POLÍCIA

Chefe da Funai previu repasse de até R$ 1,5 mi a cacique Xavante

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Uma conversa entre o coordenador regional da Funai em Ribeirão Cascalheira, Jussielson Gonçalves Silva, e o cacique Xavante Damião Paridzane mostra um acordo para promover o reajuste dos valores do suposto esquema de arrendamentos ilegais para criação de gado na Terra Indígena Marãiwatsédé.

 

 

O diálogo foi gravado por policiais federais com autorização da Justiça.

 

 

A intenção do coordenador, segundo a PF, era fazer com que o cacique faturasse R$ 1,5 milhão por mês com os arrendamentos. Conforme a Polícia Federal, atualmente a liderança indígena recebia R$ 900 mil mensalmente.

 

 

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Jussielson e Damião foram alvos da Operação Res Capta, deflagrada na manhã desta segunda-feira (17) pela Polícia Federal.  O diálago consta em pedido de sequestro de valores das contas vinculadas ao cacique, que foi atendido pela Justiça.

 

 

Na conversa,  o coordenador informa à liderança indígena que vai marcar com os fazendeiros para realizar a medição do pasto e aumentar o valor do arrendamento.

 

 

O cacique autoriza o serviço, mas demostra certa preocupação com as reuniões que Jussielson estaria realizando com os fazendeiros na Funai.

 

 

“Tá vindo um por um, cacique. Não é reunião não. Pelo amor de Deus. Tá vindo um por um. Não pode fazer reunião. Tá vindo um por um. Hoje veio outro fazendeiro. A partir de amanhã o pessoal tá descendo pra começar a medir o pasto lá. Não, não é reunião não, cacique. Pelo amor de Deus”, respondeu o coordenador.

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Em outro momento, Jussielson alerta Damião que tem fazendeiro “roubando-o” porque era para estar pagando R$ 200 mil e está repassando só R$ 80 mil pelo arrendamento. E, na sequência promete:

 

 

“É como eu falei pro senhor: até o ano que vem, o senhor tem que tá ganhando um milhão e meio. Até o ano que vem (sic)”, disse.

 

 

Por fim, o coordenador avisa que vai começar a pressionar o “pessoal” para fazer o pagamento. O cacique responde: “tá, tá bom. Ótimo (sic)”.

 

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Veja fác-simile: 

 

 

 

 

A operação

 

 

No total, a Polícia Federal cumpriu três mandados de prisão – um deles contra Jussielson – sete mandados de busca e apreensão e sequestro de bens, duas ordens judiciais de afastamento de cargo público, duas ordens judiciais de restrição ao porte de arma de fogo e outras quinze medidas cautelares em Ribeirão Cascalheira  e Barra do Garças.

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Segundo as investigações, a terra era usada para a criação de gado. Foi constatado que servidores da Funai de Ribeirão Cascalheira estariam cobrando propina de grandes fazendeiros da região para direcionar e intermediar os arrendamentos.

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Exames periciais apontaram extenso dano ambiental provocado por queimadas para formação de pastagem, desmatamento e implantação de estruturas voltadas à atividade agropecuária.

 

 

Apenas em quatro dos quinze arrendamentos ilícitos, o valor para reparação do dano ambiental é estimado em mais de R$ 58,1 milhões.

 

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A Justiça Federal em Barra do Garças, que autorizou a operação, deu prazo de 45 dias  para que os fazendeiros que estão arrendando terras no Interior da Reserva Indígena desocupem a área e retirem de lá todo o gado, estimado em aproximadamente 70 mil cabeças.

 

 

Caso a ordem judicial seja descumprida, poderá ser decretada a prisão dos arrendatários – já qualificados – assim como determinado o sequestro de todo gado inserido na Reserva Indígena.

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Lucas do Rio Verde

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