Ferro no solo e respostas à adubação

Além da baixa mobilidade, o Fe apresenta baixa solubilidade na solução do solo. Sua solubilidade aumenta a medida em que o pH do solo decai, alcançando níveis ácidos. Normalmente plantas cultivadas em solos com baixo teor de matéria orgânica são mais suscetíveis a deficiência de Ferro (IPNI).
A deficiência de ferro pode afetar processos bioquímicos essenciais para o metabolismo da soja, incluindo a FBN, impactando o fornecimento de nitrogênio para a planta, e desencadeando déficits nutricionais, o que por consequência, pode limitar a produtividade da cultura.

Anúncio

Em casos de deficiência nutricional de Ferro, a adubação da cultura, via solo ou foliar pode contribuir para mitigar os efeitos da baixa concentração de Ferro na planta, entretanto, se tratando de plantas em equilíbrio, a adubação com Ferro pode não trazer expressivas contribuições para o aumento da produtividade em soja (Tavares et al., 2015).

Leia Também:  Mapa estende plantio da soja até 13 de janeiro em Mato Grosso

Em suma, embora requerido em pequenas quantidades, o Ferro é essencial para o metabolismo vegetal, especialmente se tratando de leguminosas como a soja, participando efetivamente da FBN. Sua deficiência pode apresentar sintomas que envolvem a clorose internerval das folhas jovens, e solos saturados podem elevar a concentração de Fe ao ponto de exercer efeito tóxico sobre a cultura. Por apresentar baixa mobilidade na planta, a adubação com Fe deve ser realizada preferencialmente via solo, em zona próximo às raízes da planta.


Veja mais:  Cobre e sua importância para a soja



Referências:

BORKERT, C. M. et al. SEJA O DOUTOR DA SUA SOJA. POTAFOS, Informações Agronômicas , n. 66, 1994. Disponível em: < https://www.npct.com.br/npctweb/npct.nsf/article/BRS-3140/$File/Seja%20Soja.pdf >, acesso em: 09/04/2024.

FAGAN, E. B. FISIOLOGIA DA FIXAÇÃO BIOLÓGICA DO NITROGÊNIO EM SOJA. Revista da FZVA, 2007. Disponível em: < https://itaya.bio.br/materiais/Fixa%C3%A7%C3%A3o%20biol%C3%B3gica%20do%20nitrogenio.pdf >, acesso em: 09/04/2024.

IPNI. FERRO. International Plant Nutrition Institute, Nutri-Fatos: Informação agronômica sobre nutrientes para as plantas. Disponível em: < https://www.npct.com.br/publication/nutrifacts-brasil.nsf/book/NUTRIFACTS-BRASIL-12/$FILE/NutriFacts-BRASIL-12.pdf >, acesso em: 09/04/2024.

OLIVEIRA JUNIOR, A. et al. FERTILDIADE DO SOLO E AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL DA SOJA. Embrapa, Sistemas de Produção, n. 17 Tecnologias de Produção de Soja, cap 7, 2020. Disponível em: < https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/223209/1/SP-17-2020-online-1.pdf >, acesso em: 09/04/2024.

PAULITO, M. T. S.; VIANA, A. M.; RANDI, A. M. FISIOLOGIA VEGETAL. Universidade Federal de Santa Catarina, 2015.

TAIZ, L. et al. FISIOLOGIA E DESENVOLVIMENTO VEGETAL. Porto Alegre, ed. 6, 2017.

TAVARES, I. M. et al. AVALIAÇÃO DA CULTURA DA SOJA ADUBADA COM MICRONUTRIENTE FERRO. XIX Encontro Latino Americano de Iniciação Científica, XV Encontro Latino Americano de Pós-Graduação e V Encontro de Iniciação à Docência, Universidade do Vale do Paraíba, 2015. Disponível em: < https://www.alice.cnptia.embrapa.br/alice/bitstream/doc/1030367/1/Geraldo1.pdf >, acesso em: 09/04/2024.

YARA. DEFICIÊNCIA DE FERRO NA SOJA. YARA Knowledge grows, 2024. Disponível em: < https://www.yarabrasil.com.br/nutricao-de-plantas/soja/deficiencias-soybean/deficiencia-de-ferro-soybean/#:~:text=Os%20sintomas%20da%20defici%C3%AAncia%20de,pr%C3%B3ximos%20%C3%A0s%20bordas%20da%20folha. >, acesso em: 09/04/2024.

Anúncio


Post Views: 10

COMENTE ABAIXO:
Anúncio

Lucas do Rio Verde

MAIS LIDAS DA SEMANA