ECONOMIA

Com Lula, o que já mudou na economia? E o que dá para esperar?

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Lula durante encontro com líderes sul-americanos
Ricardo Stuckert/PR
Lula durante encontro com líderes sul-americanos

Durante o período eleitoral, o então candidato e atual presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), prometeu “recuperar a economia do Brasil”. Após seis meses no Planalto, já conseguiu cumprir alguns dos anúncios da campanha, mas o que de fato pode ser sentido pela população?

Nesse período, houve desaceleração da inflação e queda do dólar . Além disso, a confiança dos consumidores atingiu o maior nível desde outubro de 2022, puxado principalmente pela esperança das famílias de baixa renda.

A taxa de desemprego também caiu para 8,3% no trimestre encerrado em maio, recuando 0,3 ponto percentual (p.p.) em relação ao trimestre encerrado em fevereiro e caiu 1,5 p.p. ante o mesmo período do ano anterior (9,8%).

Inflação

No documento que divulga as diretrizes da coligação “Brasil da Esperança”, de Lula e seu vice, Geraldo Alckmin, eles citam a volta da inflação e colocam como “tarefa prioritária” coordenar a política econômica para combater a alta dos preços e enfrentar a carestia, em particular a dos alimentos e a dos combustíveis e eletricidade.

“Mais do que nunca, o Brasil precisa resgatar a esperança na reconstrução e na transformação de um país devastado por um processo de destruição que nos trouxe de volta a fome, o desemprego, a inflação, o endividamento e o desalento das famílias”, diz o texto.

Nos primeiros seis meses de governo, a inflação medida pelo IBGE está em 2,87%, menor patamar desde 2020, quando a economia foi afetada pela pandemia de covid-19. No mesmo período em 2022, por exemplo, esse índice era de 5,49%.

A queda da inflação nesses primeiros meses de governo pode ser explicada por dois fatores, dos quais um é responsabilidade de Lula e também uma das sua promessas de governo, a de “abrasileirar o preço dos combustíveis”, e a outra é a taxa de juros em 13,75% ao ano.

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Cristina Helena Pinto de Mello, Economista com Doutorado em Economia de Empresas pela FGV, ressalta que a desaceleração nos preços deve-se à queda no preço das commodities e, principalmente, a baixa taxa de câmbio.

“Essa queda na taxa de câmbio pode ser explicada pela política monetária mais contracionista, que está atraindo capital externo. Mas o principal fator é o movimento de credibilidade internacional com relação à nova política econômica e a própria presença do presidente Lula”, declarou.

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Dólar

Quando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) assumiu a presidência, encontrou o dólar a R$ 5,48. No último dia útil do primeiro semestre, a moeda americana fechou o dia vendida a R$ 4,82, quase 12%% (11,97%) a menos do que no início do mandato.

Entre os fatores que têm influenciado a redução estão as taxas de juros, tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos, o avanço do arcabouço fiscal e a possibilidade de substituição do dólar como moeda internacional para transações.

“O que preocupa é que essa baixa taxa de câmbio tira mercado dos nossos produtos produzidos nacionalmente, porque a gente acaba competindo com produtos importados. Fica mais difícil colocar produtos no mercado externo”, ressalta Cristina Helena Pinto de Mello.

Combustíveis

“O país precisa de uma transição para uma nova política de preços dos combustíveis e do gás que considere os custos nacionais e que seja adequada à ampliação dos investimentos em refino e distribuição e à redução da carestia”, dizia o documento de campanha do presidente Lula.

Logo no primeiro dia de governo, ele retirou a Petrobras do programa de privatizações e em maio anunciou o fim da política de paridade de importação, que obrigava a estatal a reajustar os preços de acordo com parâmetros do mercado internacional.

Segundo a média de preços da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), no fechamento de 2022, a gasolina custava R$ 5,36. Hoje, o combustível tem preço médio de R$ 5,12.

PIB

A economia brasileira cresceu 1,9% no primeiro trimestre, superando a expectativa do mercado, que era de uma alta de 1,2% no PIB (Produto Interno Bruto). O resultado foi puxado pelo setor de agronegócio, que registrou crescimento de 21,6% no primeiro trimestre, maior alta desde 1996. Além disso, os serviços também foram um ponto positivo: elevação de 0,6% quando comparado aos últimos três meses de 2022.

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Apesar dos bons índices, o PIB Industrial recuou 0,1% em relação ao trimestre anterior, mas apresenta crescimento de 1,9% quando comparado ao primeiro trimestre de 2022.

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O governo elevou a estimativa de crescimento do PIB de 2,5% para 3%. Como justificativa, Ministério da Fazenda apontou a melhoria no quadro fiscal e inflacionário, que permitirá a redução dos juros e, consequentemente, melhoria na atividade econômica.

Para a economista Cristina Helena Pinto de Mello, é “bastante difícil” que essa meta seja cumprida por se tratar de um período de “estagnação da economia global”.

“Temos poucos fatores impulsionadores da economia. É verdade que o novo arcabouço fiscal e a reforma tributária têm impacto nas expectativas, mas a gente tem restrição nos gastos do governo e seria preciso ter investimentos expressivos para recuperar a economia. É difícil recuperar consumo no cenário atual, primeiro precisaríamos recuperar a renda”, declara.

Ela pontua, no entanto, que o novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) pode impulsionar o gasto público, mas ainda depende de credibilidade do mercado.

Projeção para o segundo semestre depende da Selic

A previsão do mercado é de que os juros comecem a recuar em agosto desse ano, passando a ser de 13,50% ao ano e que o Selic terá uma queda gradual, chegando a 12,25% ao ano até dezembro.

Em recente ata do Copom (Comitê de Política Monetária) foi informado que será conduzido a política de juros necessária para que as metas de inflação sejam cumpridas. Além disso, foi comunicado que haverá perseverança até que o processo de queda de inflação se consolide.

O Comitê reforça que o atual momento demanda paciência e serenidade na condução da política de juros, os passos futuros dependerão da evolução da dinâmica inflacionária.

Mesmo assim, a economista Cristina Helena Pinto de Mello avalia que o fôlego dado pela redução da Selic deve demorar para impactar na economia real.

“A redução na Selic não deve ser expressiva, mas, ainda que fosse, o canal de transmissão não acontece de imediato, tem uma defasagem temporal”, afirma.

Fonte: Economia

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