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Após rombo de R$ 20 bi, o que esperar das ações da Americanas?

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Ações AMER3 acumulam queda de quase 60% no último ano
Reprodução Google
Ações AMER3 acumulam queda de quase 60% no último ano

A Americanas, empresa varejista brasileira, surpreendeu o mercado financeiro no início da noite desta quarta-feira (11) com a notícia de inconsistências contábeis na casa dos 20 bilhões de reais , em ordens anteriores, incluindo o ano de 2022. Com a informação, o CEO Sérgio Rial e André Covre, diretor de Relações com Investidores, renunciaram aos cargos que haviam assumido em 2 de janeiro.

O conselho administrativo da  Americanas elegeu João Guerra, head de RH, para os dois postos interinamente. Rial atuará ainda como assessor, apoiando os acionistas de referência da companhia no processo de apuração do ocorrido.

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Após a notícia, diversos bancos e analistas colocaram a recomendação de papéis da empresa em revisão e destacaram risco de investimento. Para a XP, por exemplo, que antes tinha recomendação neutra nas ações AMER3, o comunicado adiciona várias incertezas em relação a investir nos papéis da empresa, e também trouxe pouca visibilidade sobre o que de fato aconteceu.

Nesta quinta (12), os ativos estão com preço no leilão a R$ 3, o que representa uma queda de 75% em relação ao fechamento da véspera. A empresa já vinha em queda acentuada, de quase 60% nos últimos 12 meses. 

Para Heitor De Nicola, especialista de Renda Variável e sócio da Acqua Vero Investimentos, é difícil projetar o que vai acontecer, mas ele ressalta que o caso é muito sensível e que as ações devem sofrer bastante no curto prazo. 

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“É uma falha de confiabilidade e pode acabar virando uma bola de neve mais para frente. Todavia, é muito cedo para falar, o próprio comitê da companhia vai avaliar de onde tudo isso veio. Além disso, o sinal que o Sergio Rial deu ao pedir para sair da presidência é muito negativo para o mercado e essa inconsistência pode ser um erro de norma contábil ou uma fraude a ser descoberta agora. É um caso muito sensível e pode respingar no mercado como um todo, escalar para uma crise de confiabilidade e temos que acompanhar de perto já que isso pode trazer certa volatilidade para o mercado conforme mais desdobramentos forem saindo”, diz.

Segundo Leo Dutra, analista-chefe da Invius Research, a ação das Americanas não deve influenciar tanto o Ibovespa, já que representa apenas 0.29% do índice, mas pode contaminar o cenário das varejistas como um todo.

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“Ainda não sabemos qual será o efeito cascata desta ação que pode respingar em bancos e também nas outras companhias varejistas que ainda estão neste processo de recuperação de perda desde a pandemia. O fato é que neste momento o mercado está esperando mais detalhes da investigação, para entender a dimensão desta incongruência nas contas da empresa”, comenta.

O que esperar dos papéis

Dutra, da Invius Research diz que com a descoberta dessa inconsistência, divulgada no comunicado oficial, o que se espera é que as Lojas Americanas estejam na verdade muito mais endividadas do que os investidores realmente imaginavam que ela estava, ou seja, estava operando valores maiores do que realmente tinha no seu patrimônio.

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“Não temos como prever o cenário futuro, já que a investigação ainda está muito no início, mas é previsível uma queda no valor da empresa nos próximos dias”, comenta.

O que aconteceu?

Foi descoberto em uma investigação em caráter preliminar inconsistências contábeis que podem chegar no valor de R$ 20 bilhões.

A descoberta está centrada na dívida da Americanas com seus fornecedores, a empresa ainda fala que é possível que ela tenha sido subestimada ao longo dos anos. Nesse tipo de operação é o banco quem paga os fornecedores da companhia, assim a Americanas passa a dever este valor diretamente ao banco e não mais aos fornecedores.

Em comunicado ao mercado, a empresa disse não ser possível determinar todos os impactos das inconsistências no patrimônio da companhia. 

O texto diz que a área contábil da Americanas “identificou a existência de operações de financiamento de compras” bilionárias, que “não se encontram adequadamente refletidas na conta fornecedores nas demonstrações financeiras”, de 30 de setembro de 2022. 

No comunicado, a empresa afirma que as estimativas “estão sujeitas a confirmações e ajustes decorrentes da conclusão de trabalhos de apuração e dos trabalhos a serem realizados pelos auditores independentes”.

O Conselho de Administração criou um comitê independente para apurar o que levou à descoberta. 

Fonte: IG ECONOMIA

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