Sob forte protesto, a comunidade escolar da Escola Estadual Adalgisa de Barros, em Várzea Grande, rejeitou o projeto de militarização proposto pela Secretaria Estadual de Educação (Seduc). A proposta polêmica foi debatida em audiência pública realizada nesta segunda-feira (23).
No entanto, pais, alunos, professores e parlamentares contrários, nem sequer deixaram a Polícia Militar falar sobre o projeto. Em vídeos que circulam nas redes sociais, é possível ver que no momento que os militares chegaram na quadra da escola, foram recebidos sob gritos de ‘Ih Fora’ e ‘militarização não é a solução’.
No local, estavam principalmente alunos menores de idade que foram proibidos de votar, porém estavam representados pelos pais e responsáveis. Segundo a ata da audiência, em dado momento, uma mulher é vista interrompendo o tenente-coronel Wellington Prado, que tentava explicar como funcionaria o modelo de gestão das escolas cívico-militares, porém sem sucesso.
Devido ao tumulto e exaltação dos presentes foi ordenada uma votação por aclamação, onde foi rejeitada a proposta de militarização na escola. Além da comunidade escolar, alguns parlamentares estavam presentes na audiência pública, como os deputados Lúdio Cabral e Valdir Barranco (ambos do PT) contrários a militarização e Elizeu Nascimento (PL), sargento da reserva da PM e a favor da proposta.
Ao todo, Mato Grosso possui 27 escolas-cívicos militares e a meta é aumentar para 60 nos próximos anos, segundo o secretário Alan Porto que, por meio de nota, lamentou os fatos ocorridos. Para a Seduc, a proposta era transformar o ato em espaço de diálogo democrático, de forma civilizada e com responsabilidade
“Sob coordenação de pessoas sem qualquer compromisso com a educação, a audiência se tornou cenário de vandalismo e de descontrole emocional, o que é reprovável e não condiz com as práticas ensinadas a crianças e jovens em sala de aula. O que vimos foram cenas lamentáveis de provocação e desordem, coordenadas por representantes do Sintep-MT, que não esconderam seus rostos e atitudes reprováveis”, ponderou o secretário.
Alan Porto considerou a manifestação do Sintep-MT, durante a audiência pública, desrespeitosa e ofensiva, e que tais atitudes de incitação violenta a jovens estudantes, não representou a vontade da comunidade. “Vamos continuar com o propósito e a obrigação de transformar a Educação Pública de Mato Grosso com equidade e compromisso com a qualidade. Educação se faz com civilidade, transparência e com lucidez. Não será no grito ou com práticas violentas que vão interromper os avanços na Educação Pública no Estado de Mato Grosso”, concluiu.
O comandante-geral da PM, coronel Alexandre Corrêa Mendes, também repudiou o tumulto gerado. Em sua visão a desordem ocasionada na audiência reforça o quão necessário é a presença dos militares na escola. “O que era para ser um espaço de diálogo propositivo e fecundo tornou-se uma arena de desrespeito. Perde sobretudo a comunidade. Perde ainda pretensos professores que deram prova flagrante daquilo que não possuem: educação. É isso o que tem a oferecer a nossos jovens? A PMMT repudia o tratamento desses tristes personagens que aviltaram profissionais da segurança pública que estavam presentes para servir. Informa que todas as medidas legais serão acionadas contra esses atores que, sob pretexto de educar, com suas atitudes ontem, mais corrompem que educam”, disse.
VEJA VÍDEOS: