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SEGUNDO ORGANIZAÇÃO: Mulher indígena teve que viajar 500km com bebê morto no ventre para ser atendida

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Diversas lideranças tem denunciado a situação de abandono sofrida pelos indígenas em Mato Grosso em relação aos casos de Covid-19. Além disso, no entanto, há ainda a denúncia de discriminação. Um dos casos seria o da xavante Liliane, de 26 anos, que perdeu o bebê no último dia 4 de agosto.

 

                                                          

 

Segundo a Operação Amazônia Ativa (Opan), a mulher teria “como um possível vetor de transmissão do novo coronavírus e não como uma gestante”, e, após perder o bebê, teve que viajar 500km em estrada de terra com o filho morto no ventre, sob a alegação de que “não havia profissional para fazer a cesariana”. A cirurgia aconteceu somente 72 horas após o óbito.

 

 

“O mesmo vírus que serve de aval para que o governo drible leis internacionalmente consolidadas amplia o olhar discriminatório contra os indígenas. Em Mato Grosso, há casos em que unidades de saúde pública restringem o acesso dos Xavante de Marãiwatsédé aos serviços com a alegação de que os povos não têm controle sobre a disseminação do corononavírus em suas aldeias”, explica a Opan.

 

 

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No caso de Liliane, ela estava grávida de 38 semanas, e queria dar à luz na aldeia. No entanto, teve problemas e precisou ser atendida na rede hospitalar. “Liliane sentia as movimentações do filho em seu ventre quando chegou ao Hospital Regional João Abreu Luz, em São Félix do Araguaia”, garante a Operação.

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Ainda segundo a Opan, a mulher foi tratada de forma discriminatória, como “um possível vetor de transmissão do novo coronavírus”, e por isso não teria sido atendida a tempo, e perdido o bebê.
 

 

Depois disso, ela ainda teve que viajar até Água Boa para a retirada do bebê. “O hospital que a atendeu não fez a cesárea que deveria retirar o natimorto alegando que o único cirurgião disponível tinha mais de 60 anos e não poderia realizar o procedimento para não ter contato com a indígena contaminada com a Covid-19”, lamentam.

 

 

Liliane viajou os 500 quilômetros em estrada de terra, e a retirada do bebê só aconteceu 72 horas após a morte, já no Hospital de Água Boa. "É preciso trabalho conjunto. O planejamento de uma comunicação mais ampla garantiria o sucesso de muitas ações e combateria discriminações. O desafio está lançado para todos que podem colaborar no enfrentamento dessa pandemia", afirma o coordenador-geral da Operação Amazônia Nativa (OPAN), Ivar Busatto.

 

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Outro lado

 

 

O Hospital Municipal Prefeito João Abreu Luz nega que tenha havido discriminação, e tem divergências também sobre o tempo da gravidez e sobre as datas dos procedimentos. Eles se manifestaram por meio de nota:

 

 

Esclarecemos que a paciente L. T. E. deu entrada no Hospital Regional do Araguaia às 01:55, no dia 23/06/2020, sendo prontamente atendida, avaliada pelo médico plantonista, realizado ultrassonografia e exames laboratoriais de urgência, admitida em leito de enfermaria com presença da acompanhante, assistência de enfermagem e médica, sendo administrado todos itens da prescrição médica. Admitida para evolução, indução de parto normal ou procedimento cirúrgico se necessário.

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O laudo da Ultrassonografia Obstétrica constou ausência de movimentos fetais, ausência de movimentos respiratórios e ausência de fluxo ao doppler cardíaco, gestação única de 42 semanas (+/- 1 Semana), sendo uma provável gestação pós termo (Pós-datismo ou Pós termo é a gestação que se prolonga por ≥ 42 semanas), diagnóstico já repassado pela médica do Município de Alto Boa Vista e confirmado pelo hospital.

 

 

Ato contínuo, a administração do hospital entrou em contato com a secretária de Saúde do Município de origem da paciente, Bom Jesus do Araguaia-MT, no qual foi confirmada a residência e nos informado que o cônjuge da mesma era vereador do Município de Bom Jesus do Araguaia-MT, município este que tem referência para atendimento no Hospital Regional de Água Boa-MT, local onde teria a especialidade necessária para o procedimento.

 

 

Após ser descartada qualquer possibilidade de risco de vida de L.T.E. e já confirmado óbito fetal, a paciente foi encaminhada com autorização/regulação para Hospital Regional de Água Boa-MT através da Secretaria de Saúde de Bom Jesus do Araguaia-MT, sendo admitida no mesmo dia em Água Boa e realizado procedimento no dia seguinte, data de 24/06/2020 às 16 horas, conforme relato do DSEI/XAVANTE.

Fonte: Portal Sorriso

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