POLÍCIA

GARIMPO ILEGAL: Sargento é denunciado por invadir fazenda de promotor; forjar homicídio e usar PM para intimidação em MT

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Um promotor de Justiça aposentado, dono de uma fazenda situada no município de Nossa Senhora do Livramento (42 km de Cuiabá), acionou a Corregedoria Geral da Polícia Militar e pediu investigação contra o sargento Jorge Bispo de Morais, lotado no 4º Batalhão da PM em Várzea Grande. Ele acusa o militar de ter invadido sua fazenda juntamente com comparsas mediante ameaças para explorarem ilegalmente um garimpo desativado na propriedade.

 

 

Também denuncia que o sargento simulou um falso homicídio do irmão Waldemar Bispo de Morais mobilizando cerca de 20 policiais e cinco viaturas da Rondas Ostensivas Tático Móvel (Rotam) e Força Tática que se deslocaram até a fazenda para suspostamente procurar os suspeitos do falso homicídio. De acordo com o promotor, o verdadeiro intuito do militar com a operação policial em sua fazenda seria intimidar ele e o caseiro.

 

 

                                                                             

 

 

A Fazenda Perobal, alvo da invasão, está situada Rodovia Capão Grande Piquizal, km 22 – Comunidade Campo Alegre de Baixo. Na representação, o promotor pede ainda que o sargento seja investigado por crime ambiental, esbulho possessório, ameaça e pelo furto de uma pistola e um celular Iphone 8.

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A primeira invasão foi registrada no dia 9 de janeiro deste ano. Acionado pelo caseiro, o promotor foi ao imóvel na manhã do dia seguinte em 10 de janeiro para recolher o gado que foi solto e ajudar a emendar a cerca de arame que fora cortada pelos invadores.

 

 

Foi quando ele se deparou com cinco homens em sua propriedade que estavam em três veículos. Ele se sentiu intimidado e sacou sua arma acreditando que era um assalto.

 

 

Um dos homens também sacou uma arma, mas recebeu ordem de um comparsa para recuar e voltar para os veículos, indo todos embora em seguida. Depois, no dia 15, os invasores, com aparência de alcoólatras, retornaram à fazenda e reabriram a cerca, entraram numa área de reserva legal e improvisaram um barraco de lona num garimpo desativado.

 

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Eles levaram equipamentos para tentar extrair minérios no local. Depois, na manhã do dia 17 de janeiro, o promotor e seu filho, que é advogado, foram até a fazenda.

 

 

Em outro carro também foram outros outros homens, sendo que um deles é amigo e cliente do advogado. A ideia era identificar os invasores para propor uma medida judicial cabível.

 

 

Dentre os invasores, o promotor reconheceu Gonçalo Santana de Morais, o “Netinho”, sobrinho de uma conhecida dele, moradora de Várzea Grande. “Netinho” disse que errou em invadir a fazenda e que os demais invasores eram seus parentes, mas nada tinham a ver com os fatos. 

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Os objetos usados pelos invasores como botijão de gás, detector de metais para uso em garimpo e uma espingarda velha e munições foram recolhidos pelo dono da fazenda com a promessa de não devolvê-los, pois não permite atividade garimpeira em sua fazenda. Ele relata que Waldemar Bispo de Morais, irmão do sargento Jorge Bispo também apareceu na fazenda para levar leite aos invasores.

 

 

Sua função seria prestar assistência aos comparsas tendo como suporte a casa de um primo num sítio invadido que faz divisa com a fazenda do promotor. Quando os invasores foram embora sem os equipamentos, “Netinho” disse em tom provocativo e de deboche: “doutor vai pagar caro porque tem polícia por trás”. 

 

 

O promotor voltou para Cuiabá num veículo da filha enquanto sua caminhonete ficou na fazenda com sua pistola escondida num compartimento abaixo do banco traseiro. Depois, durante a noite do dia 17, ele recebeu uma mensagem da irmã do caseiro informando sobre a presença de três viaturas da Rotam e duas da Força Tática na fazenda com cerca de 20 policiais que arrebentaram o cadeado do portão e prenderam os homens que lá estavam. 

 

 

Na manhã do dia 18, uma segunda-feira, o advogado filho do promotor foi até a Central de Flagrantes de Várzea Grande, no bairro Cristo Rei e descobriu que a inusitada operação da Rotam e Força tática “visava apurar o homicídio de Waldemar Bispo de Morais”, que havia chegado no barraco na fazenda quando os invasores deixavam o local. A alegação era de que o corpo de Waldemar estaria desaparecido enquanto sua mãe esposa estariam aos prantos. 

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Conforme o denunciante, ao final das prisões e diligências na fazenda, o oficial que comandou a operação já estava desconfiando de que se tratava de uma farsa. Segundo ele, na mesma noite da operação, um veículo voltou à fazenda entre 19h e 22h e os ocupantes reviraram toda a casa, abriram sua caminhonete e furtaram a pistola e seu telefone Iphone que ele tinha gravado parte da situação para usar como prova da invasão. 

 

 

FALSO HOMICÍDIO

 

 

Já na delegacia em Várzea Grande, onde seria registrado o flagrante, Waldemar apareceu derrubando por terra a versão de que estaria morto. “A partir daí, o que era homicídio do irmão do representado passou a sequestro e cárcere privado de ‘Netinho’, seu primo e testa de ferro na invasão, e os demais, todos parentes próximos”, relata o promotor na denúncia protocolada na Corregedoria da PM. 

 

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Ele afirma que desde o início o sargento Jorge Bispo sabia que o irmão estava escondido por ordem dele próprio, no sítio do primo que faz divisa com a fazenda invadida. “Louvável a reação de solidariedade dos colegas de farda da Rotam e Força Tática, ao colega diante da possível perda de um irmão, mas lamentável e condenável a atitude farsante dele, que os induziu ao erro, quase resultado em tragédia”, ressalta o denunciante. 

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Na representação, ele afirma ter convicção absoluta, que o sargento da Polícia Militar, com a farsa que montou, o aparato e magnitude da operação de unidade especializada, “pretendia, sem dúvidas, intimidá-lo, já que é promotor de Justiça aposentado e não iria intimidar-se com a presença de três alcoólatras e o seu primo desastrado”. Afirma que Waldemar é pessoa humilde, obedece cegamente ao irmão Jorge Bispo e vive no sítio com a mãe numa área de terra que também foi invadida e grilada pelo sargento da PM, "com histórico de violência, espancamento e queima de barraco de parente próximo, pelo qual já foi condenado".

 

 

Toda a farsa criada pelo sargento, segundo promotor, teve como objetivo acobertar a invasão e esbulho de sua fazenda. Segundo ele, o policial e seu pessoal voltaram para a fazenda na manhã do dia 19, um dia após a confusão e registro policial.

 

 

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Por lá, ameaçaram, expulsaram os empregados que refaziam a cerca da divisa e permaneciam até o dia 22 de janeiro quando o promotor buscou a corregedoria da Polícia Militar para registrar a denúncia. Segundo ele, os invasores continuavam praticando garimpo ilegal, desmate criminoso e esbulho possessório, tudo com uso de ameaças.

 

 

Eles, inclusive, instalaram uma espécie de guarita de segurança e continuam transitando pela fazenda em três veículos diferentes. O promor aposentado teme que o sargento “plante” no interior da fazenda algum tipo de armamento para justificar a operação policial anterior e o incriminar, “uma vez que teve a ousadia de enganar e induzir a erro os próprios colegas de fada, simulando tiroteio, sequestro e morte do próprio irmão, ainda que ao custo das lágrimas e desespero da genitora e da cunhada”. 

 

 

O promotor já prestou depoimento na Polícia Civil num inquérito instaurado sobre o furto de sua arma e celular bem como do esbulho, crime ambiental e ameaça. Relatou que também vai protocolar na Procuradoria-Geral de Justiça um requerimento para instauração conjunta de investigação com o Comando Geral da Polícia Militar para apurar os fatos, garantir integridade física e sua vida. Na Corregedoria da PM, pediu a abertura de inquérito policial militar para apurar as condutas e fatos narrados pelo promotor praticados pelo sargento Jorge Bispo de Morais bem como o uso de viaturas e força policial indevidas em beneficio próprio, motivado pela ganância, com o objetivo de proteger colegas que participaram da operação ou superior, que induzido a erro, deu ordem à execução dela.

Fonte: FOLHA MAX

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