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Polícia indicia 113 pessoas; grupo movimentou cerca de R$ 52 mi

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A Polícia Civil indiciou 113 pessoas ligadas à facção Comando Vermelho investigadas na Operação Red Money, deflagrada em agosto deste ano.

A investigação foi comandanda pela Gerência de Combate ao Crime Organizado (GCCO) e a Diretoria de Inteligência. O inquérito policial foi encaminhado à Justiça na tarde desta quinta-feira (11).

Para conclusão da investigação, foram produzidos relatórios, perícias e documentos arrecadados na investigação, juntados aos autos do inquérito, que tem 30 volumes com cerca de 6 mil páginas, entre os autos principais e apensos.

Somente o relatório final tem 388 páginas. Junto ao inquérito seguem também ao Fórum de Cuiabá produtos apreendidos, como joias.

Os criminosos investigados na operação eram responsáveis pela arrecadação financeira e movimentação de valores pertencentes à facção criminosa. A movimentação financeira da organização, no período de um ano e meio, chegou a cerca de R$ 52 milhões, entre entradas e saídas nas contas bancárias verificadas.

A primeira fase da operação foi deflagrada no dia 8 de agosto deste ano e a segunda, complementar à investigação, foi executada no dia 1º de outubro.

Durante a investigação foram expedidos 110 mandados de prisão preventiva, sequestro de 23 imóveis, incluindo uma fazenda em Salto do Céu, apreensão de cerca de R$ 60 mil, em joias, bloqueio e sequestro de valores em contas bancárias, além de apreensão de dinheiro em espécie, atingindo a aproximadamente R$ 730 mil.

Do patrimônio sequestrado e apreendido, estão à disposição da Justiça 21 automóveis, 18 motocicletas, cinco caminhões e um semi-reboque, além de seis empresas interditadas que tiveram sua atividade econômica suspensa.

“Esse inquérito policial é resultado de um grande esforço investigativo, com a participação de dezenas de policiais que atuaram de forma exemplar”, afirmou o delegado Luiz Henrique de Oliveira, coordenador de Inteligência da Polícia Civil.

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Ele falou também a respeito da complexidade da investigação, que começou em maio de 2017. “Devido à individualização das condutas e o papel desempenhado pelos membros da organização criminosa, com uma divisão clara de tarefas, optou-se por realizar uma divisão de indiciados por núcleos, inclusive, facilitando o manuseio dos autos e a gestão do futuro processo criminal”, disse.

Núcleo de arrecadação financeira

Pela arrecadação financeira, a Polícia Civil indiciou 24 pessoas, que eram responsável pelo dinheiro da faccão criminosa, com gerenciamento do cadastramento e cobrança de mensalidade de traficantes, cobrança de mensalidade junto aos faccionados (taxa de camisa) e extorsão em estabelecimentos comerciais, a título de taxa de segurança.

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Os principais líderes do núcleo de arrecadação, todos condenados pela Justiça, são: Demis Marcelo Ferreira Mendes (“Fusca”), responsável pelo tráfico de drogas; Fábio Aparecido Marques do Nascimento (“Lacoste” ou “Zaca”), responsável pelo sistema de arrecadação da região Sul de Mato Grosso; Fábio Junior Batista Pires (“Farrame”), responsável pelo cadastramento de faccionados.

Núcleo de movimentação financeira

Pertencentes ao núcleo de movimentação financeira foram indiciados 25 integrantes. A operação demonstrou que dezenas de contas bancárias foram utilizadas para movimentação do dinheiro ilícito arrecadado pela facção. Geralmente, as contas eram pertencentes a familiares e pessoas próximas aos líderes do esquema, todos já condenados e presos na Penitenciária Central do Estado.

Além disso, empresas foram abertas para realização de lavagem de dinheiro, dissimulando a origem dos valores recebidos através da atividade comercial, como é o caso de uma empresa de informática sediada em Várzea Grande, tratando-se da principal pessoa jurídica utilizada pela organização. A empresa foi interditada pela Justiça.

Os principais arquitetos do esquema de movimentação financeira e gerenciamento do dinheiro arrecadado são os seguintes indiciados: Jonas Souza Gonçalves Junior (“Batman” ou “K9”), Francisco Soares Lacerda (“DF” ou “Brasília”), Ulisses Batista da Silva (“Coroa”).

Somente em contas bancárias de mulheres, parentes e empresa vinculadas a essas lideranças, foram constatadas entradas superiores a R$ 10 milhões, colocando os principais lideres (Jonas, Francisco e Ulisses), no topo da “pirâmide”, que possibilitava a eles oferecer padrão de vida as suas mulheres bem superior ao da maioria dos colaboradores financeiramente da facção criminosa, que pagam mensalidades.

Núcleo intermediário e Núcleo de base

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Nos dois núcleos está a maior parte dos indiciados, totalizando 64, os quais também desempenhavam papel financeiro, realizando movimentações e transações bancárias em favor da facção criminosa.

Conforme explicou o delegado Diogo Santana de Souza, titular da Gerência de Combate ao Crime Organizado, “boa parte desses correntistas agia mediante determinações de pessoas que já estavam presas. Ao longo da investigação foi possível identificar vários criminosos que estavam por trás desses correntistas”.

 

Dezenas de contas bancárias funcionavam como “contas de captação”, com transferência de dinheiro para contas mais fortes, em um típico sistema de pirâmide.

 

O delegado Gustavo Colognesi Belão, que fez parte da equipe de investigação na operação Red Money, disse que os indiciados não apenas movimentavam dinheiro da facção criminosa em si, mas também movimentavam dinheiro obtido através dos crimes que praticavam individualmente, como assaltos e tráfico de drogas. “Por outro lado, foi percebido que os criminosos financiam mutuamente, emprestando dinheiro uns aos outros para fomentar a prática de crimes”, disse.

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Entre as lideranças da facção já conhecidas em razão dos vários processos que respondem na Justiça, foram indiciados como participantes desses últimos núcleos os seguintes condenados, os quais se valiam da esposa e da filha para realizar suas movimentações ilícitas: Aldemir de Assis Campo (“Tuca” ou “Japa”), Paulo César Rosa (“Paiacã”).

Núcleo de tráfico de drogas

Ao longo da investigação, ficou comprovado que além das mensalidades cobradas junto a traficantes, a facção comanda o tráfico dentro dos estabelecimentos prisionais.

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A coordenação da operação observou que as constantes ações e apreensões realizadas pelo Sistema Prisional demonstram que ainda existe a entrada de aparelhos celulares e drogas dentro dos presídios, apesar de todos os esforços empreendidos para coibir essa prática.

Segundo os delegados, é observado um constante aprimoramento no trabalho de fiscalização, com o consequente aumento das apreensões e troca de informações na área de inteligência.

Durante os trabalhos de investigação foi possível identificar as principais lideranças do tráfico de drogas, realizado dentro da Penitenciária Central do Estado, inclusive, após análise do material apreendido, obteve-se informações a respeito da arrecadação obtida com a comercialização das drogas.

Dos responsáveis pelo tráfico no interior da penitenciária, todos eles já estavam vinculados na operação em razão de sua atuação financeira. São eles: o chefe do tráfico, Demis Marcelo Ferreira Mendes (“Fusca”), o fornecedor de drogas, Janderson dos Santos Lopes (“Cowboy”), e o gerente do tráfico, Paulo Ricardo Santana (“Macarrão”).

Ao finalizar a operação “Red Money”, o delegado Luiz Henrique de Oliveira analisou resultado obtido e da importância do trabalho frente ao problema das facções criminosas que desafia o sistema de segurança pública de todo o País.

“Aqui em Mato Grosso nos dedicamos a aprofundar o conhecimento a respeito dessas organizações, o que permitiu deflagrar essa operação, atingindo fortemente a organização criminosa no aspecto financeiro e patrimonial. Entendemos que esse foco deve ser mantido e outras investigações nesse campo devem ser levadas a efeito. Além do processo criminal e da provável condenação dos envolvidos, temos que aproveitar todo o conhecimento produzido com essa investigação, a respeito da forma de agir da facção, de suas fontes de renda, das lideranças que foram identificadas”.

Fonte:Midia News

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