Os pesquisadores investigam as consequências da presença desses peixes no ecossistema pantaneiro.
Segundo o professor e doutor em ecologia da Unemat, Wilkinson Lopes Lázaro, a presença do animal é preocupante, pois, além de se tratar de uma espécie de outro ecossistema, é um peixe agressivo, territorialista e defensor de seus filhotes.
Geralmente, o tucunaré é uma novidade evolutiva no ecossistema onde ele é inserido e, consequentemente, leva vantagem sobre as outras espécies de peixes. Então ele pode acabar desregulando as relações ecológicas já estabelecidas entre as espécies da região, explica.
Isso significa que, além de diminuir a diversidade de outras espécies de peixes da região, as populações de tucunaré também podem crescer significativamente, desequilibrando ainda mais a fauna local.
Os predadores naturais da região, como garças, jacarés, ariranhas e outros peixes, ainda não estão acostumados com o tucunaré, assim não o veem como uma presa específica.
Além disso, a população humana local não vê o tucunaré como uma espécie alimentar, como na Amazônia, seu habitat natural. Logo não existe um manejo de pesca específico.
Conversando com pescadores e moradores da região, nós encontramos um impasse. Uns afirmam que algumas espécies estão acabando, como o traíra, a piranha e a piraputanga, enquanto outros falam que não houve nada. Nosso interesse é encontrar um ponto parcial, conta o professor.
A água do córrego Padre Inácio é bem clara, facilitando a adaptação, enquanto o Rio Paraguai possui uma coloração mais escura.
A suspeita dos pesquisadores é de que o peixe esteja usando o rio como um corredor para povoar suas lagoas laterais – baías – que são mais claras.
Outra hipótese é de que houve uma adaptação de comportamento para também se utilizar do habitat de água mais escura, porém, isso ainda não pode ser confirmado.
Além de Wilkinson Lopes, fazem parte do grupo de pesquisa os professores Claumir Cesar Muniz, Ernandes Sobreira Júnior, ambos da Unemat; Gustavo Zaninelo, da Faculdade de Quatro Marcos; Sérgio Santorelli Júnior, Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia (Inpa); Hugmar Pains, da UFMT, Gustavo Leite, do Centro Universitário de Desenvolvimento do Centro Oeste (UNIDESC).
G1 MT