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Cuiabá registra 380 crimes contra menores de idade em 4 meses

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Entre janeiro e abril, a Delegacia de Defesa dos Direitos da Criança e Adolescente (Deddica) da Capital recebeu 380 denúncias de crimes diversos, entre agressões, abuso e exploração sexual. São em média 3 denúncias por dia, que resultaram em 207 Autos de Investigação Preliminar (AIPs), 96 Termos Circunstanciados de Ocorrência (TCOs) e 77 inquéritos policiais, entre concluídos e em andamento. Mas os números podem ser maiores se levada em consideração a demanda reprimida em decorrência do isolamento social, determinado como medida de contenção do coronavírus.

Um dos últimos casos registrados envolveu denúncia de agressão contra uma criança de 8 anos, que teve a mão direita queimada com uma faca pela própria mãe. A acusada disse que o ato foi apenas um corretivo para que o filho não virasse bandido. A agressão ocorreu porque a criança comeu um doce da geladeira, que não deveria. Como resultado, o menino e a irmã de 5 anos foram retiradas da família.

O delegado titular da Deddica, Francisco Kunze, comenta a possível demanda reprimida. Conforme ele, o número de denúncias caiu, inclusive pelo canal disque 100, que tem uma contribuição significativa no combate à violência contra menores. A unidade, com efetivo reduzido, também teve que se adequar com plantões no atendimento. As oitivas são agendadas para evitar aglomeração de pessoas e, com isso, naturalmente o trâmite fica mais lento. Os casos mais graves são priorizados e as investigações são iniciadas tão logo a denúncia chega.

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Quando a violência contra vulneráveis ocorre no ambiente doméstico, a maior preocupação está em afastar a vítima do agressor. Mas, nas classes mais pobres, muitas vezes o fato de o agressor ser o mantenedor da casa faz com que a situação de abuso não seja denunciada, informa o delegado. A miséria social faz com que o crime se perpetue. “Na balança, muitas vezes, a mulher do agressor, que pode ser pai ou padrasto da vítima, mesmo sabendo dos abusos praticados contra um dos filhos, cala-se, para que o restante da família não passe fome”.

O Conselho Tutelar em Cuiabá aponta para um grande número de denúncias nos últimos dias. Somente no perímetro que abrange os bairros da região norte e Grande CPA foram pelo menos 5 casos graves de violência e abusos contra crianças nas últimas semanas, incluindo o caso da criança que teve a mão queimada.

Segundo Osvir Henrique Leite Filho, que coordena os trabalhos na região, com o isolamento das famílias, as crianças mais uma vez se tornam os maiores alvos das agressões. Os profissionais percebem nos atendimentos sociais que, apesar de os responsáveis pedirem ajuda para compra de alimentos e medicamentos, o que se verifica nas visitas nas casas é que os adultos estão reunidos em festa, regada a bebidas alcoólicas, enquanto as crianças sim, passam privações. “Nós somos vistos como vilões. Nos acusam de destruir os lares quando somos chamados para atuar em casos de violência e abusos. Grande parte da população compactua com a violência”, lamenta Osvir Filho. Reforça que a sociedade precisa continuar denunciando para não correr o risco de, por omissão, contribuir para uma tragédia.

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TEXTO: GAZETA DIGITAL

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