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Desinfluencers contestam ‘vida perfeita’ e consumo exagerado nas redes

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Desinfluencers contestam 'vida perfeita' e consumo exagerado nas redes
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Desinfluencers contestam ‘vida perfeita’ e consumo exagerado nas redes

Depois de aparecer nos pés de celebridades como A$AP Rocky, Bella Hadid e Hailey Bieber, o Adidas Samba se tornou um dos tênis mais cobiçados do ano passado e chegou a esgotar em lojas físicas e sites em vários países. De acordo com o relatório The Lyst Index, o modelo foi o quinto produto mais desejado do terceiro trimestre de 2022.

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No Brasil, 59% dos entrevistados disseram já ter realizado uma compra após ver um produto ou serviço no Instagram, revela um estudo encomendado pela Meta. Outro estudo, desta vez divulgado pelo Google durante o evento Think Beauty & Fashion em São Paulo, revelou que quatro das dez marcas de maquiagem mais pesquisadas no país são de influenciadoras.

Em resposta a esse consumo impulsivo e exacerbado, vem ganhando força um movimento de caráter questionador: “Você precisa mesmo comprar isso?”, “5 produtos que não valem o preço”, “Coisas que eu comprei influenciada pelas blogueiras e me arrependo”. É a chamada “desinfluência”, em referência aos famosos “influenciadores digitais”.

Somente no TikTok, a hashtag “desinfluencer” acumula 19,4 milhões de visualizações. Em inglês ( “deinfluencer” , sem o “s”), são 82 milhões. A ideia é trazer a realidade, expor uma opinião sincera sobre aquele produto que as pessoas estão consumindo em massa, se você usou e não gostou, se o produto não entregou aquilo que promete. É romper com a ideia de que nas redes sociais tudo é perfeito.

“Esses espaços para expor a realidade e trazer opiniões já existiam”, afirma Larissa Oliveira, Social Media Coordinator na Media.Monks, empresa que oferece serviços de tecnologia, publicidade e marketing digital. “A gente tem o YouTube já há alguns anos, que é repleto de reviews, com prós e contras de produtos. Tem o próprio Google, com comentários e avaliações sobre marcas, só que em forma de texto. E agora, mais recentemente, temos o TikTok e o BeReal. Essas redes disseminam essa ideia de ‘seja real, aqui é um espaço para você falar de coisas que você acredita ou não acredita, mostrar sua vida real’”.

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O TikTok é a rede social preferida dos “desinfluencers”. “O TikTok já surge com esse intuito, de ser um espaço em que as pessoas podem se sentir mais à vontade para se expressar. E também é uma plataforma que ainda não tem tanta presença de publicidades; isso vem mudando, mas ainda não chegou perto de redes sociais como o Instagram. Então, as pessoas se sentem mais confortáveis em falar coisas que em outras redes ainda não estão sendo faladas, como: ‘Olha, esse produto não cumpre o que promete’. E além disso, os vídeos viralizam muito rápido dentro da plataforma, e isso vai gerando cada vez mais força para esse movimento”, explica Larissa.

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Janaina Kizema adotou o nome “@desinfluencerjana” no TikTok. Em março, um vídeo em que ensinava a fazer cachorro quente de “forma errada” alcançou 2,8 milhões de visualizações e mais de 240 mil curtidas na rede social. “Antes, o meu conteúdo era irônico e eu fazia as coisas ‘erradas’ de propósito, justamente para receber críticas e vitalizar”, diz. “Agora estou levando um pouco mais a ‘sério’ e pretendo mudar a nomenclatura”.

Alguns também questionam a tal “vida perfeita” vendida pelas influenciadoras no Instagram, como o hábito de comprar uma roupa nova toda semana, se alimentar de forma regrada e saudável todos os dias ou nunca faltar à academia.

@nutri.giovana É tão triste ela colocar isso como um troféu, mas isso é construção da nossa sociedade. Meu trabalho aqui é conscientizar e ajudar vocês, assim como várias influenciadoras deveriam fazer! #nutricaocomportamental #nutricomportamental #empazcomacomida #pazescomacomida #conscientização #jadepiconn #comersemculpa ♬ som original – Giovana Cassiano


Outros recomendam alternativas “baratinhas” para produtos que, muitas vezes, são considerados caros e inacessíveis para quem tem menor poder aquisitivo. São os chamados “dupes” (que vêm de “duplicate “, ou “duplicar”, em português). Essa prática já é bem conhecida no mundo da moda — e acontece quando lojas de fast fashion, como Renner, C&A, Zara e Shein, produzem suas próprias versões de baixo custo de peças de luxo. Mas agora esse movimento também tem ganhado força no mundo da beleza.

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Isso quer dizer que o marketing de influência pode acabar?

Pelo contrário, ele pode ganhar ainda mais força, avalia Larissa Oliveira. “O consumo depende de opiniões. São elas que movimentam as compras. As pessoas precisam escutar outra pessoa falando daquele produto ou serviço para gerar desejo, identificação e confiança. No mundo digital, as informações circulam e são consumidas de forma muito rápida, e o comportamento do consumidor também se atualiza de acordo com o que está sendo disseminado. Então, as empresas e os influenciadores precisam acompanhar essas evoluções e atualizar suas estratégias”, comenta.

Mas afinal, “desinfluenciar” ainda é uma forma de influenciar?

Digamos que sim. “Quando você está expondo sua opinião falando ‘Olha, não compre isso porque não funciona’, você está influenciando outra pessoa a não comprar, do mesmo jeito que os influenciadores que falam bem do produto incentivam a comprar”, menciona Larissa.

De fato, tanto informações positivas quanto negativas circulam nas redes sociais sobre determinado produto ou serviço. Isso sempre aconteceu, mas agora vem ganhando cada vez mais força. Para a especialista, as empresas precisam olhar para a situação de forma estratégica, focando no que o produto ou serviço realmente entrega e qual é o seu proposito.

Outro ponto mencionado por Larissa Oliveira é a importância de conhecer a essência do consumidor. “As pessoas estão cada vez mais atentas a preocupações ambientais e sociais. Então, é preciso entender quem de fato é seu consumidor e não ignorar o que está a sua volta. Essas preocupações vão ser cada vez mais cobradas das marcas”, finaliza.

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Fonte: Mulher

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