AGRONEGÓCIO

Inoculação via pulverização como ferramenta complementar de manejo – MAIS SOJA

Publicado em

inoculacao-via-pulverizacao-como-ferramenta-complementar-de-manejo-–-mais-soja

A inoculação da soja com bactérias fixadoras de nitrogênio (Bradyrhizobium spp.) é indispensável para prover o Nitrogênio (N), necessário para boas produtividades. Por meio da fixação biológica de Nitrogênio (FBN), essas bactérias contribuem com todo o N necessário para produtividades médias de até 3600 kg ha-1(Gitti, 2016).

Considerando que o N é o nutriente mais requerido pela soja, uma adequada FBN é essencial para a sustentabilidade e rentabilidade da lavoura. Embora as bactérias fixadoras de Nitrogênio sejam naturalmente encontradas no solo, nem sempre estão presentes em populações suficientes para realizar uma FBN que supra toda a demande de N da soja.

Com isso em vista, é necessário aumentar a densidade populacional dessas bactérias via inoculação da soja com o Bradyrhizobium. Em áreas tradicionais, já inoculadas anteriormente, a reinoculação exerce importante função na manutenção das populações das bactérias fixadoras de N.

Além disso, resultados de pesquisas desenvolvidas pela Embrapa evidenciam ganhos médias de produtividade de 4,5% da soja reinoculada em comparação a soja não reinoculada, havendo incrementos ainda maiores dependendo da região de cultivo e condições ambientais.

Em áreas de primeiro cultivo, a inoculação é ainda mais importante. A baixa população inicial de Bradyrhizobium  no solo pode limitar a produtividade da soja em função da baixa oferta de N pela reduzida FBN. Para que a soja obtenha boas produtividades, o ideal é que se tenha de 15 a 20 nódulos sadios na raiz pivotante por planta de soja.

Nesse sentido, muitas vezes, principalmente em áreas de primeiro cultivo, ao avaliar a nodulação da soja é constatado o baixo número de nódulos ou até mesmo a ausência deles, nos casos mais extremos. Como alternativas para mitigar essa situação, pode-se realizar a inoculação via pulverização no solo.

Leia Também:  Brasil quebra recorde histórico: 100 milhões de toneladas de soja exportadas


Inoculação via pulverização

Embora seja considerado menos eficaz, a inoculação pode ser realizada via pulverização no solo após semeadura, desde que respeitada algumas condições ambientais tais como a umidade do solo (Seixas et al., 2020). Conforme observado por Zilli et al. (2008) a inoculação em pós-emergência da soja é uma alternativa viável, entretanto, com resultados inferiores aos obtidos pela inoculação padrão (via semente).

Tabela 1. Número e massa de nódulos secos e massa de matéria seca da parte aérea, de plantas de soja ‘BRS Tracajá’, 35 dias após a emergência, e rendimento e nitrogênio acumulado nos grãos(1).
Fonte: Zilli et al. (2008)

Os resultados encontrados por Zilli et al. (2008) demonstram que a inoculação via pulverização é uma alternativa viável para uso, demonstrando melhores resultados em comparação a testemunha. No entanto, a inoculação por pulverização em cobertura não deve ser uma prática para substituir a inoculação tradicional nas sementes, haja vista os melhores resultados na inoculação padrão.

Ferramenta complementar

Segundo Kraemer et al. (2023), a inoculação via pulverização tem demonstrado resultados satisfatórios, principalmente quando utilizada de forma complementar a inoculação via sementes, contribuindo para o aumento do número de nódulos por planta e parte aérea das plantas.

Corroborando os resultados anteriores, Mesquita & Silva (2023) afirmam que a aplicação associada, de inoculantes via semente, sulco de semeadura e em barra de pulverização, possibilita a melhoria de variáveis como número de nódulos, massa fresca da parte aérea e massa fresca dos nódulos, indicando que a aplicação do inoculante nas  três formas, garante maior número de bactérias viáveis no solo mesmo em área de abertura.

Anúncio

Dessa forma, embora a inoculação via pulverização possa ser utilizada como medida paliativa, sob condições de baixa nodulação, essa ferramenta deve ser utilizada principalmente de forma associada a inoculação via sementes, atuando como reforço da inoculação.

Leia Também:  Empório Epamig funciona até sexta-feira em Belo Horizonte

Contudo, vale destacar que, quando utilizada a inoculação via pulverização, é preciso que as bactérias fixadoras de nitrogênio alcancem o sistema radicular da soja, pra isso, é necessário o uso de elevadas doses de inoculante (6 a 10 doses) e elevado volume de calda (150 a 200 L.ha-1).


Veja mais: Como ocorre a germinação da soja?



Referências:

GITTI, D. C. INOCULAÇÃO E COINOCULAÇÃO NA CULTURA DA SOJA. Fundação MS, Tecnologia e Produção: Soja 2015/2016, 2016. Disponível em: < https://www.fundacaoms.org.br/wp-content/uploads/2021/02/Tecnologia-e-Producao-Soja-20152016.pdf >, acesso em: 12/06/2024.

KRAEMER, A. L. et al. REINOCULAÇÃO DA SOJA COM Bradyrhizobium japonicum VISANDO SUSTENTABILIDADE E PRODUTIVIDADE. rLAS, 2023. Disponível em: < http://rlas.uniplaclages.edu.br/index.php/rlas/article/view/58/78 >, acesso em: 12/06/2024.

MESQUITA, C. J.; SILVA, T. P. DESENVOLVIMENTO DA SOJA SUBMETIDA A DIFERENTES FORMAS DE INOCULAÇÃO E COINOCULAÇÃO COM Bradyrhizobium japonicum E Azospirillum brasilense. Agroveterinária, 2023. Disponível em: < https://periodicos.unis.edu.br/index.php/agrovetsulminas/article/view/778/511 >, acesso em: 12/06/2024.

SEIXAS, C. D. S. et al. TECNOLOGIAS DE PRODUÇÃO DE SOJA. Embrapa, Sistemas de Produção 17, 2020. Disponível em: < https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/223209/1/SP-17-2020-online-1.pdf >, acesso em: 12/06/2024.

ZILLI, J. É. et al. INOCULAÇÃO DE Bradyrhizobium EM SOJA POR PULVERIZAÇÃO EM COBERTURA. Pesq. agropec. bras., Brasília, v.43, n.4, p.541-544, abr. 2008. Disponível em: < https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-204X2008000400014 >, acesso em: 12/06/2024.


Post Views: 150

COMENTE ABAIXO:
Anúncio
Anúncio

Lucas do Rio Verde

MAIS LIDAS DA SEMANA