O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse nesta quinta-feira (18), em entrevista à CNN Brasil, que a redução da taxa básica de juros não é uma questão de “se”, mas de “quando” ocorrerá. O índice está atualmente em 13,75%, maior patamar desde novembro de 2016.
“Não é uma briga de o que fazer, é de quando. E, aí, é claro que a autoridade monetária olha para muitas variáveis e calibra de acordo com o que acha correto. Mas, dentro da técnica, é possível discutir. Se isso não fosse possível, você jamais ouviria uma segunda opinião de um médico”, afirmou.
“Por que você ouve uma segunda opinião de um médico. Para ouvir opinião política? Não. Para ouvir opinião técnica que valide a primeira opinião”, disse.
Haddad também criticou o fato do Banco Central (BC) usar a meta de inflação como referência o ano-calendário.
“Eu penso que há esse aperfeiçoamento para ser feito [na referência da meta]. E acho que, talvez, a oportunidade seja agora de a gente repensar isso à luz dessa conjuntura”, disse.
A meta de inflação deste ano é de 3,25%, podendo variar dentro de um intervalo de 1,5%. Segundo Haddad, o sistema é bom, mas pode ser aprimorado.
“Brasil e Turquia são os únicos países que adotam regime de meta com uma especificidade que, na minha opinião, não faz o menor sentido, que é o tal ano-calendário”, disse.
“O que todo mundo que adotou a meta de inflação fez? Você analisa a economia do país, crava um objetivo e não fixa o ano-calendário. Alguns chamam de meta contínua, ou seja, se é 3 [%], persegue 3 [%]. O regime, na minha opinião, tem funcionado. Eu penso que há esse aperfeiçoamento para ser feito e, talvez, a oportunidade seja agora”, complementou.
O ministro também afirmou que a autoridade monetária já era independente antes mesmo da aprovação da autonomia, em 2021.
“O [Henrique] Meirelles era independente, o Armínio Fraga era independente. Vários presidentes tiveram essa liberdade”, disse.