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Ex-líder do MST cobrava até R$ 2 mi para devolver terras a fazendeiros

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José Rainha Júnior, líder do grupo sem-terra Frente Nacional de Luta (FNL)
Agência Brasil
José Rainha Júnior, líder do grupo sem-terra Frente Nacional de Luta (FNL)

Preso no último sábado (4), José Rainha Júnior , líder do grupo sem-terra movimento Frente Nacional de Lutas (FNL), chegava a cobrar até R$ 2 milhões para devolver terras invadidas a fazendeiros no interior de São Paulo, segundo a polícia.

De acordo com as investigações, José Rainha, junto com o coordenador nacional da FNL, Luciano de Lima, e Cláudio Ribeiro Passos, o “Cal”, lideravam uma quadrilha suspeita de extorquir cerca de seis fazendeiros da região do Pontal do Paranapanema, no interior paulista. Após a prisão no sábado, no último domingo (5) eles passaram por audiência de custódia e foram mantidos na prisão.

No inquérito policial, uma das vítimas da cidade de Rosana, que fica a 730 quilômetros da capital paulista, contou, em depoimento, que o trio pediu R$ 2 milhões e 20 alqueires de terra para devolver a fazenda dela, invadida em outubro de 2021.

Ainda segundo ela, após a invasão ela foi procurada pelo advogado Cirineu Dias, que manifestou interesse em comprar a propriedade. Ele aparece em uma foto ao lado de Rainha e Lima. 

O líder da FLN, José Rainha (esq), ao lado do advogado Cirineu Dias e de Luciano de Lima
Reprodução Redes Sociais – 08/03/2023
O líder da FLN, José Rainha (esq), ao lado do advogado Cirineu Dias e de Luciano de Lima

Segundo o depoimento da fazendeira, o advogado afirmou a ela que por causa da invasão de sua fazenda por cerca de 200 integrantes da FNL, “teria que pagar José Rainha.”

“Ele chegou a lhe dizer que teria que ser realizado um acordo com Zé Rainha, posto que se ele fosse beneficiado de alguma forma ele tiraria os acampados da fazenda […] A proposta seria que a declarante teria que pagar a José Rainha R$ 2 milhões e mais 20 alqueires. Somente após este acerto com José Rainha a fazenda poderia ser negociada”, diz o inquérito policial.

Ainda de acordo com a vítima, João Batista se apresentou como amigo íntimo de José Rainha e disse a ela que essa seria “a melhor saída” fechar um acordo, pois, caso não o fizesse, “correria o risco de ficar sem nada.”

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“João ainda lhe disse que José Rainha não fazia acordo pequeno, e que se o acordo fosse feito José Rainha levaria com facilidade os acampados para outro local, e poderia garantir que ela [fazenda] não seria invadida novamente”, afirma.

O relatório policial aponta, ainda, que a fazendeira tentou oferecer R$ 700 mil aos invasores, mas sem abrir mão de qualquer pedaço de terra. No entanto, o próprio líder do MST, José Rainha, teria afirmado que não poderia abrir mão dos 20 alqueires.

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“Restou evidente que José Rainha precisava garantir ao menos uma fração da fazenda invadida, de maneira a legitimar o seu discurso frente ao movimento FNL. Por fim, afirmou que José Rainha foi expulso do MST [Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra], justamente por usar de roupagem o movimento social lícito, para encobrir suas condutas ilícitas”, diz trecho do parecer.

Defesa 

No domingo (5), os advogados Raul Marcelo e Rodrigo Chizolini, que representam os líderes da FNL, afirmaram que Rainha e Lima são “dois trabalhadores do campo que lutam por justiça social e reforma agrária” e que “vão utilizar, dentro da lei, todos os recursos necessários” para que sejam soltos.

Já a FNL afirmou acusou a ação policial de “cunho político” e apontou uma “retaliação” às ocupações de nove fazendas feitas em fevereiro, em ação batizada como “Carnaval Vermelho”. A polícia nega. 

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Fonte: IG Nacional

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