ECONOMIA

Meirelles critica Lula e aconselha: “Deixe o Banco Central trabalhar”

Publicado em

Henrique Meirelles
Gabriella Collodetti/Ministério da Fazenda – 14.12.17
Henrique Meirelles

O ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles demonstrou insatisfação com o presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em relação aos comentários feitos contra o BC. Na avaliação dele, o petista tem apresentado um comportamento antigo e gera incertezas no mercado.

“O Lula está numa fase diferente. Ele foi presidente duas vezes, depois teve o governo Dilma, que ele acha que foi injustiçado pelo mercado, pelas empresas. Teve uma vida pessoal difícil nesse período. O Lula acha que está num período de fazer aquilo que ele acreditava no passado. É importante mencionar que ele foi candidato em 1989, 1994 e 1998, defendendo linhas desse tipo”, disse o economista em entrevista dada neste sábado (11) ao Estadão.

“O Lula fez uma mudança em 2002, quando lançou a Carta aos Brasileiros, no primeiro mandato. Mas está um pouco numa volta ao passado, às campanhas que ele fez na década de 1990 e, portanto, é algo que é surpreendente considerando que ele fez um governo que deu certo, mas, por outro lado, dá para entender pela história toda o que o está influenciando a essa altura”, acrescentou.

Leia Também:  Banco Central corrige dados cambiais e país fecha 2022 no negativo

Henrique Meirelles foi presidente do Banco Central durante os dois primeiros governos de Lula (2003 a 2010). Em 2016, ocupou o cargo de Ministro da Fazenda no governo Michel Temer, deixando o cargo em 2018 para concorrer ao cargo de presidente da República pelo MDB.

Henrique Meirelles defende independência do Banco Central

Meirelles trata como um erro o presidente Lula criticar o Banco Central. “Esses ataques ao Banco Central, do ponto de vista objetivo do que gostaria o presidente, que é baixar a taxa de juros, têm o efeito contrário. Na medida em que ele ataca o Banco Central, cria ruídos e incertezas no mercado. E o que acontece? As expectativas de inflação sobem, o que força o Banco Central a ser um pouco mais duro na sua política monetária do que seria caso o presidente sinalizasse o contrário”, opinou.

“Deixe o Banco Central trabalhar. É a melhor forma de conseguir que os juros baixem o máximo possível”, aconselhou o ex-ministro.

“Quanto mais o Banco Central for visto como capaz de tomar as suas próprias decisões e controlar a inflação, mais caem as expectativas e mais o BC pode cortar a taxa de juros, que é o desejo de todos, inclusive do próprio Banco Central, desde que não cause inflação e seja possível dentro das projeções inflacionárias dos modelos”, concluiu.

Anúncio

Entre no  canal do Brasil Econômico no Telegram e fique por dentro de todas as notícias do dia. Siga também o  perfil geral do Portal iG.

Fonte: IG ECONOMIA

COMENTE ABAIXO:
Anúncio

Lucas do Rio Verde

MAIS LIDAS DA SEMANA