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Em MT, 41 terras indígenas estão sendo devastadas por incêndios florestais

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Povos indígenas de Mato Grosso estão sofrendo com os incêndios florestais que atingem o estado desde o começo de agosto. Até o momento, cerca de 41 terras indígenas foram afetadas pelas chamas, segundo a Federação dos Povos e Organizações Indígenas de Mato Grosso (Fepoimt). As consequências desta devastação incluem plantações usadas para sustento dos povos indígenas destruídas e mudanças temporárias de moradias.

De acordo com a Fepoimt, o estado possui 46 povos e 86 terras indígenas, organizados em sete regionais, vivendo em todos biomas do estado: Amazônia, Cerrado e Pantanal.

“O triste de tudo isso é assistir os vídeos, os relatos, porque não é só a casa que pega fogo, são as roças, é o rio que tá seco. Triste também é ver alguns bichinhos queimando, em sofrimento”, relatou a presidente da Fepoimt, Eliane Xunakalo.

De janeiro deste ano até agora, Mato Grosso lidera o ranking de queimadas do Brasil, com 37,2 mil focos de incêndios, conforme dados do Programa BDQueimadas, do Inpe. Somente em agosto, o estado teve mais de 1,6 milhão de hectares atingidos e devastados pelo fogo, segundo uma análise feita pelo Instituto Centro de Vida (ICV), com base nas pesquisas da Administração Nacional dos Estados Unidos de Aeronáutica e Espaço (Nasa). Os três biomas estão em chamas.

Na última sexta-feira (6), o Governo Federal reconheceu situação de emergência em 58 municípios de Mato Grosso.

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Terras em chamas

Nas Terras Indígenas Utiariti e Paresina, na região de Campo Novo do Parecis e Tangará da Serra, o fogo já dura 35 dias, e mais de 200 mil hectares foram destruídos pelo fogo. Segundo um dos líderes do povo Paresi, Gilmar Koloizomae, a população precisa de equipamentos para combater as chamas e alimentos para os indígenas brigadistas.

“Temos só uma equipe de brigadistas que a gente acha que é pouco, e também porque eles têm poucos equipamentos. Então, a gente necessita da ajuda dos municípios, do governo do estado, do governo federal”, ressaltou.

– Alimento comprometido

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Os incêndios também comprometem a alimentação do indígenas, como é o caso dos moradores da Aldeia Piaruçu, na Terra indígena Capoto Jarina, na região do Parque Indígena do Xingu. Segundo Yaka Metuktire, a plantação de mandioca, principal alimento para os filhos e netos, foi destruída.

“Queimou tudo a minha roça. Queimou outra roça da minha mãe também. Isso é a comida que nós comemos, é a nossa alimentação que queimou, não tem mais nenhuma mandioca”, lamentou.

Megaron Txucarramae, umas das lideranças do Xingu, informou que o alimento do povo é a base da farinha, do biju, e, sem conseguir colher o que foi plantado, há o risco de faltar comida para o próximo ano.

“Estamos preocupados com a nossa alimentação natural. Não temos muito recurso para comprar comida que não é nossa”, pontuou.

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Assim também é o caso da Terra indígena Rio Formoso, atingida por um incêndio de grandes proporções no último fim de semana. Ao todo, oito aldeias foram afetadas e a lavoura cultivada pelos moradores foi destruída. Ninguém ficou ferido e as moradias foram salvas (assista acima).

– Busca por abrigo

Também na região do Xingu, a família de Txuire Metuktire, precisou buscar abrigo em outra aldeia, após o fogo se aproximar de onde vive. O mesmo acontece com outras áreas atingidas.

“Estava sofrendo muito por causa da fumaça, sentindo um falta de ar. Meus filhos, meus netos. [quando] acabar a fumaça, vou retornar para a minha aldeia”, relatou.

Medidas do governo federal

Durante uma audiência de conciliação no Supremo Tribunal Federal (STF), nessa terça-feira (10), o ministro Flávio Dino chamou as queimadas da Amazônia e do Pantanal de uma “autêntica pandemia de incêndios florestais” e deu cinco dias para ampliação do efetivo nessas regiões.

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O objetivo da audiência foi avaliar o cumprimento por parte do governo de uma decisão da Corte que determinou a apresentação de planos de prevenção e combate a incêndios no Pantanal e na Amazônia.

Segundo o ministro, os Três Poderes precisam enfrentar o problema assim como fez durante a Covid-19 e as cheias do Rio Grande do Sul.

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Lucas do Rio Verde

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