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Para garantir paternidade no futuro, homens congelam o próprio sêmen

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Técnica já gerou filhos de material genético congelado duas décadas atrás
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Técnica já gerou filhos de material genético congelado duas décadas atrás


Em 2016, o contador José Carlos* precisou fazer um check-up de exames antes de seu aniversário de 47 anos. Entre incontáveis análises clínicas e diversos hemogramas, ele decidiu fazer um procedimento que sempre o assustou: um exame de fertilidade. Solteiro, ele ainda sonhava com a possibilidade de ter um filho, mas a rotina e as demandas do trabalho o fizeram esperar por esse momento.

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O resultado, no entanto, o apavorou: seus níveis de fertilidade estavam decaindo rápido demais para um homem de sua idade, e, se ele esperasse mais do que alguns anos, ele poderia nunca ter um filho biológico. “Achei que eu iria morrer ali naquele momento. Por ser homossexual, foi até mais difícil, todos sabem como é caro e complicado ter um bebê assim.”

Chateado com a situação e bem longe de ter um filho, o contador não sabia o que fazer. “Achei que ia surtar, juro. Não sabia que tinham alternativas.” Foi ao receber o resto dos resultados que o médico de José o acalmou: assim como o congelamento de óvulos é uma alternativa para as mulheres, os homens também podem congelar seus gametas.

A vitrificação, termo médico para o congelamento de gametas masculinos, é um método de criopreservação que busca preservar o sêmen para aplicação futura em técnicas de reprodução assistida. ;

“Guardamos esse sêmen em uma temperatura de -196 graus, para que ele possa ser utilizado no futuro. É uma tecnologia bastante simples, onde se colhe o material normalmente por masturbação. O sêmen é misturado a crioprotetores em um processo de esfriamento e depois depositado em tanques de nitrogênio líquido”, explica o médico e diretor da Clínica Origen BH, Marcos Sampaio.

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Qualquer indivíduo pode optar por ter seu sêmen congelado, mas “a fertilidade do homem dura muito mais do que a da mulher, e por isso as indicações de congelamento de sêmen são mais restritas”, afirma o médico. ;

Na maioria das vezes, o procedimento é realizado em indivíduos com doenças que podem reduzir a fertilidade, que vão realizar quimioterapia, que sofrem dificuldade na coleta de esperma, que exercem profissões que oferecem risco à fertilidade, que irão realizar vasectomia ou em doadores de sêmen. Outra opção é o congelamento de sêmen para mulheres trans ou para homens que desejam ter filhos após os 50 anos. ;

Estudos mostram que, conforme o homem envelhece, a quantidade e a qualidade de seus espermatozoides pode diminuir gradualmente. ”Nessa idade pode ocorrer uma perda na qualidade do sêmen e um aumento no risco de proliferação de doenças genéticas”, aponta o médico ginecologista formado pela Universidade de São Paulo (USP) e diretor clínico da clínica de reprodução assistida Medicina de Atendimento Especializado (MAE), Alfonso Massaguer. ;

Além disso, outros fatores de risco como estilo de vida, doenças, uso de drogas, consumo de álcool e uso de medicamentos também podem afetar a qualidade do esperma.

A técnica, apesar de simples, tem grande eficácia. “Tenho filhos de pacientes que congelaram o sêmen a 15 e 20 anos atrás, essa técnica é muito consagrada e segura. A taxa de gravidez na fertilização in vitro com um sêmen congelado é quase a mesma de um sêmen fresco”, conta o profissional.

Com uma amostra normal de sêmen, Alfonso afirma que é possível ter muitos filhos, já que cada ejaculação pode render várias ‘pequenas paletinhas congeláveis’, permitindo diversas tentativas de fertilização in vitro.

Ele adverte que o sucesso do procedimento pode ser comprometido se o homem tiver problemas de saúde, como baixa qualidade do sêmen ou a presença de doenças genéticas. Além disso, se o homem optar por congelar o seu sêmen após uma vasectomia ou tratamento como a quimioterapia, é importante lembrar que o material pode perder qualidade ao longo do tempo, tornando-o menos eficaz no processo de criopreservação.

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“Quando os espermatozoides são descongelados, há uma certa perda que pode ser calculada e mensurada pela equipe do laboratório”, afirma a médica e docente de Medicina da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Maria do Carmo Borges de Souza. O risco é atenuado, segundo a profissional, quando se fazem esses exames e quando a clínica tem o “cuidado em descongelar uma pequena alíquota da amostra para verificar como os espermatozoides sobrevivem no descongelamento.”

Mas que médico devo buscar se quero congelar meu esperma? Na dúvida, é importante fazer como José Carlos* e visitar um médico de confiança – andrologistas e urologistas são os profissionais capacitados na saúde reprodutiva do homem. Para congelar o material genético, basta buscar uma clínica de reprodução ou um banco de esperma. “Um profissional de qualidade irá realizar uma avaliação para verificar se o homem está saudável, incluindo testes para hepatite e outras doenças”, conta Alfonso. ;

Na maioria das clínicas, o procedimento costuma custar entre R$ 3 mil a R$ 5 mil, valor bem mais baixo do que as técnicas de reprodução para o sexo feminino, que podem custar até R$ 20 mil. Também é necessário pagar um valor de manutenção mensal de R$ 100 a R$ 200 ; para manter o material genético congelado no nitrogênio.

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Em casos de urgência, como em situações de quimioterapia ou radioterapia, Alfonso conta que pode ser necessário congelar a amostra de sêmen imediatamente, mesmo que ele não esteja em sua melhor condição. “Já em casos em que o homem deseja realizar uma vasectomia, é importante avaliar a possibilidade de adiar o procedimento para que se possa obter uma amostra de melhor qualidade para congelamento”, conclui.

Fonte: Mulher

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Lucas do Rio Verde

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